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7 de junho de 2008

O PROBLEMA DA VAZÃO DO SÃO FRANCISCO





O grupo do Não à Transposição continua dedicado à sua luta em defesa da revitalização do Velho Chico, em lugar da transposição, procurando buscar nos argumentos de experientes especialistas os motivos que os levam a defender essa bandeira.

São impressionantes as fotos da apresentação "O Velho e Agonizante Chico", na seção APRESENTAÇAO DE SLIDES (ao lado), de autoria de João Zinclar que mostra as condições em que se encontra o Baixo São Francisco, assoreado, com baixa vazão, pescadores e ribeirinhos clamando pela revitalização e toda a bacia franciscana.


Respeito ao Velho Chico

Mauro Chaves

Ao se omitir de um debate profundo sobre o projeto de transposição do Rio São Francisco, deixando que a sociedade brasileira e as futuras gerações venham a sofrer os efeitos desastrosos de um “fato consumado”, imposto pelo governo, o que pode resultar numa obra tão faraônica quanto ambientalmente estúpida, o Congresso Nacional está passando um recibo de criminosa irresponsabilidade.

O Velho Chico, rio da integração nacional, cuja força das águas já foi tamanha que durante séculos o fez avançar vários quilômetros adentro do Oceano Atlântico, a ponto de embarcações pararem em pleno oceano para se abastecerem de sua água doce, hoje sofre em sua foz um trágico recuo, por insuficiência de vazão. Já se disse que esse projeto de transposição é a transfusão que tem como doador um doente internado na UTI. Se a idéia de levar águas do São Francisco, por gravidade, para o semi-árido do Nordeste setentrional já estava na cabeça generosa de dom João VI, é porque naquele tempo não existiam açudes, nem adutoras, nem estudos hidrogeológicos.

Durante séculos muitos têm defendido a transposição como solução salvadora para a tragédia das secas. Mas a quantidade formidável de açudes já construídos - que já chega a cerca de 70 mil - e a possibilidade de retirada de água do subsolo nordestino (que, embora muitos não saibam, é abundante em água) sugerem soluções muito menos dispendiosas e mais eficazes para distribuir água às populações que dela mais necessitam. E distribuição, no caso, é a palavra-chave, pois em grande parte a malsinada “indústria das secas” nordestina tem sido mantida pelos chefetes políticos para comandar o abastecimento de água de seus currais eleitorais. A transposição não significará a oferta de água a 12 milhões de nordestinos - como têm dito seus defensores -, mas sim a canalização para determinados projetos de irrigação do agronegócio, enquanto falta distribuição de água até para projetos e populações bem mais próximas do rio, nos Estados ribeirinhos.

Veja a opinião do engenheiro Manoel Bomfim Ribeiro, especialista em hidrologia e geologia e do jurista Ives Gandra Martins e seus argumentos sobre a inconstitucionalidade da transposição, em SAIBA MAIS

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