Produto tóxico atinge Rio Paraíba, mata peixes e deixa região sem água
Em VR situação deve ser normalizada dentro de 48 horas; demais cidades mantêm captação paralisada
Gabriel Borges
Sul Fluminense 21/11/08
Em VR situação deve ser normalizada dentro de 48 horas; demais cidades mantêm captação paralisada
Gabriel Borges
Sul Fluminense 21/11/08
Ambiental: Peixes apareceram mortos em grandes quantidades em diversos pontos do leito do rio Paraiba do Sul
O abastecimento de água em Volta Redonda começou a ser normalizado no fim da noite de ontem e dentro de até 48 horas deve atingir sua plenitude.
O abastecimento de água em Volta Redonda começou a ser normalizado no fim da noite de ontem e dentro de até 48 horas deve atingir sua plenitude.
Ontem, alguns bairros da cidade já começaram a receber água, após a Feema ter liberado a captação no município. Já em outras cinco cidades – Barra Mansa, Porto Real, Barra do Piraí, Pinheiral e Quatis - a coleta continua suspensa e as prefeituras estão pedindo para a população economizar água. O serviço foi suspenso ontem por causa do vazamento de um produto tóxico no Rio Paraíba do Sul, que causou a mortandade de milhares de peixes. Alguns bairros de Volta Redonda já tinham água ontem à noite.
A Servatis, empresa de processamento de produtos químicos, reconheceu a responsabilidade pelo vazamento no rio, o principal do Estado. O acidente aconteceu na manhã de anteontem e atingiu o Rio Pirapetinga. Em Resende, a captação não chegou a ser suspensa porque o acidente ocorreu fora da abrangência do Rio Paraíba na cidade.
O líquido que vazou, segundo a Agência de Meio Ambiente de Resende, é um composto organoclorado, utilizado para fazer pesticidas e inseticidas. Após análise, a agência avaliou que o produto é altamente tóxico e nocivo para peixes e outros seres vivos do local. Segundo o órgão, milhares de peixes apareceram mortos desde ontem no leito do Rio.
“Está uma visão pavorosa. O impacto é brutal”, afirmou o presidente da Agência de Meio Ambiente de Resende, Luis Felipe César.
“Está uma visão pavorosa. O impacto é brutal”, afirmou o presidente da Agência de Meio Ambiente de Resende, Luis Felipe César.
Técnicos da prefeitura e da Agência Regional do Médio Paraíba da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) fizeram coletas ontem para um laudo sobre o acidente.
“A dimensão dos danos ainda será calculada, mas a empresa certamente será multada”, afirmou César, segundo quem a Servatis é reincidente em problemas do tipo. Ele afirmou que, há alguns meses, a empresa causou um acidente ambiental com poluição do ar e, por isso, foi multada em R$ 307 mil.
“A dimensão dos danos ainda será calculada, mas a empresa certamente será multada”, afirmou César, segundo quem a Servatis é reincidente em problemas do tipo. Ele afirmou que, há alguns meses, a empresa causou um acidente ambiental com poluição do ar e, por isso, foi multada em R$ 307 mil.
Em Quatis, o prefeito Alfredo de Oliveira confirmou ontem à noite que a captação de água do Paraíba foi suspensa, mas que a cidade se mantém com o abastecimento de água de três córregos: Lavapés, Primavera e Lima. No entanto, ele pediu para a população economizar água como uma medida preventiva.
Sem abastecer
Com nascente em São Paulo, o Rio Paraíba do Sul corta quase metade do Estado do Rio, ou 37 municípios. Segundo a Secretaria Estadual do Ambiente do Rio, as águas do Paraíba do Sul são a única fonte de abastecimento para 85% da região metropolitana do Rio.
Com nascente em São Paulo, o Rio Paraíba do Sul corta quase metade do Estado do Rio, ou 37 municípios. Segundo a Secretaria Estadual do Ambiente do Rio, as águas do Paraíba do Sul são a única fonte de abastecimento para 85% da região metropolitana do Rio.
As populações das cidades atingidas
Porto Real 14.503
Resende 118.547
Quatis 12.031
Barra Mansa 175.315
Barra do Piraí 96.282
Volta Redonda 255.653
Pinheiral 20.885
Total 693.216
Fonte: IBGE – Contagem da população 2007
Em VR, captação foi suspensa como medida preventiva
O prefeito Gotardo Netto (PMDB) afirmou ontem que a paralisação da captação de água na cidade foi uma medida preventiva. “Suspendemos para fazer uma avaliação”, disse Gotardo, explicando que foram coletadas amostras da água do Paraíba de uma em uma hora para saber se o rio estava contaminado.
O prefeito Gotardo Netto (PMDB) afirmou ontem que a paralisação da captação de água na cidade foi uma medida preventiva. “Suspendemos para fazer uma avaliação”, disse Gotardo, explicando que foram coletadas amostras da água do Paraíba de uma em uma hora para saber se o rio estava contaminado.
- Se as análises continuarem dando resultados negativos quanto à poluição, a captação de água deve ser retomada ainda hoje - informou Gotardo.
A Assessoria de Marketing do Saae de Volta Redonda confirmou que a captação de água do Rio Paraíba foi retomada às 17h30 de ontem. A medida foi tomada após a liberação da Feema. Ainda de acordo com a assessoria, o abastecimento estará normalizado em todos os pontos da cidade em até 48 horas, com uma demora maior nas localidades altas do município.
A Assessoria de Marketing do Saae de Volta Redonda confirmou que a captação de água do Rio Paraíba foi retomada às 17h30 de ontem. A medida foi tomada após a liberação da Feema. Ainda de acordo com a assessoria, o abastecimento estará normalizado em todos os pontos da cidade em até 48 horas, com uma demora maior nas localidades altas do município.
O diretor do Saae, Paulo César de Souza, o PC, informou que foi detectado, em exames preventivos feitos na Estação de Tratamento de Água (ETA) do bairro Belmonte, cheiro de solvente na água do Rio Paraíba do Sul. Por isso, às 6h45min de ontem, suspendeu a captação de água, como um ato preventivo para que a população não seja prejudicada. Devido à contaminação da água, no início da manhã as pessoas que caminhavam pela Avenida Almirante Adalberto de Barros Nunes (Beira Rio) viram na superfície do rio, vários peixes mortos e outros buscando oxigênio. Em Volta Redonda o problema é mais visível no trecho entre os bairros Belmonte e Niterói.
Servatis diz que produto que vazou é usado na fabricação de inseticidas
A Servatis divulgou nota à Imprensa no final da tarde de ontem esclarecendo que havia identificado, após detalhada investigação, um vazamento de 1.500 litros do produto endosulfan, usado na fabricação de inseticidas.
A Servatis divulgou nota à Imprensa no final da tarde de ontem esclarecendo que havia identificado, após detalhada investigação, um vazamento de 1.500 litros do produto endosulfan, usado na fabricação de inseticidas.
De acordo com a nota, a empresa protocolou uma auto-denúncia junto aos órgãos ambientais Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente), Amar (Agência do Meio Ambiente de Resende) e ao Ministério Público uma auto-denúncia, esclarecendo os motivos do vazamento acidental, ocasionado por uma falha em uma conexão de um caminhão-tanque. A auto-denúncia será protocolada também no Ceivap (Comitê para Integração da Bacia do Rio Paraíba do Sul).
A empresa esclareceu ainda que o produto em contato com a água entra, imediatamente, em processo de hidrólise (decomposição pela água), “não oferecendo nenhum risco de contaminação a seres humanos”.
De acordo com a gerência de meio ambiente da empresa, análises realizadas ontem apontaram que a concentração do endosulfan no Rio Paraíba do Sul caiu para 0 (zero), não oferecendo mais riscos à fauna.- Fomos alertados pela Feema na tarde de ontem (anteontem) que existia a possibilidade desse vazamento ter acontecido da empresa e, imediatamente, demos início a um detalhado processo de investigação, que ficou pronto no final da manhã de hoje - disse o gerente de meio ambiente da empresa, Guilherme Gama. E completou:
“O efeito do endosulfan é agudo, porém não prolongado. As chuvas ajudaram na decomposição do produto pela água e não há mais nenhum tipo de risco.
“O efeito do endosulfan é agudo, porém não prolongado. As chuvas ajudaram na decomposição do produto pela água e não há mais nenhum tipo de risco.
Em outra análise encomendada pela empresa, amostras de água potável recolhidas, especificamente de cozinhas, dos municípios localizados às margens do Rio Paraíba (Porto Real, Quatis, Barra Mansa e Volta Redonda) confirmaram a ausência de qualquer contaminação do produto em questão, portanto não existem restrições para a captação de água”.
Inês Pandeló lamenta vazamento de produto químico no Paraíba
A deputada estadual Inês Pandeló (PT) lamentou o vazamento de produto químico ocorrido anteontem no Rio Paraíba do Sul.
- Infelizmente, mais uma vez o meio ambiente sofre com a ação do homem, provocando além da contaminação da água, a mortandade de inúmeros peixes. Faço aqui um apelo para que a Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa e Secretaria de Estado de Ambiente apurem os fatos – disse Inês.
A deputada estadual Inês Pandeló (PT) lamentou o vazamento de produto químico ocorrido anteontem no Rio Paraíba do Sul.
- Infelizmente, mais uma vez o meio ambiente sofre com a ação do homem, provocando além da contaminação da água, a mortandade de inúmeros peixes. Faço aqui um apelo para que a Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa e Secretaria de Estado de Ambiente apurem os fatos – disse Inês.
Ela ainda esclareceu que o prazo da Comissão Especial do Rio Paraíba expirou e portanto a atribuição do acompanhamento do caso é da Comissão Especial do Meio Ambiente, criada para analisar e votar o projeto do ICMs Verde e que deverá ter sua publicação nos próximos dias no Diário Oficial do Estado.
Nelson envia ofício à Feema
O deputado estadual Nelson Gonçalves (PMDB) enviou ontem oficio à presidente da Feema, Ana Cristina Henney, solicitando punição para os responsáveis pela poluição no Rio Paraíba do Sul. “Situações como esta precisam acabar e que a população não pode permitir que as águas do Rio Paraíba continuem recebendo produtos tóxicos”, frisou o deputado.
O deputado estadual Nelson Gonçalves (PMDB) enviou ontem oficio à presidente da Feema, Ana Cristina Henney, solicitando punição para os responsáveis pela poluição no Rio Paraíba do Sul. “Situações como esta precisam acabar e que a população não pode permitir que as águas do Rio Paraíba continuem recebendo produtos tóxicos”, frisou o deputado.
Rio tem 1.120 km de extensão e corta três estados
Formado pela confluência dos rios Paraitinga e Paraibuna, o Rio Paraíba do Sul nasce na Serra da Bocaina, no Estado de São Paulo, fazendo um percurso total de 1.120Km, até a foz em Atafona, no Norte Fluminense.
Formado pela confluência dos rios Paraitinga e Paraibuna, o Rio Paraíba do Sul nasce na Serra da Bocaina, no Estado de São Paulo, fazendo um percurso total de 1.120Km, até a foz em Atafona, no Norte Fluminense.
A bacia do rio Paraíba do Sul estende-se pelo território de três estados - São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro - e abrange uma área aproximada de 57.000km².
No Estado do Rio de Janeiro, o Rio Paraíba percorre 37 municípios, numa extensão de 500Km. O rio é a única fonte de abastecimento de água para mais de 12 milhões de pessoas, incluindo 85% dos habitantes da Região Metropolitana, localizada fora da bacia, seja por meio de captação direta para as localidades ribeirinhas, seja por meio do rio Guandu, que recebe o desvio das águas do rio Paraíba para aproveitamento hidrelétrico.
No Estado do Rio de Janeiro, o Rio Paraíba percorre 37 municípios, numa extensão de 500Km. O rio é a única fonte de abastecimento de água para mais de 12 milhões de pessoas, incluindo 85% dos habitantes da Região Metropolitana, localizada fora da bacia, seja por meio de captação direta para as localidades ribeirinhas, seja por meio do rio Guandu, que recebe o desvio das águas do rio Paraíba para aproveitamento hidrelétrico.
Nesta bacia, está localizado o sistema hidroenergético de Furnas Centrais Elétricas, representado pelo reservatório de Funil e da empresa Light, constituído por 5 reservatórios: Santa Cecília, Vigários, Santana, Tocos e Lajes.
Em Barra do Piraí, 2/3 da vazão do rio Paraíba é captada e bombeada na elevatória de Santa Cecília, para as usinas do Sistema Light, as quais, juntamente com uma vazão de até 20m³/s desviada do rio Piraí, contribuem para o rio Guandu, onde se localizam a captação e a estação de tratamento de água da Cedae.
Em Barra do Piraí, 2/3 da vazão do rio Paraíba é captada e bombeada na elevatória de Santa Cecília, para as usinas do Sistema Light, as quais, juntamente com uma vazão de até 20m³/s desviada do rio Piraí, contribuem para o rio Guandu, onde se localizam a captação e a estação de tratamento de água da Cedae.
A considerável expansão demográfica e o intenso e diversificado desenvolvimento industrial ocorridos nas últimas décadas na Região Sudeste, refletem-se na qualidade das águas do rio Paraíba, podendo-se citar como fontes poluidoras mais significativas as de origem industrial, doméstica e da agropecuária, além daquela decorrente de acidentes em sua bacia.
O trecho fluminense do rio é predominantemente industrial, sendo a mais crítica a região localizada entre os municípios de Resende, Barra Mansa e Volta Redonda. Ao mesmo tempo, a bacia do rio Paraíba do Sul é especialmente sujeita a acidentes, não só pela expressiva concentração de indústrias de grande potencial poluidor, como pela densa malha rodo-ferroviária, com intenso movimento de cargas perigosas que trafegam pelas rodovias Presidente Dutra (Rio-São Paulo) e BR-040 (Rio-Juiz de Fora), e acidentes ocorridos em outros estados que chegam até o Paraíba através de seus rios afluentes.
Atualmente, a mais notória e prejudicial fonte de poluição da bacia do rio Paraíba do Sul são os efluentes domésticos e os resíduos sólidos oriundos das cidades de médio e grande portes localizadas às margens do rio. A única ação capaz de reverter esta situação é a implantação de estações de tratamento de esgotos e construção de aterros sanitários e usinas de beneficiamento de lixo domiciliar. Fonte: Diário do Vale/Portal do Meio Ambiente
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