SANEAMENTO SE MODERNIZA E QUEM GANHA É A POPULAÇÃO

Criados na década dos 60 os serviços de água e esgoto do Brasil, prestados pelas Companhias de Saneamento e serviços municipais, centraram seu foco inicial em obras de expansão de redes e construções de estações de tratamento. Tanto que o corpo funcional era constituído principalmente por engenheiros. Este perfil começou a mudar no final dos anos 90 quando o acesso ao abastecimento de água nas zonas urbanas se aproximou dos 90%. "Hoje estamos voltados para a comunidade, interagindo com ela e procurando oferecer não só o abastecimento de água com quantidade e qualidade e a coleta e tratamento dos esgotos, como um atendimento mais rápido e eficiente em suas demandas". A frase é de Alberto Carlos Paganella, gerente da Unidade de Saneamento da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), em Vacaria (RS), uma das premiadas na cerimônia de entrega do Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento (PNQS), ocorrida ontem (18/10), no Centro de Eventos São José, em Porto Alegre. Esta nova forma de atuar dos serviços de Saneamento, voltando-se para a melhoria da gestão, tem sido uma das bases para que problemas cruciais que afetavam o setor há décadas, como perdas de água nos sistemas, vazamentos, ligações irregulares, inadimplência, falhas no abastecimento e desperdícios estejam sendo sanados como por encanto. Uma das premissas básicas do PNQS, criado há 12 anos, pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), é que "a excelência não é um feito, é um hábito" como destacou a engenheira química Ellen Martha Pritsch, integrante da atual diretoria da ABES, presidida pela engenheira sanitarista Cacilda Teixeira de Carvalho, ambas impulsionadoras do projeto de Qualidade. O PNQS se materializa em uma análise criteriosa, mensurável e transparente dos sistemas de água, esgoto e resíduos sólidos que aceitam o desafio de se candidatar. O primeiro passo é uma auto-avaliação do sistema, depois vem um plano de melhorias e na etapa final são recebidos os examinadores externos, auditores treinados pela ABES, que passam dois dias em cada unidade, checando, com fatos e evidências, a pontuação em cada critério. Em um serviço complexo, como é o abastecimento de água ou a coleta e tratamento de esgotos, uma radiografia completa é a ferramenta principal para tirar o melhor rendimento de uma infra-estrutura que precisa estar sempre em bom funcionamento. "Otimizar pode ser simplesmente saber os horários de maior consumo para que naquele momento os reservatórios estejam cheios" explica Paganella. E acrescenta que não é preciso o sistema trabalhar com toda a força, 24 por dia, para que a população seja plenamente abastecida. Isto significa menos gasto em energia, insumos e horas de trabalho o que deixa sobras que podem ser aplicadas em correções de vazamentos, agilização de ligações e outros serviços. O que caracteriza as mais de 100 unidades participantes do Programa ao longo destes 12 anos, premiadas ou não, são indicadores que podem ser considerados "de Primeiro Mundo": controle e redução drástica de perdas, baixa inadimplência e reclamação, e alta avaliação por parte da comunidade, consubstanciada em pesquisas de opinião que são obrigatórias. A tônica comum destacada nos discursos da cerimônia de premiação - que teve a presença do secretário Nacional de Saneamento, Leodegard Tiscoski, do presidente da Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (AESBE), Stênio Jacob, do presidente da Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (AIDIS), Carlos Rosito e autoridades estaduais e municipais e centenas de funcionários entusiasmados com a conquista dos prêmios - foi sobre o resultado: um bom serviço de saneamento. Isto significa, na prática, melhor qualidade de vida para a população. "A maior beneficiada com a qualidade no atendimento é a população. A diferença entre ser ou não eficiente na área de saneamento pode significar atender a mais brasileiros com água de qualidade e serviços adequados de saneamento", disse Ellen Pritsch. As unidades premiadas na edição 2008 são: Nível III – Troféu Platina: 1. Companhia de Saneamento de São Paulo (SABESP) - Unidade de Negócio Sul Nível II – Troféu Ouro: 1. DAEP - Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Penápolis (SP); 2. Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA) - Departamento Operacional Nordeste e Departamento Operacional Sudeste. Nível II – Troféu Prata 1. CITÁGUA - Águas de Cachoeiro do Itapemirim (ES) – concessão privada; 2. COPASA - Departamento Operacional da Região Metropolitana e Departamento Operacional Sul e 3. CORSAN (RS) - Unidade de Saneamento de Vacaria. Nível I – Troféu Bronze 1. Companhia de Saneamento do Ceará (CAGECE) - Unidades de Negócio Metropolitana Leste, Metropolitana Norte, Metropolitana Oeste e Metropolitana Sul; 2. Companhia de Saneamento do Espírito Santo (CESAN) - Pólo de Piúma; 3. Companhia Águas de Joinville (serviço municipal); 4. CORSAN - Unidade de Saneamento de Erechim; 5. SABESP - Escritórios Regionais de Barueri; Embu, Pirajussara e Ribeirão Pires; Unidades de Negócio Norte e de Tratamento de Esgotos Metropolitana; 6. Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) - Gerência Geral da Região Metropolitana de Londrina; SIMAE - Serviço Intermunicipal de Água e Esgoto de Joaçaba (SC); Distinção Nível III: Certificado "Avanços para a Excelência" 1. Águas do Amazonas S/A – serviço privado da cidade de Manaus; 2. COPASA – Departamento Operacional Centro-Oeste; 3. SABESP – Unidades de Negócio Centro e de Produção de Água da Metropolitana; 4. CESAN – Pólo de Montanha; 5. CORSAN – Unidade de Saneamento de Não-Me-Toque; Restinga Seca; São Lourenço do Sul e Taquara; 6. SABESP – Setor de Efluentes Não Domésticos Centro – MCED4 Missão Um grupo representante das unidades que receberam o prêmio vão integrar uma missão que visitará, de 5 a 13 de dezembro, as cidades de Roma e Florença, na Itália, para conhecer os sistemas de gestão de água, esgotos e resíduos sólidos das duas cidades. Cecy Oliveira - cecyoliveira@aguaonline.com.br http://www.aguaonline.com.br - Novo Telefone: 51.3377.8242 Avenida João Obino, 383/301 - Porto Alegre - RS - 90470-150. (Envolverde/Água Online)

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