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29 de dezembro de 2008

NOVA IGUAÇU (RJ) PREOCUPADA COM A QUALIDADE DA ÁGUA POTÁVEL


Em 2000, parte da água de distritos de Nova Iguaçu estava contaminada. E agora, será que mudou

29/12/2008

Por ser um elemento essencial à vida humana, a água requer atenções específicas. Isso porque o consumo de água contaminada pode causar uma série de doenças, dentre elas cólera, disenteria, febre tifóide, hepatite, diarréia e leptospirose. Além disso, a contaminação pode se dar através de poluentes químicos, trazendo mais riscos para toda a população.

Hoje em dia, a avaliação da qualidade da água consiste, de uma forma geral, na análise da água distribuída, ou seja, o controle da potabilidade fica restrito na distribuição geral até a chegada aos domicílios. A água verdadeiramente consumida, nesses casos, não é controlada.

A partir do momento que ela entra no ramal dos prédios ou nas casas, a manutenção da sua qualidade passa a ser de responsabilidade do condomínio ou do proprietário da residência. Isso acaba se tornando um grande problema, à medida que o consumidor é geralmente leigo no assunto, não sabendo como realizar o tratamento, e já que o exame de controle tem um custo relativamente alto, principalmente para a população de menor poder aquisitivo.

Por esses e outros motivos, inclusive, contaminação durante o processo de distribuição, a qualidade da água pode ficar seriamente comprometida para consumo, como mostra artigo publicado na edição de jul./set. de 2000 na revista Cadernos de Saúde Pública por uma equipe de pesquisadores do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Fundação Oswaldo Cruz.

Na época, o estudo foi realizado em dois bairros do município de Nova Iguaçu: Posse e Caioaba. A equipe explica que a escolha dos bairros se deu por eles representarem situações opostas não só quanto ao abastecimento da água, como também no desenvolvimento sócio-econômico. O bairro da Posse apresentava, de acordo com artigo, as melhores condições, sendo o mais desenvolvido do município, enquanto Caioaba representava a situação mais crítica em todos os aspectos.

De acordo com a equipe, o objetivo da pesquisa foi analisar a qualidade da água de abastecimento dos dois distritos, como também a qualidade do fornecimento pela empresa responsável. As amostras de água foram recolhidas em períodos distintos e encaminhadas ao laboratório.


Houve também, segundo os pesquisadores, avaliação local, ou seja, nos prédios e casas, onde se buscou verificar o estado de conservação das tampas, as possibilidades de infiltração de águas servidas do solo ou águas a céu aberto, a possibilidade de penetração de insetos, rachaduras ou desmoronamentos internos e a presença de aves nos reservatórios superiores. Amostras de água também foram colhidas dos reservatórios.

Os resultados foram preocupantes. Segundo o artigo, cerca de 61% das amostras encontravam-se contaminadas. “Os resultados sinalizam a existência de condições favoráveis ao desenvolvimento de acometimentos diarréicos na população, sobretudo nos extremos (crianças, idosos)”, afirma a equipe no artigo.


Além disso, apesar de os dois distritos estarem em condições opostas no planejamento municipal, os dados da pesquisa demonstraram aparentemente evidências igualitárias de acometimento de doenças de veiculação hídrica, provavelmente em virtude de receberem a água de abastecimento da mesma fonte.

Com relação à qualidade da água dos reservatórios prediais e das casas, os pesquisadores dizem que “os reservatórios domiciliares, com raríssimas exceções, encontravam-se em péssimas condições de limpeza”.

Isso demonstra, claramente, que os moradores não estavam informados quanto à importância de manter os reservatórios limpos e higienizados. “Exceto poucas e incompletas iniciativas municipais e estaduais, não existe legislação em vigor que estabeleça as normas de uso e conservação dos reservatórios prediais de água, definindo com clareza as competências e responsabilidades.


Os custos de análises, de manutenção, tal como a desinformação e o descaso dos responsáveis públicos, levam a população a consumir água contaminada apesar de todos os problemas de saúde pública que daí podem advir”, escrevem, ainda, no artigo.

Dessa forma, eram necessárias medidas de inspeção que não analisassem somente a qualidade da água fornecida, mas também a da água consumida. E não só isso: era evidente a urgência de um trabalho de educação sanitária que mostrasse como a limpeza dos reservatórios deveria ser feita, assim como a sua manutenção.

Só assim, os índices de doenças de veiculação hídrica poderiam baixar. Contudo, será que essas medidas foram tomadas? Será que a qualidade da água consumida atualmente nesses dois bairros melhorou? Os condomínios e casas já sabem como realizar a limpeza dos reservatórios? Ou será que poderíamos aplicar esses resultados aos dias de hoje? Com a palavra, população, pesquisadores e autoridades competentes.
Fonte: Agência Notisa/ Vilmar Berna - Portal do Meio Ambiente

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