RIO DE MINHA INFÂNCIA - Poesia
*JJLeandro · Araguaína (TO)
“A minha infância é lembranças de um pátio sevilhano...”
Retrato, António Machado
A memória de minha infância
É um rio caudaloso
Que estranhamente corria para o passado.
Um rio que definhava a cada dia.
Malgrado o volume de chuvas que recebia,
Nunca aumentava.
Era caudaloso, cintilante,
Quando nasci.
Ganhou vigor por algum tempo.
Depois distribuiu afluentes pelo mundo
E ficou mais lânguido, mais vulnerável.
Recebeu algumas oclusões,
Perdeu o vigor, recebeu reparos,
E nunca mais correu como antes pela planície inculta.
Em algum tempo não mais fertilizava plantações
E o trabalho de homens e insetos nas searas
Era um dispêndio inútil de forças.
Mas os olhos de todos sobre ele não era de raiva:
Era de comiseração!
O velho rio agonizava em seu leito feito ancião,
E como ele os seus afluentes perdiam vitalidade.
Mas estavam todos tranqüilos: não há surpresas
Na vida.
Os olhos que se debruçavam sobre o velho rio
Viam nele a história do mundo que se resume
Ao tempo de cada um.
O que existir além disso não passa de sonhos e desejos.
*JJ LEANDRO - Jornalista e escritor, 46, residente em Araguaína -To. Autor do livro de poesias Quase Ave, com o qual ganhou o concurso literário nacional para autores inéditos Cora Coralina em 2002, em Goiânia
Fonte: Overmundo
INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
Divulgando, Promovendo e Valorizando
quem defende as águas brasileiras!
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
Belo poema ! Parabéns !
ResponderExcluirMas, será que o destino do rio precisa ser esse mesmo ?...