Da guerra pelo petróleo à luta por água doce
Publicado por www.gazetamercantil.com.br
A vida imita a arte ou a arte imita a vida? O dito popular faz a gente refletir o que das telas de cinema valem para a nossa realidade.
Em 1981, a continuação do consagrado filme "Mad Max", estrelado por Mel Gibson, intitulado "Mad Max 2 - A Caçada Continua", mostrava como o petróleo havia se tornado um bem precioso, após uma guerra que acabara com os poços no Oriente Médio. No filme, quem tinha combustível tinha liberdade para fugir, atacar e simplesmente sobreviver. Nos anos que se passaram, a ficção comprovou o quanto o petróleo tem sido alvo de guerras e ambições, principalmente nas regiões produtoras, influenciando as economias mundiais.
Já na década de 1990, em "Waterworld - O Segredo das Águas", com Kevin Costner no papel principal, previa-se que, em um tempo remoto, o aquecimento global havia derretido as calotas polares e a humanidade passou a viver em barcos. A luta então era por água potável e por encontrar uma espécie de oásis reverso: a Terra Seca. O caos previsto pelo filme não é tão distante como parecia. Na entrada do novo milênio, a escassez de água tem sido o tema principal nas mesas de discussões sobre o futuro da humanidade. Bruscas mudanças climáticas, com estiagem e excesso de chuvas, têm causado alardes no mundo inteiro. Hoje, o aquecimento global é uma realidade e o grande desafio é prover água potável e saneamento básico à humanidade.
Segundo o último estudo do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), nas próximas décadas a falta de água atingirá 1,2 bilhão de pessoas na Ásia, 81 milhões na América Latina e 250 milhões na África. Desta vez, é a água que se tornará o bem mais precioso.
Especificamente no Brasil, Gesner Oliveira, presidente da Sabesp, em entrevista ao Giro Business, retratou o que precisa ser feito para que haja uma gestão adequada na indústria de saneamento e abastecimento de água.
Preservação
No topo da lista, com as maiores reservas hídricas do mundo, está o Brasil, que dispõe de 12% da água doce do planeta. Um percentual que nos daria muito orgulho se as estatísticas não apontassem o grande índice de poluição. Apenas nas regiões Sul e Sudeste do País, 70% dos rios estão contaminados. Para reverter esse cenário, diz o presidente da Sabesp, é preciso muito investimento. "A garantia da sustentabilidade é devolver à natureza efluentes tratados, da forma que ela nos forneceu. Para isso, é preciso grandes investimentos para a coleta e tratamento de esgotos. Algumas ações já estão sendo tomadas, como a despoluição do rio Tietê, um dos grandes projetos do Governo Estadual, e a limpeza de córregos. Em São Paulo, até 2010, cerca de 100 córregos serão despoluídos."
Ainda de acordo com o PNUD, o Brasil ocupa o 74 lugar em atendimento à população com água potável e o 67 lugar no quesito saneamento. Dos cerca de 190 milhões de habitantes, 40 milhões não têm acesso adequado à água e 100 milhões não têm esgoto tratado. Enquanto o índice de acesso à água potável no País é semelhante ao de países desenvolvidos, como a Coréia do Sul, por exemplo, a coleta de esgotos derruba o índice para patamares semelhantes aos do Paraguai e do México.
Saneamento é uma questão prioritária de saúde e, por isso, a conta não sai cara. Estima-se que cada R$ 4 investidos em saneamento revertem em uma economia de R$ 10 em internações hospitalares. A matemática aliviaria o peso do SUS e, mais do que isso, proporcionaria uma melhora na qualidade de vida da população.
Desperdício
O padrão internacional de desperdiço no fornecimento de água à população é de 15%. No Brasil, o índice é bem superior. De uma captação diária de 260 litros por habitantes, 40% perde-se no caminho, por rupturas na rede de abastecimento ou vazamentos, por exemplo. Abaixo da média nacional, no Estado de São Paulo o desperdício é na casa dos 28%. "Em um ano (de 2007 a 2008), tivemos uma redução de dois pontos percentuais no desperdício, antes na ordem de 30%. Para 2010, a meta é cair para 24% e, em 2018, chegar ao padrão internacional", informa o executivo, acrescentando que para que essa realidade se estenda às demais regiões do País, a Sabesp tem feito acordos de cooperações com outras empresas para a troca de experiências.
Para se ter uma ideia, a redução desses 2% desperdiçados em volume de água é suficiente para abastecer por um ano uma cidade como São José dos Campos (SP), que tem uma população de cerca de 610 mil habitantes (IBGE/2008).
O que falta para o Brasil estar nos padrões internacionais nada mais é do que investimentos e gestão adequada em saneamento e esgoto, como fez no passado o Japão, atualmente um modelo para outros países. Com a pesada carga tributária arcada por todos nós - 36,54% do PIB registrados no ano passado -, muito poderia ter sido feito nesse sentido. Bastaria boa vontade.
Gestão
Em 2007, o presidente Lula sancionou a Lei nº 11.445 que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico. Com a nova lei, as concessionárias passam a ter garantias sobre os investimentos realizados. Até então, elas praticamente operavam como prestadoras de serviços. Atualmente no Brasil, 99% dos serviços de água e esgoto são realizados pelo setor público e apenas 1% é feito pela iniciativa privada. Na média mundial, 95% deste tipo de serviço está sob domínio público.
Especificamente na Sabesp, que atente 366 municípios, a maior parte do controle acionário é do Estado. "50,3% das ações são do governo, 25% estão no Novo Mercado (Bovespa) e o demais na Bolsa de Nova York", especifica o executivo da empresa, enfatizando que o maior desafio é eliminar a carência de saneamento básico não apenas no Estado de São Paulo como também em todo o País.
Mas não importa de quem seja a gestão. Para a população, o que interessa é ter serviços adequados e arcar com uma conta justa, sejam eles provenientes da iniciativa pública ou privada. A esperança é que, neste filme, haja um final feliz. (Fonte: Gazeta Mercantil/Site tratamento de água)
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