INVESTIMENTOS NAS OBRAS DAS USINAS HIDRELÉTRICAS DE SANTO ANTÔNIO E JIRAU (RO)

Canteiro de obras da Usina do Jirau

Expectativa de investimentos são R$ 319 bi no período de 2009 a 2012 em energia, logística e saneamento

O Empreiteiro - 01/06/2009

Uma verdadeira epopeia está em curso em plena selva amazônica. O estado de Rondônia abriga neste momento duas das maiores obras de infraestrutura do mundo - as usinas de Santo Antônio e Jirau, onde quase 6 000 pessoas correm para que o movimento das águas do rio Madeira se transforme em energia a partir de 2012. Tocadas majoritariamente por empresas privadas, algo inédito no país para empreendimentos desse porte, as obras consumirão 22 bilhões de reais nos próximos quatro anos.

Santo Antônio e Jirau têm várias ameaças potenciais à frente - ambientalistas raivosos, medidas judiciais, a logística improvável em meio à floresta Amazônica. Dinheiro, no entanto, não parece ser problema. "Estamos num ano mágico, em que, mesmo com a crise, não vai faltar dinheiro para o setor", diz Marcelo Odebrecht, presidente do grupo Odebrecht, dono de sete empresas, entre as quais a maior construtora do país e um braço de investimentos que já empenhou 5,5 bilhões de reais de capital próprio em projetos de infraestrutura, entre eles a usina de Santo Antônio.

É estranho ouvir falar em "ano mágico" em meio a uma das mais dramáticas crises econômicas em muitas décadas. Ou em dinheiro que não falta num momento em que empresas do mundo todo clamam por algum crédito. Mas, curiosamente, no Brasil é esse o panorama de um dos mais importantes setores de qualquer economia: a infraestrutura. Santo Antônio e Jirau são os exemplos mais poderosos de um conjunto crescente de obras que começam - lentamente - a tirar o atraso do país nesse terreno.

O novo ímpeto das empresas em investir em grandes obras foi captado recentemente numa pesquisa do BNDES, que apresenta anualmente uma radiografia das intenções de investimento para os quatro anos seguintes. A versão mais recente da pesquisa, realizada no final de 2008, projeta investimentos de 319 bilhões de reais no período de 2009 a 2012 nos setores de energia elétrica, portos, aeroportos, rodovias, hidrovias e saneamento. O valor, 37% maior que o estimado no ano anterior, mostra que os empresários, a despeito da crise, aumentaram - e muito - a disposição de investir em infraestrutura. \"Felizmente, o setor está passando ao largo de toda a confusão nos mercados\", afirma Ernani Torres Filho, superintendente de pesquisas econômicas do BNDES.

Um levantamento feito por EXAME mostra que somente as dez maiores obras com participação privada dos setores de energia e transportes receberão quase 70 bilhões de reais em investimentos. Trata-se apenas do prenúncio do que - espera-se - vem pela frente. \"O setor de infraestrutura vai bombar nos próximos anos\", diz Paulo Resende, professor da Fundação Dom Cabral e um dos maiores especialistas do país no tema. Uma das principais apostas para este ano é a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, ainda maior do que Santo Antônio e que demandará 15 bilhões de reais em investimentos. Com um porte menor, o porto Sudeste também deve ter as obras iniciadas no Rio de Janeiro nos próximos meses, ao custo estimado de 740 milhões de dólares. O empreendimento será o segundo da empresa LLX, braço de logística do grupo do empresário Eike Batista.

Atualmente, a LLX toca as obras do porto do Açu, no litoral norte fluminense, projeto que consumirá 3,2 bilhões de reais. A própria criação da LLX mostra o status que o setor de infraestrutura vem adquirindo com os investidores. A empresa resultou do desmembramento de parte da mineradora MMX, também de Eike Batista. No ano passado, a LLX vendeu 15% de suas ações a um fundo de pensão canadense, por 185 milhões de dólares.

Fonte: Revista Exame/O Empreiteiro

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