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29 de agosto de 2009

PORTO ALEGRE DECIDE PROTEGER A ORLA DO RIO GUAÍBA


Porto Alegre rejeita construir prédios residenciais na orla do Guaíba

A vitória é da mobilização, artigo de Silvia Marcuzzo

EcoDebate - 29/08/2009

A vitória não é do Não.

Quem venceu foi a Ana Lúcia, o João, o César, a Adriane, a Paola, a Lia, o Carlos, cidadãos de Porto Alegre que dedicaram parte do seu tempo para convencer outros moradores da cidade a comparecerem as urnas no domingão ensolarado do dia 23 de agosto. Eles fizeram o que estava ao seu alcance. Mandaram mensagens via web, fizeram textos, filmes, folhetos, cartazes, enfim usaram várias formas de comunicação baratas ou sem custo para sensibilizar os outros sobre o que significava votar pelo não. Também devem subir ao pódium, aqueles que foram num sábado tri frio e cinzento dar seu recado para o documentário elaborado pela global Casa de Cinema.

Uma amiga chegou distribuir panfletos feitos por ela em bares e universidades. Outra trabalhou de forma voluntária fazendo textos, assessoria para que os veículos de comunicação tivessem acesso ao que estava sendo feito para mobilizar a cidade. Pouco importa que apenas 2 % dos eleitores se dispuseram a sair de suas casas em um domingo ensolarado para marcar um dos quadradinhos. Afinal, quem faz as coisas acontecerem em um país, estado, município como o nosso? Os cidadãos pensantes, aqueles que se importam com os rumos do crescimento de uma cidade, que já foi a capital de melhor qualidade de vida do país.

Nesses tempos em que o interesse coletivo tem sido deixado de lado, onde todo mundo tem coisas mais importantes para fazer do que se preocupar em ter ou não ter prédios onde quer que seja, essa votação merece uma reflexão. Para alguns essa votação deveria ser ignorada pois a construção sairá de qualquer forma. Para outros, a ocupação da orla por moradias já é uma realidade, seja nas áreas invadidas da zona Sul ou pelas mansões da Vila Conceição.



A MOBILIZAÇÃO

A mobilização despertou participação de gente que nem sabe que a capital gaúcha já contou com a articulação de ambientalistas como José Lutzenberger, que abriu caminho para inúmeros defensores da natureza no mundo inteiro. Hoje, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), que foi fundada pelo Lutz e pelo Augusto Carneiro, pegou carona nas ações de representantes de associações de bairro. Os poucos ambientalistas que ainda resistem tem muitas outras atribuições que não tem tempo para se dedicar de corpo e alma aos problemas ambientais de Porto Alegre.

Ao contrário de outros Estados, onde as organizações não governamentais se profissionalizaram, os gaúchos sempre contaram com o voluntariado para realizar suas ações, talvez por uma questão cultural. As entidades locais não tem como pagar assessores jurídicos para acompanhar a pauta do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comam), muito menos o Consema, ou os trâmites entre os gabinetes da prefeitura e da Câmara de Vereadores.

É por essas e outras que devem ser parabenizados todos aqueles que utilizaram o seu precioso tempo para chamar a atenção de um assunto que é a pontinha de um iceberg, uma vez que muitos outros conglomerados de arranha-céus estão a caminho. Nada contra os edifícios em si, mas a sociedade precisa ser informada sobre impactos a médio e longo prazo do que eles representam neste ou naquele bairro. Se cada um dos votantes começar a ler a se interessar sobre as variáveis socioambientais e econômicas que interferem pela qualidade de vida onde vivem, o plebiscito vai ter feito muito mais por Porto Alegre do que a simples decisão de optar por um sim ou não.

Silvia Marcuzzo, Jornalista

* Colaboração do Movimento em Defesa da Orla do Rio Guaíba

EcoDebate, 29/08/2009


INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
Divulgando, Promovendo e Valorizando
quem defende as águas brasileiras!
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!

Um comentário:

  1. Vocês aí não percebem que revitalizar a orla do Guaíba traria muito mais desenvolvimento para nossa cidade??? Pense nas grandes cidades a beira mar ou a beira de um rio, como Montevidéo, Barcelona, Chicago, Nova York, San Francisco, Rio de Janeiro. Esse povo Porto-Alegrense é dose mesmo... Primeiro, querem que a cidade se desenvolva, depois querem desperdiçar um lago enorme e que pode trazer grandes vantagens e desenvolvimento para a cidade. O guaíba é praticamente esquecido pelos Porto-Alegrenses. E depois ficam querendo "ir para seus apartamentos em Punta" nas férias.

    Se o guaíba fosse bem aproveitado, Porto Alegre estaria entre as cidades mais turísticas do Brasil, daí chegam esses idealizadores que nem sabem o que estão dizendo, como se a água fosse ficar mais poluída porque tem um prédio a beira do Guaíba. Me digam, qual é a diferença entre um prédio lindo como o da imagem na beira do guaíba e um prédio lindo no meio da Bela Vista? Por acaso o prédio na beira do guaíba vai gerar mais esgoto do que o prédio na Bela Vista? Pra onde o esgoto de TODOS os prédios de Porto Alegre vai? Por acaso só o prédio a beira do Guaíba vai poluir e os outros não? Porque você acha que existe o arroio dilúvio? Pra limpar a água?

    Olha, eu estou começando a ter vergonha de morar nesta cidade, que tira péssimo proveito de uma riqueza bem aos seus pés. Esse não é um comentário de um incompetente, é um comentário de uma pessoa que também busca o equilíbrio entre natureza e modernidade, mas vocês aí não estão pensando em nenhum dos dois, estão pensando em deixar a orla do Guaíba feia como ela é e toso mundo sabe. Quando passo na beira do Guaíba perto do Barra Shopping, onde fica o antigo estaleiro, sinto nojo daquele lugar. Poderia ser construído uma sala de teatros imensa, como a de Sydney, atraindo milhares de turistas todos os anos, ou poderia ficar velha, fedida, cheia de lixo, sem ninguém dando bola, qual você prefere? Porque a opção 2 é o que eu vejo atualmente ali. E também não sou anônimo, meu nome é Eduardo e não tenho medo do que falo.

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