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4 de agosto de 2009

SABESP DIZ QUE O CONSUMO DE ÁGUA DIMINUI EM SP, MAS EX-PRESIDENTE DA AGÊNCIA DE BACIA CONTESTA

Eta - SABESP - Alto Cotia - SP

Consumo de água cai 23% em SP

Eduardo Reina

Apesar do aumento populacional, o consumo de água na Região Metropolitana de São Paulo vem diminuindo nos últimos dez anos. A média mensal baixou 23%, de 17,4 m³ por residência, em 1998, para 13,4 m³ por residência, em maio deste ano, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). No mesmo período, o número de imóveis cadastrados aumentou de 3,3 milhões para 5,1 milhões, 55% a mais.

Mais informações

O diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, justifica a diminuição do consumo nas residências pela conscientização da população no uso racional da água, na existência de núcleos familiares menores, que alteraram os hábitos, nos equipamentos cada vez mais modernos, que evitam o desperdício, além de ações de combate às perdas desenvolvidas pela própria companhia.

Mas Julio Cerqueira Cesar Neto, engenheiro ambiental e ex-presidente da Agência da Bacia do Alto Tietê, não acredita nos dados sobre a diminuição do consumo. "A aritmética é marota. Essa redução está fora da realidade. Na minha opinião, a conta é outra: a Sabesp afirma que não faz racionamento e atende 100% da população. Entretanto, só dispõe de 66 m³/s, quando na realidade esses 100% hoje demandariam 73 m³/s. Ou seja, com o volume produzido só estão atendendo 90% da população. Ficam 2 milhões de pessoas sem água. Como eles acham que estão atendendo 20 milhões com os 66 m³/s, número que equivale a 90% de 73 m³/s? Dividindo um número menor de vazão (66 m³/s) por um número maior de pessoas dá mesmo um consumo menor por pessoa", explica o engenheiro.

Enquanto a população consome menos água, a produção do Sistema Integrado da Região Metropolitana, composto pelas Represas do Guarapiranga, Billings, da Cantareira, do Alto Tietê, do Rio Claro e do Alto Cotia, cai ano a ano. Em 2006, eram produzidos 66,27 m³ por segundo. Baixou no ano seguinte para 65,67 m³/s, depois para 65,54 m³/s e chegou em maio a 65,26 m³/s.

A expectativa é de que a baixa no consumo possa dar fôlego aos sistemas da Região Metropolitana. "A projeção é de que assim conseguiremos manter a captação para abastecer 20 milhões de pessoas na Grande São Paulo até 2012, 2013", prevê Massato.

Após essa data será preciso buscar água em outros mananciais. Uma das alternativas é instalar um sistema integrado nas Regiões Metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista, além das regiões de Sorocaba e Vale do Paraíba. "Todas essas regiões estão em nascentes de rios. Está sendo pensada uma solução que atenda 28 milhões de pessoas", revela o diretor da Sabesp.


COMO CONFIAR NA SABESP?

Eng. Julio Cerqueira Cesar
Há já algum tempo ela vem manipulando dados e informações sobre diversos itens de sua responsabilidade na região metropolitana. Induz a população através da mídia (inclusive paga) a acreditar que trata 70% dos esgotos da região quando na realidade não passa de 20?%; que as grandes vilãs responsáveis pela poluição dos rios e córregos são as Prefeituras, especialmente a de Guarulhos, quando se sabe que ela é responsável pelo despejo “in natura” de mais de 70% dos esgotos da região. Alardeia que investe em proteção de mananciais: veja-se o estado do Guarapiranga e o despejo de esgotos sem tratamento no sistema Cantareira em Mairiporã.

Agora a manipulação é com os dados do abastecimento de água. É fato notório que a capacidade dos atuais mananciais é de 66m3/s e o consumo da ordem de 73m3/s (fonte: curva de consumo do PDAA-Sabesp), ou seja, déficit de 10%. A informação oficial é que 100% da população é atendida.

Como é possível?

O esclarecimento veio através de matéria publicada no “O Estado” de 25/07 de autoria do Eduardo Reina “Consumo de água cai 23% em SP”.

De acordo com essa matéria a Sabesp informa que nos últimos 10 anos (1998-2009) embora o número de residências tenha crescido o consumo de água está caindo:
1998 – 3,3 milhões imóveis – 17,4 m³/imóvel.mês
2009 – 5,1 milhões imóveis – 13,4 m³/imóvel.mês

Indicam uma série de razões para essa queda: a incidência de núcleos familiares menores: menos pessoas – menor consumo por residência; a conscientização da população com o uso racional de água e o controle de perdas. Para reforçar a credibilidade para a ocorrência da queda inclui um gráfico que demonstra a diminuição do consumo de 2006 a maio de 2009.

A inconsistência do esclarecimento é gritante!. Não perceberam que o aumento do número de residências poderia compensar a queda por unidade. Aritmética primária:
1998 – 3,3 milhões X 17,4 m³ = 57,42 milhões m³.mês
2009 – 5,1 milhões X 13,4 m³ = 68,34 milhões m³.mês
Conclusão: Consumo de água cresce 20% em SP

Nem poderia ser diferente pois se o crescimento da população é inexorável e indiscutível já os argumentos apresentados, o ProAcqua iniciado em dezembro de 2008 e a conscientização da população com o uso racional não poderiam ter apresentado nenhum resultado positivo até agora e o que foi conseguido com o controle de perdas, 2.5% do consumo, pode ser considerada desprezível. Agora, em relação ao gráfico apresentado e que demonstraria a diminuição do consumo seria interessante saber de onde saiu.

Considerando a inconsistência do esclarecimento continua a dúvida sobre o atendimento de 100% da população com os 66 m³/s. Com isso me sinto autorizado a continuar imaginando que não estejam atendendo as populações crescentes da periferia (que não reclamam) e retirando do braço do Itaquecetuba muito mais água do que os 2 m³/s autorizados.

Informação:

Fui entrevistado pela TV Gazeta sobre o assunto deste texto. Me informaram que entrevistaram também a SABESP e que irão ao ar na próxima 2ª feira à 19:00 hs. no Jornal da Gazeta da jornalista Maria Lídia no espaço “sustentabilidade”.

Julio Cerqueira Cesar Neto
11 36669924 - 11 99137065

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