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30 de junho de 2010

AS CHEIAS DOS RIOS PARAÍBA E MUNDAÚ NAS PALAVRAS DO ESPECIALISTA MARCOS CARNAÚBA

Rio Mundaú, em Alagoas antes das últimas enchentes


Renascer dos escombros

MARCOS CARNAÚBA *

Desde a infância acompanho as cheias dos rios Paraíba e Mundaú quase sempre no inverno quando festejava o São João em Viçosa, terra natal do José Carnaúba meu saudoso pai. O acesso era de trem porque um atoleiro contínuo cobria as rodovias, o Mundaú inundava Satuba e o Paraíba urrava na cidade de Atalaia onde havia uma ponte precária várias vezes destruída pelas enxurradas.

O tempo passou, o progresso chegou, as matas sumiram, os rios caudalosos o ano inteiro minguaram, plenos de areia e lixo. Vez em quando novas cheias ocorrem com intervalo semelhante à ocorrência de secas, 8 a 10 anos.

As cidades ribeirinhas cresceram sobre margens secas, e dezenas de cidades são afetadas quando o rio ocupa um espaço que não lhe pertencia – era da mata – tudo destrói, e o homem reconstrói no mesmo lugar, nesse vai-vem de destruição.

Dessa vez foi diferente, houve um fato novo em situação atípica e atrevo-me, como pesquisador de semi-árido, a explicar o desastre por uma linha de lógica ainda não abordada.
O verão no Agreste foi atípico e os açudes e barragens não secaram mantendo os níveis de água em meia altura e mais alto em várias regiões. No Agreste de Pernambuco chuvas de trovoadas ocorrem há meses, sem reflexos nos rios alagoanos porque ali existem milhares de pequenos e médios açudes e barragens que seguraram a água e vários sangraram.

Surgiu, então, um fenômeno climático retratado pela onda de calor, e temperatura mais alta do oceano, que perdurou durante meses em toda a região de Alagoas e Pernambuco. Desde o início da semana trágica uma onda de ar aquecido fluía do oceano com muita umidade e se espraiava sobre a região.

No dia 17 um distúrbio atmosférico que os meteorologistas chamam de Onda de Leste disparou o gatilho ao adentrar no continente, o ar aquecido subiu gerando nuvens pesadas que se transformaram em chuvas torrenciais sobre o agreste de Pernambuco e de Alagoas. 180 litros de água por metro quadrado em um só dia é a chuva de um mês inteiro.

Açudes e barragens já quase cheios verteram água em excesso para todos os rios da região, e escoaram em grande velocidade gerando ondas nas cachoeiras e as inundações cujos rastros de destruição estão visíveis. Foi isso. Nada a ver com rompimentos de barragens que continuam lá, ainda vertendo água tão amarga quanto às lágrimas derramadas pelo nosso povo.

Reflorestar as margens ciliares, sim! Impõe-se! Reconstruir cidades, sim! Planejar é a missão da engenharia, mas fora das áreas de risco delimitadas pelas cruzes que serão fincadas in memoriam dos que se foram.

(*) É engenheiro civil e consultor./GAZETA DE ALAGOAS

Convidados explicam a tragédia causada pela chuva em Alagoas e Pernambuco

Terça-feira, 29/06/2010

O professor do Grupo de Análise de Risco Moacyr Duarte explica que é importante demarcar as áreas menos atingidas pelas enchentes. A reconstrução dos municípios deve recomeçar por esses locais.



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Um comentário:

  1. Olá Marcos
    Estamos produzindo um blog educativo no curso do Cederj de nome Formaçao Continuada em Tecnologia Web2,e o meu tema é Mata Ciliar. O blog vem eexplicar didaticamente o por que de tanta tragédia em AL e PE,e por isto pretendo indicá-lo no meu blog em início de construção, cujo endereço é www.leilawebeducando.blogspot.com. Parabéns pelo seu trabalho !!

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