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29 de outubro de 2010

SATÉLITE CONSTATA DIMINUIÇÃO ÁREAS DE MANGUE NO LITORAL SUL PAULISTA

28/10/2010
Pesquisa constata redução dos manguezais no litoral sul de São Paulo

Por Daniel Mello, da Agência Brasil

Pesquisa realizada com base na análise de imagens de satélite constatou uma diminuição das áreas ocupadas por manguezais na região de Iguape, no litoral sul paulista. O estudo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e realizado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), constatou que algumas áreas têm sofrido intensa redução com a formação de grandes clareiras.


O litoral sul é a parte do estado de São Paulo com as maiores áreas de mangue preservadas. Entretanto, a entrada de água doce pelo canal do Valo Grande está “alterando a dinâmica do manguezal”, explica a bióloga Marília Cunha Lignon, responsável pelo trabalho. “Espécies invasoras têm substituído os bosques de mangue”, diz a especialista.


A fauna aquática também tem sofrido com a infiltração de água nessas regiões. “Essa água doce faz com que uma série de peixes de água salobra tenham morrido nessa região”, relata a pesquisadora. Além disso, de acordo com Marília, a falta dos mangues é um fator que dificulta a reprodução de diversas espécies, tanto de invertebrados, quanto de peixes, que procriam nessas áreas.


Ela lembra que os mangues exercem uma função relevante de proteção da costa e têm importância crescente com as mudanças climáticas e o provável aumento do nível do mar.


O diretor da Divisão Municipal de Meio Ambiente de Iguape, André Shibud Gimenez, disse que já se verifica uma morte “perene e constante” dos manguezais e do plâncton em uma faixa de mais de 50 quilômetros. “Em Ilha Comprida, por exemplo, a comunidade caiçara de Juruvauva, que sobrevive da pesca e do cultivo de ostras, está em sérias dificuldades. O peixe se afastou e as ostras morreram por falta de salinidade”, contou.


Para conter esse processo, a prefeitura defende a recomposição das comportas do Valo Grande. Marília Lingnon conta que o canal foi construído há cerca de 150 anos para facilitar o transporte do arroz que era produzido na região. O cereal era levado das margens do Rio Ribeira até o Porto de Iguape, que antes da construção do terminal em Santos, tinha grande importância para a economia local. Com o tempo, a força das águas alargou o canal dos quatro metros originais, para os 40 metros atuais.


O controle da vazão por meio das comportas, no entanto, pode trazer prejuízos às plantações de banana de algumas comunidades quilombolas, alerta Marília. “Não é uma questão fácil”, ressalta.


Porém, a administração municipal acredita que a repercussão social do declínio do turismo e da pesca é maior do que os possíveis problemas com a agricultura. “A quase extinção da fauna marinha do Mar Pequeno provoca muito mais preocupação do que a possibilidade de inundação em alguma área de monocultura da banana”, destacou a prefeitura por nota. Segundo o comunicado, a obra já foi requisitada para o governo do estado.


A bióloga informou que os dados que constatam a diminuição dos manguezais são apenas os primeiros resultados da pesquisa, que foi iniciada em julho e que deve ser finalizada em dois ou três anos.


(Envolverde/Agência Brasil)


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