Seca de 2010 deixou a Floresta Amazônica menos verde
Cesar Baima - O GLOBORIO - A seca que atingiu a Amazônia no ano passado deixou a floresta menos verde. Análise de dados de satélites da Nasa revelou que a estiagem severa de 2010 reduziu o viço de cerca de 2,5 milhões de quilômetros quadrados da vegetação, uma área quatro vezes maior que a registrada na seca anterior, em 2005, e equivalente a quase a metade de toda a Floresta Amazônica.
- Devido à seca do ano passado, a mais intensa da História, houve uma perda da capacidade fotossintética da floresta, o que significa a perda de folhas, a da clorofila presente nas folhas ou a soma das duas - diz Marcos Heil Costa, professor de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa e um dos autores do estudo, que será publicado no "Geophysical Research Letters", periódico da União Americana de Geofísica.
Segundo Costa, a piora na saúde da floresta vai acarretar um aumento acentuado da mortalidade de árvores neste e no próximo ano, com consequências diretas sobre o ciclo global do carbono que ela ajuda a regular. As árvores mortas não só deixam de realizar a fotossíntese, em que absorvem dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, como sua decomposição libera o carbono que haviam capturado ao longo de seu crescimento, agravando ainda mais o problema do aquecimento global.
- Isso pode afetar a concentração atmosférica de CO2 este ano e no ano que vem - conta Costa. - A seca é um evento de alcance longo, que afeta a capacidade de fotossíntese da floresta, seu crescimento e também a captura de carbono que ela faz, que têm uma influência muito grande no ciclo global do carbono.
No mês passado, artigo publicado na revista "Science" mostrou que a seca já transformou a Amazônia em uma grande fonte emissora de carbono. De acordo com os cálculos dos pesquisadores das universidades britânicas de Leeds e Sheffield e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), a morte de árvores fará com que ela absorva menos do que os 1,5 bilhão de toneladas de CO2 anuais que costuma retirar da atmosfera, enquanto o apodrecimento das plantas deverá lançar outros 5 bilhões de toneladas no ar nos próximos anos, ou quase o total das emissões anuais dos Estados Unidos, um dos países mais poluidores do mundo.
O pesquisador, no entanto, não acredita que a seca terá consequências sobre a biodiversidade da Amazônia, com a extinção de espécies de plantas e animais. Segundo ele, também não deverá haver um efeito acumulativo das estiagens severas de 2005 e 2010, mesmo elas tendo sido registradas tão próximas uma da outra. No ano passado, o nível da água do Rio Negro no Porto de Manaus atingiu o ponto mais baixo em 109 anos de medições, enquanto que em 2005 ele foi o oitavo nível mais baixo da série.
- De qualquer forma, é preocupante observar dois eventos tão intensos em um período tão curto de tempo - considera Costa. - Para a floresta virar uma savana, eventos como estes teriam que ser ainda mais frequentes, não a cada cinco anos, mas a cada dois ou três anos, não dando tempo para a floresta se recuperar. fonte: O Globo/Menos CO2
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