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30 de setembro de 2012

CONHEÇA JOSÉ LEONÍLDIO, O CORAJOSO MERGULHADOR DO RIO TIETÊ



ENTREVISTA

O mergulhador do rio Tietê


Há mais de 20 anos, José Leonídio Rosendo dos Santos mergulha nas águas sujas dos rios que cortam a capital paulista: Tietê e Pinheiros. Ele ajuda a retirar geladeira, fogão - e até um ou outro cadáver. Conheça aqui o trabalho deste corajoso


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Como é o seu trabalho?
Funciona assim: antes de a água sair da capital em direção ao interior, ela passa por uma barragem com uma grade que segura o lixo. E quando essa grade entope, a turbina da barragem começa a trepidar, porque não tem água chegando. É quando fazemos a limpeza. É tudo pelo tato, porque não dá para enxergar nada dentro do rio. Descemos sempre com uma guia, que pode ser a parede. E se você perder essa referência não vai saber onde está, se é em frente à barragem, para esquerda, ou direita. Aí precisa voltar para a superfície.

Quais as coisas mais bizarras que você tirou do rio?
Tem de tudo lá, fogão, geladeira, gente morta. Sabe aquelas bolhas que saem do Tietê? É material orgânico em decomposição: cadáver, animal, porco. Numa das vezes em que amarrei a grade e subiram para limpeza, apareceu junto uma bolsa. E quando abriram, encontraram US$ 2 mil. Aí, depois disso, qualquer mala que puxavam do rio, o pessoal pulava para ver se era dinheiro. E numa dessas tinha uma mulher toda recortada, esquartejada lá dentro. Você identifica pelo cheiro: quando sai da água e bate o sol, fica um fedor incrível. E aí tivemos de ir até a delegacia. Há uns 8, 10 anos, quase todo dia tirávamos um corpo de lá. Agora melhorou, é mais raro.

Já mergulhou em algum lugar pior que o Tietê? Uma vez mergulhamos numa estação de tratamento de esgoto. Esgoto mesmo. E até hoje não sei qual é pior, se isso ou alguns pontos do Tietê e Pinheiros, porque tem coisa demais lá dentro: cadáver, feto, tudo. Desculpe pela palavra, mas literalmente você fica na m*** nesses rios.

Quanto você recebe pelo serviço?
O salário é cerca de R$ 1 000, mais 30% de periculosidade e adicionais. E tem mais R$ 40 e poucos pelo desgaste orgânico. Antigamente acho que um trabalho desses rendia mensalmente em torno de R$ 5 mil. Hoje varia de R$ 2 a 4 mil. Isso se eu passar o mês todo mergulhando no Tietê, né?

Como é a sua roupa? É americana, de PVC, com espessura de 1 a 2 milímetros e não pesa quase nada. Ela se molda ao punho e pescoço. Daria para entrar no rio até de smoking e sair do mesmo jeito, de tão impermeável. O problema é quando fura, quando pega um caco de vidro ou arame, aí temos de pedir logo para o pessoal puxar de volta para a superfície, ou então você fica em contato direto com a água do Tietê. Antigamente a gente descia com uma roupa comum de surfista, que molha. E nem sempre eu usei capacete, às vezes era uma válvula de mergulho comum. Naquela época tinha de ser cangaceiro, combatente mesmo. Mas era muito difícil, só trabalhava quem precisava mesmo, e o salário era maior. Até porque naquela época não tinha tanta gente disposta a fazer isso. Às vezes, alguém raspava o braço na grade e se machucava: muita gente tinha a mão ou pé necrosados até.  Fonte:  http://planetasustentavel.abril.com.br/
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Top 10: os rios mais poluídos do Brasil


A qualidade da água dos rios e represas brasileiros está longe do ideal. Dados do IDS (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável), do IBGE, revelam quais bacias de água doce estão em situação mais crítica. 


Os IQAs (Índice de Qualidade da Água) mais baixos são os dos altos cursos dos rios Tietê e Iguaçu, que atravessam, respectivamente, as regiões metropolitanas de São Paulo e Curitiba.










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