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22 de novembro de 2008

RIBEIRINHOS APRENDEM REGRAS DE MANEJO NA PESCA DO PIRARUCU, NA AMAZÔNIA

A intensa exploração do pirarucu tem levado a um declínio da produção

Comunidades ribeirinhas comemoram resultado de pesca controlada de pirarucu

Pescadores das comunidades ribeirinhas Viva Bem e São João do Araçá, a cerca de 180 quilômetros de Manaus, vão garantir um lucro extra para suas famílias. Eles participaram essa semana da pesca manejada (controlada) de pirarucus em Itacoatiara (AM).

Depois de realizar a contagem e a retirada de aproximadamente 3,5 toneladas de pirarucus do lago Babaçu, localizado nas proximidades do rio Arari, os pescadores trabalham satisfeitos nesta sexta-feira (21), no mercado municipal de Itacoatiara, buscando comercializar o produto.

Toda atividade está sendo acompanhada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelo Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc), da Secretaria de Meio Ambiente Desenvolvimento Sustentável (SDS) do Estado do Amazonas.

Desde 2006, 60 pescadores dessas comunidades recebem orientação para entender como ocorre o ciclo de vida dos pirarucus – uma das espécies pesqueiras do Rio Amazonas ameaçadas de extinção. O objetivo é garantir que a pesca da espécie seja realizada de forma a não prejudicar os períodos de reprodução e o desenvolvimento dos peixes.

"Eles são orientados sobre meses adequados para retirada do peixe, como identificar qual é adulto e qual é filhote e para não desrespeitar o período de reprodução e de crescimento desses peixes, visando a continuidade da espécie nos rios amazônicos", explicou o engenheiro de pesca do Ceuc, Gelson Batista.

A primeira pesca manejada em Itacoatiara resultou na retirada de apenas 24 peixes, o equivalente a uma tonelada. Em 2007, segundo dados do Ceuc, foram pescados no local 550 pirarucus. Este ano, o número de peixes autorizados para pesca subiu para 650.

A pesca de 2008 no município foi realizada entre as últimas terça (18) e quinta-feira (20). Segundo Batista, o acompanhamento do Ibama, Ceuc e do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) aos pescadores tem possibilitado um acréscimo no quantitativo de pirarucus no Amazonas.

"O aumento no número de peixes pescados reflete o êxito do trabalho de manejo que vem sendo realizado. As comunidades estão mais conscientes quanto aos períodos apropriados para pesca e, com isso, respeitam os ciclos de vida dos pirarucus", destacou.

Do total de pirarucus pescados este ano, 15% foi destinado ao comércio nas comunidades ribeirinhas que participam da ação. Em Manaus, o quilo do peixe custa, em média, R$ 17. Já em Itacoatiara, o valor caiu para R$ 8 e, nas comunidades ribeirinhas, para apenas R$ 4. Segundo a direção do Ibama, os valores inferiores em relação ao preço da capital também são uma forma de estimular o consumo do pirarucu, considerado como um peixe nobre - "o bacalhau da Amazônia".
Por lei estadual e federal, a pesca da espécie no estado é proibida durante o ano inteiro. A autorização para esse tipo de pesca, contudo, é válida em determinadas áreas, como na Reserva de Desenvolvimento (RDS) de Mamirauá, em Tefé e Silves, desde que autorizada pelos órgãos ambientais envolvidos na ação de manejo.

"Respeitando as regras de manejo, obviamente chegamos a um resultado positivo que pode ser comprovado pelo aumento dos números de pirarucus nas áreas onde a pesca é controlada", finalizou Batista. (Fonte: Radiobrás)

Conheça: Programa de Manejo da Pesca do Pirarucu

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