RIO PARAIBA DO SUL (RJ): INTERDITADA A EMPRESA QUE PROVOCOU VAZAMENTO

Vazamento de pesticida matou toneladas de peixes no Rio Praiba em Volta Redonda e região

Empresa responsável por vazamento de pesticida é interditada

Eloisa Leandro, JB Online - 22/11/08

RIO - Os efeitos nocivos do vazamento de 1,5 mil litros do pesticida endosulfan no maior rio do Estado, o Paraíba do Sul, podem ser maiores do que o anunciado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, esta semana. Na tarde desta sexta-feira, a secretaria anunciou a interdição da empresa responsável pelo crime ambiental, a Servatis, e o pagamento de multa de R$ 10 milhões. Um dia antes, a Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente (Feema) liberou o consumo da água. Doze milhões de pessoas foram afetadas pelo vazamento. O produto é proibido mundialmente e provoca danos irreversíveis ao sistema nervoso.

Nesta tarde, o deputado estadual André do PV entrou com uma queixa-crime na Delegacia de Defesa do Meio Ambiente pedindo a prisão da direção da Servatis.
Mais de 80% da população da Região Metropolitana do Rio recebe o abastecimento de água do Rio Paraíba do Sul, que atinge ainda a outros 37 municípios e os estados de São Paulo e Minas Gerais.

Um movimento fundado por ambientalistas e pelo parlamentar em parceria com os estados vizinhos cria um plano de emergência e prevenção à poluição industrial e química da Bacia do Paraíba do Sul. Há informações que outras indústrias usem o pesticida na região, que abriga 80% do parque industrial do Estado.

O deputado André do PV denuncia a omissão do Feema por não criar um mapa de risco ambiental na área. O parlamentar pediu ao governador Sérgio Cabral que baixe um decreto proibindo a instalação e operação da Servatis. Cabral prometeu se manifestar sobre o caso neste sábado.

- O vazamento aconteceu às 3h da terça-feira e a empresa só comunicou os órgãos responsáveis horas depois, quando o produto já tinha avançado no rio. Essa empresa é criminosa. A direção da Servatis deve ser presa. Espero que o governador se sensibilize e baixe o decreto proibindo a atividade desta empresa – pede o deputado.

O problema não se restringe apenas ao consumo da d'água, mas também ao pescado. A contaminação da água provocou a morte de milhares de peixes. Um grupo de pescadores da Bacia do Paraíba do Sul promete entrar com uma ação civil indenizatória contra a empresa, na segunda-feira. O valor da ação não foi divulgado.

- Esse produto é altamente tóxico, nocivo. O pescado não deve ser consumido. Além de causar donos irreparáveis à saúde da população também acarreta prejuízos para os pescadores locais – frisa o ambientalista Sérgio Ricardo, destacando que o pesticida era usado pela empresa na produção de algodão, soja e café.

O presidente da Cedae, Wagner Victer, disse ao JB que o vazamento do endosulfan avança rápido, cerca de três quilômetros por hora. Para garantir a qualidade da água que abastece a região, Victer garantiu que equipes da empresa fazem monitoramento constante no rio e usam a captação de água de outros afluentes de rios.

- Não é condição única manter o sistema ligado. Além de fazermos a captação de outros afluentes, usamos o trecho de chegada do Paraíba do Sul ao mar, altura de São João da Barra, onde o produto já foi diluído – explica o presidente da Cedae, ao ressaltar que outras concessionárias de abastecimento de água atuam na região.

Victer, diante ao desastre ambiental, também condena o consumo do pescado retirado do Paraíba do Sul.

- A população deve evitar o consumo desse pescado – sugere.

Nesta sexta-feira, a secretária estadual de Ambiente, Marilene Ramos, o vice-presidente da Serla, Luiz Firmino, o vice-presidente da Feema, Luís Heckmaier e o delegado Fernando Reis, da DPMA (Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente) vistoriaram o local atingido pelo vazamento. Foram coletadas amostras da água em Volta Redonda e Resende. Segundo a Feema, os níveis do produto tóxico na água são aceitáveis.

No mesmo dia, a equipe fez uma vistoria na Servatis, onde foram constatadas diversas irregularidades, principalmente em relação ao armazenamento do produto.

- A partir desta segunda-feira, a empresa passará por uma rigorosa auditoria ambiental. Ao vistoriar a empresa, nós constatamos que o armazenamento de resíduos do pesticida endosulfan está totalmente inadequado, representando risco iminente de vazamento para o meio ambiente. A empresa também responderá por omissão, uma vez que os proprietários não comunicaram o vazamento, em tempo ágil, às autoridades ambientais – disse Marilene Ramos.

Esta não é a primeira vez que a empresa provoca dano ao meio ambiente. Há três anos, a Servatis foi responsável pelo vazamento de gás inseticida Dimetutato. Na última terça-feira, o desastre ambiente aconteceu por falha no descarregamento do produto, em Resende.

A assessoria da Servatis informou, por nota, que a empresa contratará auditoria externa para avaliar os riscos ambientais. Apesar das denúncias, a empresa desmente o alto risco de contaminação do pesticida endosulfan.


POSTAGEM DE COMENTÁRIO DE UM QUÍMICO SOBRE O VAZAMENTO NO RIO PARAIBA DO SUL, NO INTERIOR DO RIO DE JANEIRO:

Maurício de Santa Roza disse...
Senhore(a)s do SOSRiosBr:

O tal líquido utilizado como matéria-prima para produção de pesticidas é um organo-clorado altamente tóxido, como todos os desta "família", tanto assim que ficou evidente pela grande mortandade dos peixes.
Para se ter uma exata avaliação do verdadeiro perigo deste "endosulfan" nome fantasia que não revela nem exprime minimamente o que ele significa, seria preciso ver a FISPQ (Ficha de Segurança de Produtos Químicos) dele.

A Servatis deveria apresentá-la para as autoridades ambientais porque é o documento hábil que contém todas as informações necessárias para uma adequada avaliação e efeitos sobre o meio ambiente. Não se pode tratar de acidentes assim de maneira superficial porque está em jogo a saúde de muita gente como também da flora e da fauna atingidas.

As conseqüências poderiam ser devastadoras também para a vida humana.Tenho um especial interesse nesta questão porque há gente querida muito próxima vivendo na cidade de Resende - meu filho, minha nora e meu netinho mais jóvem (8 meses).

Assim que soube desta ocorrência aconselhei-os a não beberem nem a cozinharem com a água da cidade pelos riscos potenciais inerentes, deixando de utilizá-la pelo menos por um período de uma semana por segurança.
Meus dados para contato:e-mail: msroza@yahoo.com
Eng. Químico Maurício de Santa Roza.
Sds.
21 de Novembro de 2008 16:06


INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
Divulgando, Promovendo e Valorizando
quem defende as águas brasileiras!
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!