NAVEGANDO EM ÁGUAS POLÊMICAS:
“Quem tinha cisterna sobrevivia. Quem não possuía passava sede mesmo”.
por João Suassuna — Última modificação 21/10/2009 17:31
Floresta tem obra, mas pode ficar sem a água. Prefeita é a favor da transposição, mas teme que município do sertão pernambucano não seja beneficiado
Jornal O Globo – Edição de 14/10/2009
http://www.linearclipping.com.br/conab/m_stca_detalhe_noticia.asp?cd_sistema=26&cd_noticia=906275
Letícia Lins - Enviada especial
FLORESTA (PE). Sertaneja que já perdeu as contas das secas que enfrentou ao longo da vida, a prefeita Rorró Maniçoba (PSB) é uma das maiores defensoras da transposição do Rio São Francisco, mas não consegue esconder uma preocupação: teme que a água da obra tão grandiosa não beneficie Floresta, município de Pernambuco com 28 mil habitantes, que ainda convive com o racionamento.
Semanalmente, em um ponto da área urbana da cidade, a população passa até três dias sem água. Já foi pior. Até o mês passado, havia bairros que ficavam até 28 dias com as torneiras secas.
A ironia é que a cidade é banhada pelo Rio São Francisco, o mesmo de onde vai ser retirada água para abastecer quatro estados: Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.
- Quem tinha cisterna sobrevivia. Quem não possuía passava sede mesmo e dependia de carro pipa - diz Rorró.
A situação só começou a melhorar depois que o governador Eduardo Campos (PSB), aliado da prefeita, determinou que a Companhia Pernambucana de Saneamento implantasse um reservatório e uma estação de tratamento na cidade, localizada a 439 quilômetros de Recife.
O sistema ainda não foi concluído, mas a situação já está um pouco melhor.
Prefeita vai pedir a Lula por seu município
A prefeita lembra que, além da obra estadual e da transposição do Rio São Francisco, o governo federal está implantando a adutora do Pajeú, que também vai puxar água do São Francisco para levar até a Paraíba. Os municípios a serem beneficiados margeiam o Rio Pajeú: Serra Talhada, Calumbi, Flores, Carnaíba, Afogados de Ingazeira e Tabira, todos no sertão de Pernambuco.
O sertão da Paraíba também vai ser abastecido.
- A água será retirada aqui em Floresta, mas a previsão é que apenas um pequeno vilarejo, o de Nazaré, seja beneficiado pela adutora do Pajeú - afirmou Rorró ontem, referindo-se à localidade onde existem só 80 casas.
Ela disse ver a transposição como o remédio definitivo para o problema da escassez hídrica no Nordeste, mas vai tentar aproveitar a presença de Lula na região para reivindicar pelo seu município.
- A previsão é que a água passe direto por Floresta, o que é uma pena. A gente vai pedir que pelo menos possa ser utilizada na irrigação de Serra Negra. São 32 mil hectares de terras irrigáveis, no meio das quais vai passar um canal. Caso isso ocorra, poderemos ter um polo de desenvolvimento como os que já existem na cidade de Petrolina - disse.
Petrolina também fica no sertão do São Francisco, a 780 quilômetros de Recife. As obras da transposição estão em ritmo acelerado, mas a prefeitura teme pela lentidão na implantação das adutoras que levarão a água até lugarejos distantes e que os problemas sociais permaneçam os mesmos.
Como exemplo, ela citou os moradores da barragem de Itaparica, que foi construída no século passado pela Chesf para aumentar a oferta de energia no Nordeste. Floresta perdeu parte do seu território, e pelo menos dez mil pessoas tiveram que ser realocadas. Muitas delas voltaram a morar próximo ao lago, construído para abastecer a hidrelétrica de Itaparica. Ele inundou parte dos municípios de Floresta, Itacuruba, Petrolândia e Belém do São Francisco, para reforçar o fornecimento de eletricidade.
- Os moradores que ficam perto do lago só tiveram acesso à energia 20 anos depois de a barragem ter sido construída, devido ao programa Luz para todos - diz.
Ontem os trabalhos estavam acelerados no Eixo Leste, a cerca de 60 quilômetros do centro de Floresta. O movimento de máquinas e caminhões era intenso. O eixo leste é um dos canais da transposição que está sendo construído pelo governo federal e cujo canteiro de obras Lula visitará amanhã. O eixo leste deverá ficar pronto em 2010 e ligará a barragem de Itaparica, em Floresta, à cidade de Monteiro, na Paraíba
A viagem providencial de Dom Cappio
Bispo que fez greve de fome contra obra está em Barreiras para encontro religioso
Luiza Damé e Chico de Góis - Enviados especiais
BARRA (BA) e CUSTÓDIA (PE). A personalidade mais famosa de Barra (BA), Dom Luiz Flávio Cappio, que fez greve de fome de 23 dias, em dezembro de 2007, contra a obra de transposição do São Francisco, será a ausência mais comentada na festa preparada para receber hoje o presidente Lula e sua comitiva. Nos governos federal ou estadual não se admite que foi providenciada uma saída estratégica do polêmico bispo, mas desde sábado ele está em Barreiras, cidade do Oeste da Bahia, para alívio da comitiva presidencial.
A suspeita é de que o governo baiano e políticos ligados ao ministro da Integração, Geddel Vieira Lima, teriam facilitado para que Dom Cappio estivesse fora de Barra. O bispo tem evitado entrar nessa polêmica. A informação da Igreja Católica é que Dom Cappio participa, em Barreiras, de um encontro de dioceses de Barra, Bom Jesus da Lapa, Irecê e Barreiras que acontece todos os anos, e que já estava marcado há algum tempo.
Apesar da ausência do bispo, o presidente Lula, os seis ministros e alguns governadores devem enfrentar manifestações contra a transposição das águas do Velho Chico e também de um grupo de cerca de cem pessoas que trabalhava no projeto piloto de revitalização e que perderam o emprego após a obra ser assumida pelo Exército, em 2008.
O secretário de Infraestrutura do governo da Bahia, João Leão (PP), nega interferência para tirar o bispo da cidade:
- Isso é conversa, não existe isso. Nem seria necessário, porque Dom Luiz não atrapalharia em nada a visita do presidente. Ele é educado e tem até admiração pelo presidente.
Todo o projeto de revitalização do Velho Chico, tocado pelos Ministérios da Integração Nacional e do Meio Ambiente, está estimado em R$ 1,5 bilhão, no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Da Bahia, Lula irá para Pernambuco, onde visitará os trabalhadores que fazem o terceiro turno de trabalho nos canais, no lote 11 do Eixo Leste da Transposição, entre os municípios de Custódia e Sertânia. As obras começaram em agosto de 2008 e, em janeiro, as empresas, atendendo a pedido de Lula, iniciaram uma jornada de 24 horas de trabalho. A intenção é concluir os canais no terceiro trimestre de 2010. Para receber o presidente, o consórcio responsável pela obra preparou um quarto em separado, onde Lula terá cama e banheiro privativos. Um heliporto estava sendo concluído ontem à noite.
"Vai tudo para o agronegócio"
João Suassuna - Agrônomo
"O projeto é desnecessário porque o Nordeste tem muita água acumulada em suas represas. São 37 bilhões de metros cúbicos, o maior volume represado em regiões semiáridas do mundo. O que falta é fazer essa água andar, chegar às torneiras. Meu temor é que com as águas do São Francisco aconteça a mesma coisa. Elas podem chegar às represas, mas permanecer longe das torneiras caso não haja uma política adequada de distribuição. A água, com certeza, vai para o agronegócio, para as indústrias, para as fazendas de criação de camarão. Mas não sabemos se chegará às residências do homem pobre da caatinga. O Nordeste tem 70 mil barragens, e a água não circula nas comunidades rurais e muitas vezes passa longe das áreas urbanas.
"Há alternativas (à obra de transposição) que poderiam poupar o Rio São Francisco. Em 2006, a Agência Nacional de Águas (ANA) elaborou o Atlas Nordeste de Abastecimento Urbano. Se ele fosse seguido, o alcance social seria muito maior e o custo, muito menor. Pelo Atlas, 34 milhões de nordestinos seriam abastecidos e se gastariam R$ 3,6 bilhões. A transposição vai exigir investimentos de R$ 6,6 bilhões, para beneficiar 12 milhões de pessoas. A grande pergunta é quando a água chegará a essas pessoas. O curioso é que o que está previsto no PAC é a transposição, e não o Atlas. O problema das autoridades brasileiras, ao que parece, é uma deficiência na matemática.
"Os riscos ambientais são outro problema. Não sabemos o que vai acontecer. Os riscos, com certeza, não são pequenos. Os estudos de impacto ao meio ambiente foram feitos nas bacias que vão receber a água. Mas se esqueceram de fazer um estudo sistemático nos locais onde ela será retirada."
PALAVRA DE ESPECIALISTA
Francisco de Assis Salviano de Sousa – Doutor em Hidráulica e Saneamento
"Sem obra, muitas regiões ficarão sem água"
SÃO PAULO. Doutor em Hidráulica e Saneamento pela USP, Francisco de Assis Salviano de Sousa, da Universidade Federal de Campina Grande, é um dos pesquisadores que defendem a transposição do São Francisco.
Para ele, só na área de Campina Grande a iniciativa beneficiará 1,1 milhão de pessoas (400 mil da cidade mais dezenas de municípios do Planalto da Borborema): - No começo dos anos 2000, Campina Grande quase viveu um desabastecimento.
Imagine o que é isso em uma cidade desse porte.
As empresas só se instalam aqui se tiverem garantia de abastecimento de água.
Para ele, o projeto de transposição recebeu muitas críticas porque é voltado para o Nordeste.
- São Paulo fez a maior transposição do país, o sistema Cantareira, e as pessoas nem sabem disso. Ninguém falou que ia se enforcar, se matar de fome por causa da Cantareira - diz. E acrescenta: - Ouvi hoje mesmo (ontem) críticas sobre não estarem fazendo as obras de revitalização, mas elas estão sendo feitas.
Tanto que, nas regiões onde havia manifestações contra, isso já passou. Então, é uma crítica que não se segura.
Para ele, porém, é preciso que os estados façam projetos para distribuir a água para municípios mais distantes.
- Do contrário, as famílias ficarão com a esperança de um dia ter água, mas isso não ocorrerá, porque a prioridade é abastecer os municípios.
A democratização da água é uma preocupação: - A crítica dos pesquisadores aqui do Nordeste é que se poderiam usar os recursos naturais dos estados, já que não usam nem 10% dos mananciais. Eu concordo.
Por outro lado, se não houver a transposição, mesmo que se aproveitem esses mananciais, muitas regiões ficarão sem água. A transposição leva o abastecimento para regiões longe desses mananciais. Fonte: Rema Atlântico - João Suassuna
VEJA VÍDEO DO INPE/SP SOBRE A TRANSPOSIÇÃO
Jornal O Globo – Edição de 14/10/2009
http://www.linearclipping.com.br/conab/m_stca_detalhe_noticia.asp?cd_sistema=26&cd_noticia=906275
Letícia Lins - Enviada especial
FLORESTA (PE). Sertaneja que já perdeu as contas das secas que enfrentou ao longo da vida, a prefeita Rorró Maniçoba (PSB) é uma das maiores defensoras da transposição do Rio São Francisco, mas não consegue esconder uma preocupação: teme que a água da obra tão grandiosa não beneficie Floresta, município de Pernambuco com 28 mil habitantes, que ainda convive com o racionamento.
Semanalmente, em um ponto da área urbana da cidade, a população passa até três dias sem água. Já foi pior. Até o mês passado, havia bairros que ficavam até 28 dias com as torneiras secas.
A ironia é que a cidade é banhada pelo Rio São Francisco, o mesmo de onde vai ser retirada água para abastecer quatro estados: Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.
- Quem tinha cisterna sobrevivia. Quem não possuía passava sede mesmo e dependia de carro pipa - diz Rorró.
A situação só começou a melhorar depois que o governador Eduardo Campos (PSB), aliado da prefeita, determinou que a Companhia Pernambucana de Saneamento implantasse um reservatório e uma estação de tratamento na cidade, localizada a 439 quilômetros de Recife.
O sistema ainda não foi concluído, mas a situação já está um pouco melhor.
Prefeita vai pedir a Lula por seu município
A prefeita lembra que, além da obra estadual e da transposição do Rio São Francisco, o governo federal está implantando a adutora do Pajeú, que também vai puxar água do São Francisco para levar até a Paraíba. Os municípios a serem beneficiados margeiam o Rio Pajeú: Serra Talhada, Calumbi, Flores, Carnaíba, Afogados de Ingazeira e Tabira, todos no sertão de Pernambuco.
O sertão da Paraíba também vai ser abastecido.
- A água será retirada aqui em Floresta, mas a previsão é que apenas um pequeno vilarejo, o de Nazaré, seja beneficiado pela adutora do Pajeú - afirmou Rorró ontem, referindo-se à localidade onde existem só 80 casas.
Ela disse ver a transposição como o remédio definitivo para o problema da escassez hídrica no Nordeste, mas vai tentar aproveitar a presença de Lula na região para reivindicar pelo seu município.
- A previsão é que a água passe direto por Floresta, o que é uma pena. A gente vai pedir que pelo menos possa ser utilizada na irrigação de Serra Negra. São 32 mil hectares de terras irrigáveis, no meio das quais vai passar um canal. Caso isso ocorra, poderemos ter um polo de desenvolvimento como os que já existem na cidade de Petrolina - disse.
Petrolina também fica no sertão do São Francisco, a 780 quilômetros de Recife. As obras da transposição estão em ritmo acelerado, mas a prefeitura teme pela lentidão na implantação das adutoras que levarão a água até lugarejos distantes e que os problemas sociais permaneçam os mesmos.
Como exemplo, ela citou os moradores da barragem de Itaparica, que foi construída no século passado pela Chesf para aumentar a oferta de energia no Nordeste. Floresta perdeu parte do seu território, e pelo menos dez mil pessoas tiveram que ser realocadas. Muitas delas voltaram a morar próximo ao lago, construído para abastecer a hidrelétrica de Itaparica. Ele inundou parte dos municípios de Floresta, Itacuruba, Petrolândia e Belém do São Francisco, para reforçar o fornecimento de eletricidade.
- Os moradores que ficam perto do lago só tiveram acesso à energia 20 anos depois de a barragem ter sido construída, devido ao programa Luz para todos - diz.
Ontem os trabalhos estavam acelerados no Eixo Leste, a cerca de 60 quilômetros do centro de Floresta. O movimento de máquinas e caminhões era intenso. O eixo leste é um dos canais da transposição que está sendo construído pelo governo federal e cujo canteiro de obras Lula visitará amanhã. O eixo leste deverá ficar pronto em 2010 e ligará a barragem de Itaparica, em Floresta, à cidade de Monteiro, na Paraíba
A viagem providencial de Dom Cappio
Bispo que fez greve de fome contra obra está em Barreiras para encontro religioso
Luiza Damé e Chico de Góis - Enviados especiais
BARRA (BA) e CUSTÓDIA (PE). A personalidade mais famosa de Barra (BA), Dom Luiz Flávio Cappio, que fez greve de fome de 23 dias, em dezembro de 2007, contra a obra de transposição do São Francisco, será a ausência mais comentada na festa preparada para receber hoje o presidente Lula e sua comitiva. Nos governos federal ou estadual não se admite que foi providenciada uma saída estratégica do polêmico bispo, mas desde sábado ele está em Barreiras, cidade do Oeste da Bahia, para alívio da comitiva presidencial.
A suspeita é de que o governo baiano e políticos ligados ao ministro da Integração, Geddel Vieira Lima, teriam facilitado para que Dom Cappio estivesse fora de Barra. O bispo tem evitado entrar nessa polêmica. A informação da Igreja Católica é que Dom Cappio participa, em Barreiras, de um encontro de dioceses de Barra, Bom Jesus da Lapa, Irecê e Barreiras que acontece todos os anos, e que já estava marcado há algum tempo.
Apesar da ausência do bispo, o presidente Lula, os seis ministros e alguns governadores devem enfrentar manifestações contra a transposição das águas do Velho Chico e também de um grupo de cerca de cem pessoas que trabalhava no projeto piloto de revitalização e que perderam o emprego após a obra ser assumida pelo Exército, em 2008.
O secretário de Infraestrutura do governo da Bahia, João Leão (PP), nega interferência para tirar o bispo da cidade:
- Isso é conversa, não existe isso. Nem seria necessário, porque Dom Luiz não atrapalharia em nada a visita do presidente. Ele é educado e tem até admiração pelo presidente.
Todo o projeto de revitalização do Velho Chico, tocado pelos Ministérios da Integração Nacional e do Meio Ambiente, está estimado em R$ 1,5 bilhão, no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Da Bahia, Lula irá para Pernambuco, onde visitará os trabalhadores que fazem o terceiro turno de trabalho nos canais, no lote 11 do Eixo Leste da Transposição, entre os municípios de Custódia e Sertânia. As obras começaram em agosto de 2008 e, em janeiro, as empresas, atendendo a pedido de Lula, iniciaram uma jornada de 24 horas de trabalho. A intenção é concluir os canais no terceiro trimestre de 2010. Para receber o presidente, o consórcio responsável pela obra preparou um quarto em separado, onde Lula terá cama e banheiro privativos. Um heliporto estava sendo concluído ontem à noite.
"Vai tudo para o agronegócio"
João Suassuna - Agrônomo
"O projeto é desnecessário porque o Nordeste tem muita água acumulada em suas represas. São 37 bilhões de metros cúbicos, o maior volume represado em regiões semiáridas do mundo. O que falta é fazer essa água andar, chegar às torneiras. Meu temor é que com as águas do São Francisco aconteça a mesma coisa. Elas podem chegar às represas, mas permanecer longe das torneiras caso não haja uma política adequada de distribuição. A água, com certeza, vai para o agronegócio, para as indústrias, para as fazendas de criação de camarão. Mas não sabemos se chegará às residências do homem pobre da caatinga. O Nordeste tem 70 mil barragens, e a água não circula nas comunidades rurais e muitas vezes passa longe das áreas urbanas.
"Há alternativas (à obra de transposição) que poderiam poupar o Rio São Francisco. Em 2006, a Agência Nacional de Águas (ANA) elaborou o Atlas Nordeste de Abastecimento Urbano. Se ele fosse seguido, o alcance social seria muito maior e o custo, muito menor. Pelo Atlas, 34 milhões de nordestinos seriam abastecidos e se gastariam R$ 3,6 bilhões. A transposição vai exigir investimentos de R$ 6,6 bilhões, para beneficiar 12 milhões de pessoas. A grande pergunta é quando a água chegará a essas pessoas. O curioso é que o que está previsto no PAC é a transposição, e não o Atlas. O problema das autoridades brasileiras, ao que parece, é uma deficiência na matemática.
"Os riscos ambientais são outro problema. Não sabemos o que vai acontecer. Os riscos, com certeza, não são pequenos. Os estudos de impacto ao meio ambiente foram feitos nas bacias que vão receber a água. Mas se esqueceram de fazer um estudo sistemático nos locais onde ela será retirada."
PALAVRA DE ESPECIALISTA
Francisco de Assis Salviano de Sousa – Doutor em Hidráulica e Saneamento
"Sem obra, muitas regiões ficarão sem água"
SÃO PAULO. Doutor em Hidráulica e Saneamento pela USP, Francisco de Assis Salviano de Sousa, da Universidade Federal de Campina Grande, é um dos pesquisadores que defendem a transposição do São Francisco.
Para ele, só na área de Campina Grande a iniciativa beneficiará 1,1 milhão de pessoas (400 mil da cidade mais dezenas de municípios do Planalto da Borborema): - No começo dos anos 2000, Campina Grande quase viveu um desabastecimento.
Imagine o que é isso em uma cidade desse porte.
As empresas só se instalam aqui se tiverem garantia de abastecimento de água.
Para ele, o projeto de transposição recebeu muitas críticas porque é voltado para o Nordeste.
- São Paulo fez a maior transposição do país, o sistema Cantareira, e as pessoas nem sabem disso. Ninguém falou que ia se enforcar, se matar de fome por causa da Cantareira - diz. E acrescenta: - Ouvi hoje mesmo (ontem) críticas sobre não estarem fazendo as obras de revitalização, mas elas estão sendo feitas.
Tanto que, nas regiões onde havia manifestações contra, isso já passou. Então, é uma crítica que não se segura.
Para ele, porém, é preciso que os estados façam projetos para distribuir a água para municípios mais distantes.
- Do contrário, as famílias ficarão com a esperança de um dia ter água, mas isso não ocorrerá, porque a prioridade é abastecer os municípios.
A democratização da água é uma preocupação: - A crítica dos pesquisadores aqui do Nordeste é que se poderiam usar os recursos naturais dos estados, já que não usam nem 10% dos mananciais. Eu concordo.
Por outro lado, se não houver a transposição, mesmo que se aproveitem esses mananciais, muitas regiões ficarão sem água. A transposição leva o abastecimento para regiões longe desses mananciais. Fonte: Rema Atlântico - João Suassuna
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