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13 de maio de 2011

CHUVAS NA PARAÍBA DEIXAM MUITOS DESABRIGADOS E VÁRIAS CIDADES DECRETAM EMERGÊNCIA

Em 2008 as chuvas já causaram muitas mortes e danos na Paraíba




Rios sobem e isolam cidades na Paraíba

com comentários de João Suassuna

Bayeux decreta estado de emergência e mais quatro cidades preparam decretos; rodovias são fechadas e a previsão e de mais chuvas.
Correio da Paraíba
Quinta-feira 05/05/2011
Marcelo Rodrigo, Aline Guedes, Francisco José, Érika Castro e Giovannia Brito
O município de Bayeux decretou ontem estado de emergência e outros – Natuba, Mogeiro, Itabaiana e Salgado de São Félix – já preparam o decreto por causa das chuvas. Em Bayeux, há aproximadamente 350 famílias em 20 áreas de risco. Na comunidade Poço do Moinho, 45 famílias ficaram isoladas porque o nível do Rio Paraíba subiu mais de três metros depois que o açude Argemiro de Figueiredo (Acauã) começou a sangrar. No município de Mataraca, 15 casas já caíram com as chuvas fortes. Em Itabaiana, o Centro da cidade e mais 15 bairros ficaram inundados.
De acordo com o gerente operacional da Defesa Civil Estadual, Antônio Brito, apenas as cidades de Esperança e Remígio já haviam decretado estado de emergência, mas por causa da falta de água. Aquela região é abastecida pelo açude Vaca Brava, que está com apenas 5% de sua capacidade. “Acredito que hoje já comecem a chegar os comunicados de decretação de estado de emergência, porque está começando o período mais forte de chuva nas regiões do Litoral e do Agreste. Já preparamos um plano de contingência para auxiliar esses municípios”, informou.
Na manhã de ontem, os moradores da comunidade Poço do Moinho, em Bayeux tiveram que atravessar a correnteza do rio com um barco sem motor. Se não atravessarem o rio nesse barco, para chegar ao centro, os moradores da comunidade terão que se deslocar até a BR-101 e andar mais cinco quilômetros até a entrada do município.
Acumulado
Desde o início do mês foram acumulados 120 milímetros de chuvas em Campina Grande, cerca de 10% a mais do que a média esperada para o mês de maio, que é de 110 milímetros. Na última terça-feira choveu 51,6 milímetros em menos de duas horas. 


A meteorologista da Aesa Carmem Becker, disse que ainda existe a previsão de mais chuvas para as próximas 24 horas em todo Estado.com maior ocorrência nas regiões do Litoral, Agreste e Brejo do Estado. “O fenômeno que provocou as chuvas fortes das últimas 48 horas se dissipou, mas como há muita umidade vindo do oceano em direção ao continente, estão mantidas as previsões de chuvas, porém com menos intensidade”, avaliou.
Acauã e Taperoá sangram
Mais dois açudes começaram a sangrar na madrugada de ontem. De acordo com informações da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), o açude Argemiro de Figueiredo (Acauã), atingiu sua capacidade máxima por volta de 1 h, e até ontem, havia atingido uma lâmina de 48 centímetros. O último ano que o açude chegou a sua capacidade máxima de 253 milhões de metros cúbicos de água foi em 2009. Além de Acauã, o açude Taperoá II, localizado na cidade de Taperoá, também está acima do nível.
Com isso, já são 28 os reservatórios que estão sangrando. O gerente de bacia hidrográfica da Aesa, Isnaldo Cândido da Costa, descartou a possibilidade de inundações nas oito cidades onde passa o curso do Rio Paraíba e onde deságuam as águas do Acauã, mas confirmou que algumas comunidades ribeirinhas foram retiradas pela Defesa Civil Estadual para evitar maiores transtornos, caso ocorram cheias na área.
Em Mogeiro: 120 perdem casas
Cerca de 120 pessoas perderam suas casas em decorrência das chuvas na cidade de Mogeiro. O prefeito Antônio Ferreira decretou estado de calamidade pública para viabilizar ajuda do Governo Estadual na reconstrução de boa parte da cidade.
“Abrigamos temporariamente essas pessoas em escolas do município, mas esperamos contar com auxílio do Governo, principalmente nesse primeiro momento com alimentação e colchões”, disse o prefeito. As comunidades de Acará, Areial, Pedra Branca e Jucá estão ilhadas.
Cabaceiras: ponte submersa
A chuva também castigou a cidade de Cabaceiras, no Cariri do Estado, município com um dos menores índices pluviométricos do país. A ponte que liga a cidade está totalmente submersa, depois que o rio Taperoá transbordou. Só é possível entrar ou sair de Cabaceiras com canoas. Chove no município desde o último domingo, o que causou alagamento em vários pontos da cidade, e em órgãos públicos. “Com a cheia a água cobriu a ponte que fica na entrada da cidade, e alagou a parte baixa. Ontem pela manhã quando estiou a água baixou um pouco, mas como a chuva voltou a cair, a ponte ficou novamente submersa”, informou o prefeito Ricardo Jorge. Ele informou ainda que um dos trechos da PB-148, que liga Cabaceiras a Boqueirão, cedeu, e o trânsito no local ficou prejudicado.
Vôo suspenso em Campina Grande
Por conta das chuvas, um dos vôos programados para chegar às 17h15 da tarde de ontem, no aeroporto João Suassuna, em Campina Grande, teve que ser desviado para Recife-PE.
A aeronave da companhia Gol saiu de Brasília com destino a Campina Grande, para depois seguir à Capital pernambucana. No entanto, ao sobrevoar a cidade, o comandante informou a torre de controle que o mau tempo não dava condições de pouso. O vôo seguiu então para Recife, onde houve o desembarque. Na última terça-feira, outros dois vôos chegaram com atraso de mais de três horas em Campina Grande.
Famílias são retiradas
A defesa civil de Campina Grande decidiu abrigar as famílias que perderam as suas casas em quatro escolas da rede municipal de ensino. “nesses prédios elas ficarão mais bem abrigadas, do que nas barracas, que por enquanto serão utilizadas”, informou o técnico do órgão, Tone Lopes. Elas permanecerão nas escolas até o próximo sábado, e depois serão levadas para o ginásio “O Meninão”.
Até ontem, foram registrados na cidade 22 desmoronamentos de muros e quatro famílias ficaram desalojadas. Foram detectadas 17 áreas de risco na cidade. Com as chuvas registradas na cidade, foram registrados 58 pontos de alagamentos, e em menos de uma semana, as chuvas atingiram 40 pontos a mais de alagamento em Campina.
DNIT e PRF em alerta
As chuvas das últimas horas sobre Campina Grande e região, não provocaram transtornos apenas nas zonas urbanas.  Segundo o engenheiro Tarcisio Gomes, gerente substituto do Departamento Nacional de Infraestrutura de Trânsito (DNIT) em Campina Grande, uma pedra desabou sobre uma das pistas da BR-230, nas proximidades de Riachão do Bacamarte, sentido Campina-João Pessoa. Uma equipe da Construtora Delta, que presta serviço ao DNIT, foi deslocada para providenciar a remoção da pedra.
Na BR-104, entre Campina Grande e Lagoa Seca, o DNIT também constatou queda de barreira, mas também mobilizou equipe de manutenção para a desobstrução da faixa atingida pelo desmoronamento.
COMENTÁRIOS
João Suassuna
Esse ocorrido catastrófico no Nordeste tem sido palco de nossas análises sobre a questão da hidrologia do Semiárido. 


Como todos sabem, as chuvas no Nordeste seco se concentram em 4 meses do ano, atingindo um volume médio anual de até 800 mm e, como se isso não bastasse, distribuídas de forma errática em seu espaço geográfico. Como visto na matéria, a região chove (não é uma região árida) e, frequentemente, de forma descomunal. 


Esse nosso comentário tem o propósito de lembrar aos senhores as ações previstas no projeto da Transposição de águas do rio São Francisco, que tem como uma de suas prioridades, o abastecimento, através do Eixo Leste, da represa de Boqueirão, para o atendimento da cidade de Campina Grande e alguns municípios visinhos, represa essa que conta, atualmente, com volumes armazenados que vêm preocupando a população local, inclusive submergindo a ponte que dá acesso ao município. 


Pois bem, é nessa represa onde serão armazenados os volumes oriundos do Velho Chico, no projeto da transposição em curso. Isso não tem o menor sentido! Isso é chover no molhado! Alertamos os senhores que o momento não é de direcionarmos nossas atenções, apenas, para o estado da Paraíba. 


Já tivemos notícias de que as fortes precipitações estão ocorrendo em todo o Setentrional nordestino. Portanto, em nossa ótica, a solução para o abastecimento mais justo e solidário da população do setentrional, passa, necessariamente, pela busca planejada das águas existentes na região e de sua utilização criteriosa, tendo em vista ser, a água, um bem natural finito. 


A realidade da meteorologia nordestina bem exemplifica o fiasco que será a transposição das águas do rio São Francisco para a região, cujos volumes serão retirados das margens rio a cerca de 500 km, para serem utilizados em uma região onde o povo está morrendo afogado. É triste, mas é a pura realidade.  
É o Núcleo de Estudos e Articulação sobre o Semiárido (NESA), da Fundação Joaquim Nabuco, divulgando a realidade do Nordeste seco.
ENVIADO PELO COLABORADOR ENG. João Suassuna — Última modificação 13/05/2011 15:18


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