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10 de maio de 2011

ENTIDADES SOCIOAMBIENTAIS MANIFESTAM INSATISFAÇÃO SOBRE VOTAÇÃO DO NOVO CÓDIGO





Manifesto das entidades socioambientalistas sobre a votação do código florestal


As entidades abaixo assinadas vêm, publicamente, manifestar sua total insatisfação com a condução que vem sendo dada aos trâmites do Código Florestal Brasileiro na Câmara dos Deputados em Brasília.
A sociedade civil organizada clama por uma Política adequada que não privilegie grupos interessados e locupletados por ações de desmatamento e de descaso absoluto com as normas do atual Código Florestal, com o meio ambiente e com as gerações futuras.
Não pode haver urgência para a corrida pelo retrocesso no código florestal!
Enquanto o desmatamento volta a crescer depois de seis anos sob controle, dando sinais claros de aumento no Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, a Câmara dos Deputados aprova urgência para votação de anistias e isenções para grandes desmatadores.
O Deputado Aldo Rebelo apresentou segunda feira (02 de maio) um novo texto para o código florestal resultado de negociações com o Governo Federal. No dia seguinte, terça feira, o Ministro da Casa Civil, Antonio Pallocci, em reunião com Marina Silva, organizações do movimento socioambiental e representantes de agricultores familiares, afirmou que o texto apresentado por Aldo Rebelo estaria ainda muito distante de um consenso, não tendo sido aceito pelo Governo. Horas depois, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, vocalizou publicamente essa posição para a imprensa, deixando clara a insatisfação do Planalto com o teor do documento e desautorizando as afirmações de que ele seria fruto de um acordo. Contraditoriamente, no entanto, o Partido dos Trabalhadores, a maior bancada da Câmara e da base de sustentação do governo, votou na mesma noite, em bloco, a favor da urgência-urgentíssima de votação de um texto que o Planalto afirma não aprovar.
O questionamento necessário a se fazer nesse momento é porque o governo, que afirma à sociedade brasileira não concordar com um projeto de Lei, não atua com os meios ao seu alcance para implementar seu comando junto à sua bancada. A contradição é tão absurda que, contrariando publicamente o Ministro Palocci, o líder do governo na Câmara (Deputado Vacarezza) afirmou que o texto estava acordado e pronto para ser votado na quarta-feira, dia 4.
Persistindo essas incoerências o Governo Dilma (que possui maioria inédita na Câmara) será o principal responsável pela aprovação em caráter de urgência de um relatório que em sua essência cria anistias, isenções e benesses generalizadas e descabidas para grandes desmatadores ilegais e estimulará ainda mais desmatamentos por todo o País.
É preciso dizer que há urgência sim. Há urgência por uma política com P maiúsculo para a sustentabilidade ambiental no meio rural brasileiro. Urge a criação e implementação em escala nacional de mecanismos econômicos que viabilizem a economia florestal, a recomposição e a conservação florestal das áreas de preservação permanente e reservas legais. Urge uma política que viabilize as atividades e cadeias produtivas florestais madeireiras e não-madeireiras sustentáveis. Uma política que difunda a produção agroecológica e agroflorestal aos quatro cantos do País.
O País clama, com urgência-urgentíssima, por uma política de crédito que diferencie positivamente os produtores rurais dispostos a produzir de forma sustentável em detrimento dos que ainda apostam na agricultura do século passado. Urge o desenvolvimento de uma assistência técnica rural sustentável e moderna que favoreça o imenso potencial da agricultura familiar brasileira na produção de alimentos e de serviços ambientais. É urgente a aprovação de um sistema que viabilize a meta de redução emissões por desmatamento e degradação florestal em todos os biomas. Urge a aprovação de um Plano-Safra Sustentável que disponha de dezenas de bilhões de Reais para promover o agricultor brasileiro à condição de produtor de serviços ambientais.
Em outras palavras, o caráter de urgência urgentíssima, não é para mais um remendo na Lei com os olhos e mentes para o retrovisor, mas o desenvolvimento e a aprovação pela Casa do Povo sob a liderança do governo de uma Política para o Brasil do presente e do futuro, o Brasil Potência agrícola e Socioambiental deste século XXI.
Porém, por enquanto, o que se tem sobre a mesa e o que pode ser votado a qualquer momento pela Câmara dos Deputados é um texto cuja essência está refletida nos pontos listados abaixo e para os quais nos manifestamos com total repúdio!!!
PONTOS CRÍTICOS DO RELATÓRIO DO DEPUTADO ALDO RABELO APRESENTADO EM 02 DE MAIO DE 2011
1) Considera como consolidados desmatamentos ilegais ocorridos até julho de 2008 (Art. 3o III). Entre junho de 96 a julho de 2006 foram + de 35 milhões de hectares desmatados ilegalmente no Cerrado e na Amazônia (12,5 GtCO2).
2) Permite consolidação de uso em áreas de preservação permanente de rios de até 10 m de largura (representam mais de 50% da rede de drenagem segundo a SBPC), reduzindo-as na prática de 30 para 15m irrestritamente (art. 36), para pequenas, médias e grandes propriedades.
3) Permite autorização de desmatamento por órgãos municipais (art. 27). Teremos 5.564 municípios autorizando desmatamento.
4) Permite exploração de espécie florestal em extinção, p. ex. a Araucária, hoje vetada por decisão judicial e por regulação (art. 22).
5) Dispensa a averbação da Reserva Legal no cartório de imóveis, substituindo essa medida por um cadastro rural que pode ser "Municipal" mediante a declaração de uma única coordenada geográfica (art. 19).
6) Cria a figura do manejo "agrosilvopastoril" de RL. Na prática significa aceitar pastoreio de gado em RL (par. 1o do art. 18) e também em morros.
7) Ignora a evidente diferença entre agricultor familiar e pequeno proprietário rural estendendo a este flexibilidades no máximo cabíveis àquele (como por exemplo, anistia de recomposição de reserva legal).
8) Retira 4 Módulos Fiscais da base de cálculo de todas as propriedades rurais do País (inclusive médias e grandes) para definição do % de RL. Isso significa, dezenas de milhões de hectares que deixam de ser RL estarão vulneráveis ao desmatamento ou deixarão de ser recompostos.
9) Permite pecuária extensiva em topos de morros, montanhas, serras, bordas de tabuleiros, chapadas e acima de1800m (art. 10).
10) Retira do CONAMA poder de regulamentar APPs, e consequentemente revoga todas as resoluções em vigor. Com isso retirou, por exemplo, a proteção direta aos nossos manguezais, dunas, refúgios de aves migratórias, locais de nidificação e reprodução de fauna silvestre dentre outras. Casos de utilidade pública e interesse social deixam de ser debatidos com sociedade no CONAMA e poderão ser aprovados por decretos (federal, estadual e municipal) sem transparência e debate público.
11) Abre para decreto federal, estadual e municipal (sem debate técnico e público) a definição do rol de atividades "de baixo impacto" para permitir novas ocupações em área de preservação permanente (art. 3o, XVII, h).
12) Define de interesse social qualquer produção de alimentos (ex. monocultura extensiva de cana ou soja, ou pecuária extensiva) p/ desmatamento em APP (art. 3o, IV, g). Isso permite desmatamento em todo tipo de APP em todo País.
13) Suspende indefinidamente a aplicação dos instrumentos de controle ambiental (multas, embargos e outras sanções) por desmatamento ilegal ocorridos até julho de 2008, até que poder público desenvolva e implante Plano de Recuperação Ambiental (PRA) cujo prazo deixou de ser exigido nessa versão do PL (Art. 30).
14) Subverte o conceito de reserva legal que passa a ser prioritariamente econômico (exploração) em detrimento do seu valor de conservação e serviço ambiental (Art. 3º XII).
15) Suprime APP de pequenos lagos (superfície inferior a um hectare) (art. 3º §4º).
16) Incentiva novos desmatamentos em todo País ao criar flexibilidade para a regularização de desmatamentos ocorridos após julho de 2008, inclusive após a entrada em vigor da nova lei, com plantio de espécies exóticas e compensação em outros Estados.
Assinam:
1. Fórum Brasileiro de Ongs e Movimentos Sociais para o Desenvolvimento e Meio Ambiente - FBOMS
2. Grupo de Trabalho Amazônico - GTA
3. Via Campesina
4. FETRAF
5. Rede de Ongs da Mata Atlântica
6. Forum Carajas
7. Rede Cerrado
8. REJUMA
9. Redecriar
10. Rede Brasil de Instituições Financeiras Multilaterais
11. Observatório do Clima
12. Rede Pantanal de Ongs
13. Rede Brasileira de Ecossocialistas
14. 4 Cantos do Mundo
15. Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
16. Amigos da Terra Brasil
17. Amigos do Futuro
18. APAN – Associação Paraibana dos Amigos da Natureza
19. APREMAVI
20. ASPAN – Associação Pernambucana de Defesa da Natureza
21. ASPOAN – Associação Potiguar Amigos da Natureza
22. Associação Maranhense para Conservação da Natureza - AMAVIDA
23. Assembléia Permanente de Entidades de Defesa do Meio Ambiente – APEDEMA/RS
24. Associação Alternativa Terrazul
25. Associação de Estudos Costeiros e Marinhos ECOMAR
26. Associação Defensores da Terra
27. Associação Mineira de Defesa do Ambiente – AMDA
28. CARE Brasil
29. Centro de Estudos Ambientais – CEA
30. Centro de Referência do Movimento da Cidadania pelas Águas Florestas e Montanhas Iguassu Iterei
31. COATI- Centro de Orientação Ambiental Terra Integrada - Jundiaí
32. Conservação Internacional - Brasil
33. Cream - Centro De Referências em Educação Ambiental
34. Crescente Fértil
35. ECOA
36. Espaço de Formação Assessoria e Documentação
37. Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESSO) - Região V
38. FASE – Solidariedade e Educação
39. Fórum de Ongs do DF
40. Fudação AVINA
41. Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável - FBDS
42. Fundação Esquel
43. Fundação SOS Mata Atlântica
44. Fundo Brasileiro para Biodiversidade – FUNBIO
45. Greenpeace
46. Grude - Grupo De Defesa Ecológica
47. Grupo Ambientalista da Bahia - Gambá
48. Grupo Transdiciplinar de Estudos Ambientais Maricá
49. Instituto 5 elementos
50. Instituto Ambiental de Estudos e Assessoria - Fortaleza/Ceará
51. Instituto Centro de Vida – ICV
52. Instituto de Certificação e Manejo Agrícola e Florestal – IMAFLORA
53. Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas - IDESAM
54. Instituto de Educação para o Brasil
55. Instituto de Estudos do Sul da Bahia – IESB
56. Instituto de Estudos Socio-Econômicos – INESC
57. Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - IPAM
58. Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPE
59. Instituto Democracia e Sustentabilidade
60. Instituto do Homem e do Meio Ambiente na Amazônia - IMAZON
61. Instituto iBiosfera Conservação & Desenvolvimento Sustentável
62. Instituto Internacional de Educação do Brasil – IEB
63. Instituto Ipanema
64. Instituto O Direito por um Planeta Verde
65. Instituto Socio Ambiental Arindiana Jones
66. Instituto Socioambiental - ISA
67. Instituto Terra de Preservação Ambiental – ITPA
68. International Rivers
69. Instituto Carioca De Desenvolvimento
70. Iterei - Refúgio Particular de Animais
71. Juventude Batista do Estado de São Paulo – JUBESP
72. Kanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
73. LASTRO – Laboratório de Sociologia do Trabalho da UFSC
74. Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais
75. MaxAmbiental S.A
76. Movimento Ambientalista Os Verdes / RS
77. Movimento De Olho Na Justiça – MOJUS
78. Organização FENIX
79. PESACRE
80. Projeto Saúde e Alegria
81. Rede Cearense de Juventude pelo Meio Ambiente – RECEJUMA
82. Rede Fale SP
83. Rede Social de Justiça e Direitos Humanos
84. Sociedade Chauá
85. Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS
86. SOS Amazônia
87. SOS Pantanal
88. Terra e Organização da Sociedade Civil
89. Vitae Civilis
90. WSPA
91. WWF Brasil
93 AMBIENTALISTAS,  CIDADÃO (Â) DO MUNDO

Edmilson Pinheiro
São Luís/MA/Brasil

www.forumcarajas.org.br 

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http://reentrancias-ma.blogspot.com/



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