A importância da água: uma análise holística
por José Vitor Charaba*Um dos grandes problemas da humanidade no Século 21 vai ser a disponibilidade de água potável para suprir as necessidades básicas da população. De acordo com o artigo 2 da Declaração Universal dos Direitos da Água, “A água é a seiva do nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura”.
Atualmente, 884 milhões de pessoas não têm acesso ao fornecimento seguro de água doce, enquanto a ONU (Organização das Nações Unidas) estima que até 2030 mais da metade da população mundial viverá em áreas com alto risco de escassez.
Como é fácil deduzir, a água, além de ser indiscriminável quando é o suporte móvel da vida no planeta Terra, tem de ser também paradoxalmente seletiva quando participa diretamente da ecologia humana, quando lhe são exigidos requisitos que configuram com clareza meridiana a estratégia da segurança sanitária no contexto ambiental.
Este líquido maravilhoso funciona como regulador térmico por causa de seu calor específico, e sua importância, como fator ecológico, advém da igualdade entre as forças de coesão e repulsão de suas moléculas, das variações de densidade que é capaz de apresentar, de sua acidental mobilidade e de sua solubilidade.
As principais aplicações da água podem se inseridas em duas classes tão importantes quanto distintas: água para residências e para uso exclusivo da indústria.
Do ponto de vista ecológico e sanitário, a água para as habitações é mais considerável, pois se revela como alimento imprescindível, ou seja, aquele que permite ao homem sobreviver em um planeta onde o clima já perdeu a coerência, além de se apresentar como determinante universal no exercício da higiene.
A agricultura é responsável pelo consumo de 70% da água doce no mundo em comparação com 17% para a indústria e 13% para uso doméstico e municipal. Muitas medidas e técnicas relacionadas a irrigação e a como a água é aplicada na agricultura podem ser aperfeiçoadas, o que mais uma vez ajudaria a acabar com a lacuna entre oferta e demanda (McKinsey, Charting our Water Future: Economic Frameworks to Inform Decision-Making, 2009).
Na China, por exemplo, os métodos de custos mais baixos são medidas de eficiência industrial e estão distribuídos entre os setores de energia térmica, reúso de água servida, celulose e papel, têxtil e do aço. Na Índia, as medidas de eficiência são aplicadas principalmente na agricultura, em que o aperfeiçoamento da métrica “produção por gota” nas produções agrícolas irrigadas e alimentadas pela chuva pode conseguir economias maciças. O aperfeiçoamento desta métrica é particularmente pertinente nesta região, dado o impacto em potencial que os glaciares do Himalaia podem ter sobre o fornecimento sazonal de água para os grandes rios da região.
Na China, por exemplo, os métodos de custos mais baixos são medidas de eficiência industrial e estão distribuídos entre os setores de energia térmica, reúso de água servida, celulose e papel, têxtil e do aço. Na Índia, as medidas de eficiência são aplicadas principalmente na agricultura, em que o aperfeiçoamento da métrica “produção por gota” nas produções agrícolas irrigadas e alimentadas pela chuva pode conseguir economias maciças. O aperfeiçoamento desta métrica é particularmente pertinente nesta região, dado o impacto em potencial que os glaciares do Himalaia podem ter sobre o fornecimento sazonal de água para os grandes rios da região.
É fato que as atividades humanas e o estilo de vida e desenvolvimento têm influenciado na disponibilidade de uma série de recursos, entre eles a água. A água em algumas regiões tem se tornado um recurso escasso e com qualidade comprometida.
Desmatamentos, erosão, assoreamento e lançamento de efluentes, detritos industriais e esgoto doméstico nos cursos d’água têm contribuído com tal situação. Em países em desenvolvimento, estes problemas são agravados em razão da baixa oferta de serviços de abastecimento de água em quantidade e qualidade. Tanto a quantidade insuficiente quanto a qualidade da água são fatores determinantes para o aparecimento de doenças.
Segundo Clarissa Blockhehurst, chefe de Água, Saneamento e Higiene do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), cerca de 1,8 milhões de pessoas, na maioria menores de cinco anos, morrem por ano de doenças diarreicas causadas por água suja.
Também de acordo com estatísticas do Instituto Internacional da Água de Estocolmo (SIWI), a cada dia aproximadamente dois milhões de toneladas de dejetos humanos são lançados nos recursos hídricos, e 70% do lixo industrial nos países do Sul em desenvolvimento são lançados sem tratamento na água, contaminando o fornecimento.
Em seu informe Água Enferma, o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) com sede em Nairóbi (Quênia), diz que a grande quantidade de água suja no mundo faz com que muitas pessoas morram hoje por causa dela do que em razão de toda a forma de violência, incluindo as guerras.
A água suja é um fator importante para o surgimento das zonas mortas sem oxigênio nos mares e oceanos de todo o mundo. O mundo ganha 380 mil novos habitantes por dia e o ritmo de consumo de água é ainda maior, aumentou seis vezes ao longo do Século 20, enquanto a população multiplicou-se por três. A humanidade já está usando 54% de água que tem à disposição, percentual que deverá chegar a 70% em 25 anos. Além de ser causa de doenças o despejo de dejetos humanos e águas residuárias ameaçam a segurança alimentar de vários países em desenvolvimento, que obtêm 70% de suas necessidades de proteínas a partir do pescado de água doce, segundo a edição de 2010 do Relatório do Planeta Vivo da WWF (World Wide Fund for Nature).
Vivemos, ainda hoje, como se tivéssemos água em abundância, ainda nos damos ao luxo de desperdiçar 40% da água ao longo da sua distribuição, jogamos esgoto in natura nos cursos d’água. As indústrias e os Municípios ainda continuam captando água a montante e despejando-a a jusante com pouco ou nenhum tratamento. Se faz necessário e urgente que tomemos medidas para que consigamos minimizar estes problemas, implantando sistemas eficientes de tratamento de efluentes, captando e tratando água de chuva, eliminando o desperdício na distribuição, usando somente o necessário, fazendo o reúso da água, captando água a jusante e despejando-a a montante, pois só assim conseguiremos ter um controle que garanta um mínimo de qualidade dessa água.
Leis que tornem obrigatória a coleta de água da chuva em áreas urbanas para atender às demandas desse recurso e reduzir a pressão sobre reservatórios rurais, assim como usinas de dessalinização de água do mar, podem representar uma contribuição significativa para o gerenciamento da água e para a escassez na área urbana.
Os sistemas e as estruturas que dão sustentação ao bem-estar humano e ao ecossistema – incluindo gerenciamento habitacional, de mobilidade, energia, água e resíduos – não funcionam isoladamente. A natureza interconectada e interdependente desses elementos será cada vez mais importante, permeando o entendimento dos desafios e o desenvolvimento e a elaboração de soluções. Da mesma forma, a série de questões que deverão ser enfrentadas durante a transição para um futuro sustentável atravessará fronteiras, setores e campos de atuação.
Segundo o projeto Visão 2050: A Nova Agenda para as Empresas, do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), serão necessários recursos, capacidades, muitas fontes de influências, informações, obtidos por meio de complexas coalizões entre diversos agentes e áreas de especialização diferentes – pessoas e organizações dos setores público, privado, civil e acadêmico. Essas novas estruturas mesclarão os melhores conhecimentos, recursos e capacidades em parcerias perfeitas para resolver muitos dos desafios enfrentados.
Tais parcerias serão formadas nos níveis local, regional, nacional e internacional, e aumentarão não apenas de tamanho, mas também em profundidade, força e impacto.
Serão muito mais estratégicas e mais abrangentes do que as relações táticas pontuais que vimos até hoje e, em decorrência das diferentes prioridades de desenvolvimento dos envolvidos, terão maior probabilidade de conseguir melhorias econômicas e sociais.
Precisamos alertar as pessoas que a água não vai acabar, por ser ela um ciclo, mas o que vai acabar é a água limpa potável, pois, se continuarmos nesse ritmo de desperdício, num futuro bem próximo não teremos mais água boa para beber.
* José Vitor Charaba é sócio-fundador da Construeco Consultoria Ambiental. AGÊNCIA ENVOLVERDE
ÁGUA - QUEM PENSA, CUIDA!
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