SOS AQUÍFERO GUARANI - AÇÕES DE PROTEÇÃO DO AQUÍFERO NO PARANÁ

NO LIMITE - ANA avalia vulnerabilidade de aquífero

Medida visa medir risco de contaminação e servir de base para definir ações de proteção, inclusive no Paraná

A Agência Nacional de Águas (ANA) vai contratar um estudo para avaliar regionalmente o risco de contaminação e a vulnerabilidade do Aquífero Guarani, além de definir medidas de proteção das águas. A análise, que será feita no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, deve durar dois anos.

 Segundo o gerente de águas subterrâneas da ANA, Fernando de Oliveira, a estimativa é que o levantamento custe R$ 5 milhões. ‘‘O estudo faz parte de ações preventivas’’, disse. O trabalho poderá ser usado na gestão de recursos hídricos subterrâneos e servir para mapear fontes potenciais de poluição.

 O levantamento complementará estudo feito pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de São Paulo, e divulgado em março. A pesquisa levantou a vulnerabilidade em áreas de afloramento do aquífero naquele Estado, apurando que os maiores vilões são os lixões desativados e os agrotóxicos.

 Segundo o IPT, o estudo do Sistema Aquífero Guarani tem como objetivo compatibilizar ações de preservação e proteção do maior reservatório de águas subterrâneas de São Paulo (143 mil km2) com os usos urbanos e agrícolas, em um momento de aumento da exploração dos recursos para o abastecimento público. Atualmente, mais de 100 municípios utilizam a água do aquífero.

 No Paraná, de acordo com o gerente da Unidade de Serviço de Hidrogeologia da Sanepar, João Horácio Pereira, 40 poços captam água do Guarani. Em nenhum foi constatado qualquer contaminação. O professor de Geolologia do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina (UEL), André Celligoi, explica que, em solo paranaense, o manancial está protegido por um corpo de rocha (basalto), a uma profundidade de aproximadamente 800 metros.

 O mesmo não acontece com o Aquífero Serra Geral, que é semiconfinado e o mais usado para captação de água na região de Londrina. Celligoi explica que, por não estar tão protegido, está sujeito a contaminações pontuais, principalmente por poços artesianos mal perfurados ou mal revestidos. Hoje cerca de 6% da população londrinense, além de parte da população de Cambé, recebe água captada de 25 poços abastecidos pelo Serra Geral.

 Nas próximas semanas a Sanepar inaugura na Zona Norte de Londrina os dois maiores poços de captação do Aquífero Guarani no Estado, com capacidade de produção de 200 litros por segundo e um incremento de 10% na produção de água na cidade. O novo sistema poderá atender 100 mil pessoas. Foi a alternativa encontrada para garantir água a uma região que não para de crescer.

 A companhia também trabalha na duplicação do Sistema Produtor de Água Tibagi, que vai elevar a capacidade atual de 1,2 mil litros de água por segundo (l/s) para 2,4 mil l/s, beneficiando a população de Londrina e Cambé. Como a obra é demorada, houve a necessidade de recorrer, antes, ao Aquífero Guarani para atender a região Norte. Ali está sendo concluído o Condomínio Vista Bela, maior obra do programa federal Minha Casa, Minha Vida, onde vão habitar 2,7 mil famílias.

Silvana Leão - Reportagem Local

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