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3 de setembro de 2011

SOS RIOS DAS TERRAS YANOMAMIS POLUÍDOS E CONTAMINADOS POR 1.500 GARIMPOS

“As águas dos rios estão contaminadas, os peixes estão com a carne amarela e o nosso povo está contraindo todas as doenças dos homens brancos. Tem índios adoecendo de câncer por causa do mercúrio lançado nos rios”, informou.


Supervalorização do ouro afeta comércio

Segundo ele, pelo menos 1.500 garimpeiros atuam no território. Os principais garimpos estão instalados nas regiões do Paapiú, Baixo e Alto Rio Mucajaí, Kayanau, Uxiú, Xitei, Homoxi, Parafuri, Waikás e nas cabeceiras dos rios Mucajaí, Catrimani e Uraricoera. 


ANDREZZA TRAJANO

A valorização exagerada do ouro, tão comentada mundialmente nos últimos dias, trouxe também reflexos para Roraima. Quem vive do comércio legal ou paralelo diz que o aumento no preço do metal afetou negativamente os negócios. Já os indígenas afirmam que cresceu a garimpagem ilegal em seus territórios.

O ouro ficou parado de 1990 até 1996, em US$ 400 a onça (o equivalente a 31,1 gramas), permanecendo assim até começar a subir perto da crise de 2008. Em 2009, a onça estava US$ 913. Em dois anos, dobrou o valor do ouro, principalmente nos últimos tempos: US$ 1.830 a onça.

Há dois anos o grama do metal era comercializado na “rua do ouro”, tradicional ponto de compra e venda localizada no Centro de Boa Vista, ao preço de R$ 48,00. Agora, é vendido entre R$ 84,00 e R$ 96,00.

A reportagem conversou com alguns comerciantes do local. Todos pediram para não serem identificados, por temerem represálias, já que a compra do ouro sem procedência é ilegal.

Um deles relatou que do mês passado para este mês, o grama do ouro subiu de R$ 71,00 para R$ 86,00. Ele afirma que não dá para enriquecer com o negócio, mas o lucro é suficiente para manter a família.

O homem disse que evita perguntar sobre a procedência do ouro, mas admitiu ter conhecimento que o metal vem da Guiana, Venezuela e de terras indígenas.

Segundo ele, o ouro que entra em Roraima é pouco, algo em torno de 10 gramas ou no máximo 50 gramas por garimpeiro. No momento em que a Folha conversava com ele, dois garimpeiros chegaram ao estabelecimento para vender o metal. “Quilo só vimos na década de 90, durante a corrida do ouro”, disse.

A pequena quantidade comercializada é em razão da fiscalização feita pela Polícia Federal nas fronteiras. “Muitos garimpeiros que trabalham na Guiana optam por vender lá mesmo, porque temem perder tudo na fiscalização feita pela PF, no momento em que entram no Brasil. Só que quando fazem o câmbio da moeda para o real, perdem parte do lucro, por isso alguns arriscam”, contou.

Outro comerciante disse à reportagem que a valorização do ouro reduziu as vendas, já que os produtos ficaram mais caros. Ele disse que há três meses o grama do ouro custava R$ 72,00, mas que agora compra a R$ 86,00.

“Uma aliança de cinco gramas, por exemplo, está R$ 90,00 mais cara. Sem contar que o meu trabalho feito hoje é o mesmo de dois anos atrás, só que com custos mais elevados”, enfatizou.


Indígenas dizem que valorização gerou corrida a garimpos ilegais instalados na reserva Yanomami


Davi Yanomami: “Todos os dias tem uma média de seis voos não autorizados para a reserva Yanomami”

Com a supervalorização do preço do ouro, consequentemente aumentou a corrida pelo metal também nas áreas indígenas. A afirmação é do presidente da Hutukara Associação Yanomami, Davi Kopenawa, que constantemente denuncia a ampliação de garimpos ilegais na reserva.

Segundo ele, pelo menos 1.500 garimpeiros atuam no território. Os principais garimpos estão instalados nas regiões do Paapiú, Baixo e Alto Rio Mucajaí, Kayanau, Uxiú, Xitei, Homoxi, Parafuri, Waikás e nas cabeceiras dos rios Mucajaí, Catrimani e Uraricoera.

Kopenawa diz que tem formalizado denúncias junto aos órgãos competentes e pedido providências, mas pouco ou nada tem sido feito para solucionar o problema.

“Todos os dias tem uma média de seis voos não autorizados para a reserva Yanomami. Lojas têm vendido muitos materiais para garimpo. Pistas clandestinas foram reabertas. Só falta as autoridades pararem de dizer que estão fazendo trabalho de inteligência e efetivamente tirarem os garimpeiros da nossa terra”, ponderou.

Além da exploração da terra, ele destaca que todo o habitat dos índios está sendo afetado. Os rios estão poluídos pelos materiais empregados na garimpagem, como o mercúrio, os animais estão morrendo e os indígenas ficando doentes.

“As águas dos rios estão contaminadas, os peixes estão com a carne amarela e o nosso povo está contraindo todas as doenças dos homens brancos. Tem índios adoecendo de câncer por causa do mercúrio lançado nos rios”, informou.

INVASÃO - De acordo com o líder indígena Davi Kopenawa, os garimpeiros têm armas, radiofonia, aparelhos de TV e outros utensílios dentro da reserva Yanomami, o que demonstra que não temem as autoridades.

Ele lembrou uma ação ousada dos garimpeiros registrada no começo deste mês, quando eles invadiram a comunidade Yoxianapii, na região do Paapiú, na terra Yanomami, e levaram medicamentos do posto de saúde.



Exploração mineral em terras indígenas é ilegal


Equipamentos de garimpagem apreendidos pela Polícia Federal em área indígena 

A exploração mineral em terras indígenas não é permitida, por falta de regulamentação do artigo 231 da Constituição Federal, que condiciona a pesquisa mineral em áreas indígenas à autorização do Congresso Nacional. Há pelo menos dois anos a regulamentação é discutida entre os parlamentares.

A Folha tentou ouvir o administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai), André Vasconcelos, sobre a garimpagem ilegal na terra Yanomami, mas foi informada que ele está em Brasília, a trabalho.

Sobre a questão, a Polícia Federal informou que tem realizado diversas operações para combater o garimpo ilegal na terra Yanomami, inclusive em conjunto com o Exército Brasileiro, e continua investigando qualquer ilícito em área indígena, seja entrada de garimpeiros, de armas ou drogas.




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