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3 de outubro de 2011

EM DEBATE NO FORUM FONASC - CBH A FRUSTRADA FLOTAÇÃO NO RIO PINHEIROS (SP)



e
Sexta-feira, 30 de Setembro de 2011 10:29

Corpo da mensagem


Lixo no Rio Pinheiros, em São Paulo

"Ganhamos conhecimento", o ar "irrespirável" e o "É cocô e xixi, Estúpido!"

São Paulo, o atraso ético, intelectual e político do Brasil.


São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Após 10 anos e R$ 160 mi, SP desiste de plano de limpeza do rio Pinheiros

Método de flotação recebia críticas desde que foi adotado, em 2001, pelo governador Alckmin
Novas propostas de despoluição serão apresentadas até o fim de outubro, segundo secretário de Energia
Apu Gomes/Folhapress

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

Após dez anos de investimentos públicos que chegaram a R$ 160 milhões, o governo paulista desistiu do plano de limpar o rio Pinheiros pelo método de flotação.
A ideia era levar parte da água despoluída para a represa Billings, o maior reservatório da Grande São Paulo.
O sistema encampado em 2001 pela gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) consiste em reunir a sujeira em flocos na superfície da água para posterior remoção. No Pinheiros, o método se mostrou ineficiente e caro.
Mantê-lo exigiria novos investimentos sem certeza de êxito, diz o governo paulista.
A aposta de 2001 foi inédita: nunca havia se tentado limpar água via flotação num rio do porte do Pinheiros, com 25 km. A tecnologia é usada em lagos e mineração.
No lançamento do plano, especialistas já alertavam para o risco de fracasso. "A flotação foi um erro. A poluição do Pinheiros é de esgoto doméstico. O conceito [de flotação] era deixar o cocô e o xixi viajar pelo rio, causar um monte de doenças, para depois coletar os resíduos. Tem que tratar o esgoto", diz Ildo Sauer, professor da USP, crítico do plano desde 2001.
O governo manteve a defesa firme do método nesses quase dez anos. Classificava-o de "simples e inovador". Agora, buscará alternativas. Propostas serão recebidas até o fim de outubro, diz o secretário de Energia, José Aníbal.

INEFICIÊNCIA
O Ministério Público soube da desistência em maio. Em um acordo na Justiça em 2007, o Estado aceitou testar a flotação em um trecho menor do Pinheiros e submetê-lo à Promotoria. A execução no rio todo, projeto de R$ 350 milhões, ficou condicionada ao aval dos promotores.
Os últimos testes, concluídos em 2010, mostraram que a flotação não barrava o nitrogênio amoniacal, um indicador de esgoto na água, e gerava grande volume de lodo.
Na ocasião, o governo disse que trabalhava para a flotação ser mais eficaz. Um canal foi construído para mais testes, mas nunca foi usado.
Dos R$ 160 milhões, metade saiu da Petrobras e a outra parte do Estado. A estatal federal bancou o início do projeto e o deixou em 2007, ao saber de novos gastos.
O Estado terá que custear ainda a retirada dos aparelhos da flotação do rio Pinheiros e o transporte do lodo.


São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011
'Ganhamos conhecimento', diz secretário
DE SÃO PAULO

O secretário José Aníbal (Energia) diz que o montante investido na flotação "não se perde", pois "se acumulou muito conhecimento". O Estado investiu R$ 80 milhões, recurso da venda de energia da usina Henry Borden -a outra metade saiu da Petrobras.
"Não vou continuar pondo dinheiro em experimento. Tem que ter um grau de certeza [de que funciona]."
Ele diz que, quando assumiu o cargo, em janeiro, o cancelamento da flotação já estava em curso. A responsável em 2010 era a então secretária Dilma Pena, que não quis dar entrevista à Folha.
Agora, o governo estadual quer reforçar o tratamento do esgoto despejado no rio Pinheiros (para evitar a chegada de poluição) e substituir o processo de flotação (para limpar o que já está sujo).
O secretário receberá sugestões de soluções até o dia 25 de outubro. Entre os planos já apresentados está a construção de uma estação de tratamento perto do Cebolão, de R$ 1 bilhão.
Secretário de Energia em 2001, Mauro Arce não quis falar. Ricardo Tripoli, titular do Meio Ambiente à época, não pôde atender à Folha ontem à noite. A Petrobras não respondeu à reportagem.


São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011
frase
"A poluição é essencialmente esgoto doméstico. O conceito [de flotação] era deixar o cocô e o xixi viajar pelo rio para depois coletar os resíduos. Não tem que ser assim. Tem que tratar o esgoto"
ILDO SAUER
professor da USP


São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011
TENDÊNCIAS/DEBATES

É preciso recuperar as áreas contaminadas
FRANCO TARABINI JR.

Hoje se monitora com cuidado novos projetos industriais e de depósitos; mas o passado impõe medidas de remediação

Até 2010, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) cadastrou 3.675 áreas contaminadas no Estado. Dessas, somente 163 haviam sido reabilitadas. São terrenos onde se comprova poluição ou contaminação por substâncias ou resíduos depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados de forma planejada, acidental ou até mesmo natural.
Os poluentes ou contaminantes podem estar na subsuperfície, no solo, nos sedimentos, nas rochas, nos materiais utilizados para aterrar os terrenos ou mesmo nas águas subterrâneas.
Grande parte dessa contaminação ocorreu pelo fato de que, no passado, não se tinha ideia dos problemas que poderiam derivar dos vazamentos ou mesmo da simples acumulação de resíduos tóxicos ou potencialmente tóxicos nas atividades industriais e comerciais.
Outra parcela, menor, é decorrente da falta de cuidado ambiental depois que se percebeu a dimensão do problema.
Agora, ao transformar terrenos de antigas indústrias e depósitos em áreas residenciais ou comerciais, as incorporadoras se obrigam a descontaminar o local antes de dar início à construção, o que não acontecia no passado. É o caso de muitas cidades, dentre as quais São Paulo, onde essas áreas foram ou estão sendo ocupadas por projetos habitacionais, shoppings e escritórios em função da valorização ou de reclamações dos vizinhos.
Com a tecnologia atual, esses terrenos podem e devem ser descontaminados e existem processos seguros para fazê-lo, evitando que os futuros ocupantes sofram os efeitos da poluição do solo ou do lençol freático. O processo vem se expandindo para permitir novas ocupações e mesmo para recuperar e preservar o local onde uma indústria opera, a fim de que ela possa fazê-lo de modo mais seguro.
A demanda aumenta à medida que a legislação, as entidades ambientais e de saúde e a sociedade passam a exigir a eliminação dos riscos em terrenos contaminados.
O processo começa com a avaliação do passivo ambiental para identificar a qualidade e dimensão do problema e a forma de tratá-lo, que difere conforme a origem dos contaminantes, suas características e quantidade no solo e na água.
Em seguida, passa-se à remediação do solo e da água, que, em boa parte dos casos, pode ser feita no próprio local.
O trabalho envolve um grupo multidisciplinar especializado na avaliação, no planejamento e na operação desse processo. É um campo de atividade variado e amplo, pois, segundo o IBGE e a Confederação Nacional da Indústria, cerca de 200 mil indústrias operam no país, e há muitas outras que deixaram de operar.
Hoje, por força da legislação e das exigências da própria sociedade, é feito um monitoramento cuidadoso em novos projetos industriais e de depósitos para evitar a contaminação do solo e das águas. Mas existe o passado, que impõe medidas urgentes de remediação de áreas contaminadas anteriormente.
Não haverá sustentabilidade em operações que não contemplarem esse tema.

FRANCO TARABINI JR. é sócio-diretor da Enfil S/A Controle Ambiental


São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ozônio faz despencar qualidade do ar na capital
De um total de onze estações, sete entraram em "estado de atenção"
Poluição atmosférica deve continuar bastante crítica hoje, indica a previsão do tempo da Cetesb
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

O ar paulistano esteve irrespirável ontem em praticamente toda a cidade, segundo o boletim diário divulgado pela Cetesb.
De um total de 11 estações de medição da qualidade do ar em funcionamento ontem -a de Santo Amaro não registrou dados-, 7 entraram em estado de atenção à tarde.
Entre elas, as das regiões do Ibirapuera e da USP.
O fato de o poluente ozônio fazer despencar a qualidade do ar paulistano em praticamente todas as regiões da cidade, entrando no estado de atenção, é incomum.
Apenas em Santana (zona norte) e em Parelheiros (extremos da zona sul da cidade) o ozônio não atingiu níveis considerados críticos para a saúde das pessoas.
A explosão dos níveis de ozônio ontem ocorreu devido a uma combinação de altas temperaturas com muitas horas de insolação.
De acordo com a Cetesb, a situação do tempo hoje continua desfavorável para a dispersão do ozônio.
Além das condições climáticas, esse tipo de poluição se forma porque a cidade de São Paulo tem muita poluição oriunda da frota de veículos e da atividade industrial.
Nos últimos cinco anos, tanto o ozônio quanto a poeira têm virado os grandes vilões da qualidade do ar nas grandes cidades do país. Dados divulgados neste ano, por exemplo, mostram que o ozônio também é um problema na Baixada Santista.
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