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29 de novembro de 2011

ACIDIFICAÇÃO, AQUECIMENTO E A PERDA DE OXIGÊNIO AMEAÇAM OS OCEANOS




29/11/2011 - Relatório denuncia ameaças ao oceano

À margem das negociações climáticas e fora dos maiores debates internacionais, está um ecossistema que cobre 71% do planeta e serve de lar para 80% dos seres vivos. Os oceanos são o tema de um relatório, idealizado por seis instituições e divulgado ontem na internet. Enraizadas em mais de 20 países, elas tentam levar sua causa, a proteção aos mares, para os fóruns de Durban.

Trata-se, no entanto, de uma bandeira difícil de hastear. Diretor do Instituto Scripps de Oceanografia, da Universidade da Califórnia em San Diego, Tony Haymet é lacônico: nenhum político é eleito para representar o oceano. Os estresses a que eles são submetidos, portanto, estão longe de serem tratados como prioridades. São três os maiores perigos para o oceano, todos já em franco andamento: sua acidificação, aquecimento e a perda de oxigênio. E todos têm origem nos gases-estufa.

Em dois séculos, desde a Revolução Industrial, cerca de 30% do CO2 emitido pelo homem foi absorvido no mar. Com isso, seu pH, hoje, é o menor dos últimos 60 milhões de anos. O oceano nunca foi tão ácido.

Maior ONG do mundo dedicada ao mar, a Oceana fez uma análise de que países serão mais impactados pela acidificação daquele ecossistema.

— São os que mais perderão acesso a frutos do mar, que terão maior prejuízo em atividades turísticas que ali acontecem — explica Jacqueline Savitz, diretora de campanhas e cientista-sênior da organização. — No topo da lista há países desenvolvidos, como os Estados Unidos, Japão e Reino Unido. Estes são alguns dos maiores emissores de CO2. Mas há, também, pequenas nações insulares entre as maiores prejudicadas.

Estados polinésios também enfrentam outro problema vindo do mar: o aumento de seu nível, provocado pelo derretimento das geleiras. A origem dessa mazela é, como a anterior, as emissões de CO2.

— Vejo muitas nações, que estão abaixo do nível do mar ou são de baixa elevação, forçadas a tomar medidas — destaca Haymet. — O presidente das Maldivas já está preocupado com isso. E o embaixador de Granada também. Mas há também regiões em risco em países que, teoricamente, estariam seguros. A Flórida, por exemplo, no caso dos EUA.

As geleiras derretem porque o mundo está mais quente — consequência que, claro, também se reflete nos oceanos. Nos últimos cem anos, a superfície dos mares já aqueceu, em média, 0,7 graus Celsius. E a previsão é que este índice aumente cerca de 3 graus em algumas regiões até o fim do século.


Menor nível de oxigênio ameaça sobrevivência de espécies

Num oceano mais aquecido, haverá menos mistura entre águas profundas, ricas em nutrientes, com as da superfície, pobres nestas substâncias. A falta do cruzamento afetará particularmente as zonas tropicais, e terá consequências negativas na produtividade do mar.

— As indústrias de combustíveis fósseis, dependentes de carvão, petróleo e gás e emissoras de CO2, impedem os países de priorizar os oceanos — acusa Jacqueline. — Por causa delas, atividades econômicas baseadas no mar, como pesca, aquicultura e turismo e similares serão prejudicadas. A não ser, claro, que eles passem a liberar menos carbono na atmosfera.

Muitos países conduzem esforços locais para trocar suas fontes de energia — sai de campo o petróleo e entram alternativas limpas, como hidroelétricas e a indústria eólica. Para Jacqueline, na Europa, Reino Unido e Dinamarca estão à frente dos Estados dispostos a reduzir sua dependência do carbono. Perceberam um filão que, para os ambientalistas, ainda não é apreciado como deveria por empresas e autoridades.

— A energia limpa é a solução que nos livrará dos combustíveis fósseis — ressalta. — Quem a adotar primeiro será beneficiado economicamente, visto que poderá exportar essa tecnologia para o resto do mundo.

As temperaturas mais elevadas — e a menor mistura de nutrientes — deixariam o oceano mais estratificado. O suprimento de oxigênio para baixo da superfície seria afetado. Com a menor concentração dessa substância, muitas espécies teriam sua existência ameaçada. E outros organismos, mais tolerantes à carência desse gás (micróbios, particularmente), se multiplicariam com maior facilidade, alterando o equilíbrio da cadeia alimentar.

Estima-se que, no próximo século, o estoque global de oxigênio nos mares será reduzido de 1 a 7%. Mas, segundo o relatório divulgado ontem, há “incertezas consideráveis” em relação à escala e as localidades que serão mais acometidas pela carência de oxigênio, assim como o impacto no meio ambiente.

Fonte: Canal do Produtor /FAES.ORG



EXPOSIÇÃO OCEANOS EM PERIGO



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