O trato do meio ambiente na UFSM
Com a intenção de assessorar a Reitoria no direcionamento das questões ambientais referentes à Universidade, a Comissão Ambiental da UFSM surgiu no início de 2000, composta por professores de diversas áreas do conhecimento relacionadas ao meio ambiente, além de representantes de cada centro de ensino.
O coordenador dessa Comissão Ambiental, Djalma Dias da Silveira, também professor do curso de Engenharia Química, relata que há medidas fundamentais que são tomadas para tratar os efluentes (resíduos líquidos ou gasosos liberados para o meio ambiente, geralmente dissolvidos em água) produzidos pela UFSM.
Tais efluentes, normalmente destinados aos córregos da UFSM, passam por um processo de purificação básico, com filtragem de aproximadamente 80% dos poluentes presentes na água. Conforme o Engenheiro Edison Andrade da Rosa, coordenador de Obras e Planejamento Ambiental e Urbano da Pró-Reitoria de Infraestrutura, cada prédio da UFSM conta com uma fossa séptica e um filtro anaeróbio em sua estrutura, os quais passam por processos de limpeza e manutenção regularmente.
O professor Djalma acrescenta que a Universidade está encaminhando a criação de uma rede coletora dos efluentes pré-tratados em cada prédio. A primeira etapa do projeto, que consiste em levantamento planialtimétrico, um mapeamento das caixas sépticas dos prédios, já foi realizada esse ano e o próximo passo será a construção de um anteprojeto dessa rede coletora, o qual estimará o custo total para a construção da mesma e permitirá à UFSM verificar a possibilidade da destinação de verbas para as obras necessárias à criação da rede.
Há também a perspectiva de se projetar e implantar uma Estação de Tratamento de Água e Esgoto própria da Universidade, de modo que a instituição está preparando um processo de licitação para concretizá-la. O professor compara a estrutura da UFSM a de qualquer outro empreendimento nesse sentido: “Da mesma forma que uma indústria, por legislação, temos a obrigação de dar conta de nossos resíduos, por isso a necessidade da construção de uma Estação na UFSM”.
Muitos dos efluentes da Universidade são oriundos de laboratório de pesquisa e do Hospital Universitário (HUSM). Por isso, outra medida tomada para minimizar o impacto dos efluentes nos córregos da UFSM é a política de gerenciamento de resíduos em laboratórios da Universidade e no Hospital Universitário, a qual reeduca os trabalhadores desses locais sobre a destinação correta dos materiais utilizados, a fim de que os mesmos não contaminem as águas que passam pelo campus.
O esforço de análise e recuperação das águas
Apesar das diversas medidas de tratamento dos efluentes da Universidade, poucos são os projetos desenvolvidos na UFSM com a intenção de recuperar as águas dos córregos do campus. Para o professor Djalma, uma explicação para isso é que a autodepuração das águas, processo em que o ambiente natural reconstitui os efluentes de origem orgânica, promove a absorção desses materiais, tornando projetos de recuperação dos córregos praticamente desnecessários. Ele salienta, entretanto, que todo projeto que venha a trazer alguma melhoria é bem-vindo, mas depende de iniciativas pessoais em desenvolver avanços para pontos específicos do ambiente, uma vez que o cuidado com o macroambiente já é preocupação da Universidade.
Por outro lado, no que se refere à análise de recursos hídricos, destaca-se a iniciativa do projeto Bacia Escola, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa de Gestão de Recursos Hídricos da UFSM. O coordenador do Grupo, Geraldo Lopes da Silveira, professor dos cursos de Engenharia Civil e Engenharia Sanitária e Ambiental, conta sobre uma pesquisa realizada em 2000 acerca do nível de poluição das águas da Bacia do Campus, no vídeo abaixo.
O problema mora ao lado
Aquelas espumas que, nos anos 2000, formavam-se no córrego ao lado do posto, na entrada da Universidade, hoje, 11 anos depois, seguem aparecendo e em grande volume, sendo um forte indicativo do efeito da poluição. Nesse caso, uma poluição que vem de um local acima e fora da Universidade.
É da região vizinha à Universidade - a Cohab Fernando Ferrari e o Bairro Camobi - que provêm os dejetos que são “largados” no córrego que passa na entrada do campus. Como comenta o professor Djalma, “esses bairros geram efluentes que são destinados à rede pluvial de Camobi e canalizados para os riachos que vêm à Universidade. Parte da Cohab Fernando Ferrari é servida por uma Estação de Tratamento, mas outra parte não. As vilas que costeiam essa área, que não tem o serviço, canalizam seus dejetos para um riacho que deságua no fundo da Gráfica Universitária, por exemplo”.
O projeto Bacia Escola, naqueles idos dos anos 2000, já havia acusado a necessidade de implementação imediata de uma Estação de Tratamento de Esgoto na Universidade e, também, fora dela, no Bairro Camobi. Assim como as espumas 11 anos depois ainda insistem em aparecer, a Estação sequer saiu do papel depois de uma década dos estudos.
O Secretário Adjunto de Infraestrutura e Serviços do município, Alexandre Brasil, deixa claro que isso é de responsabilidade da CORSAN, pois é ela quem detém o contrato da captação de esgoto cloacal e da extensão de rede de água, e que a Estação ainda não foi feita em função do investimento altíssimo que ela demanda. No entanto, o secretário confirma que o início da construção da Estação de Tratamento de Esgoto em Camobi está prevista para o segundo semestre de 2012.
A CORSAN, representada pelo superintendente de Santa Maria, Julio do Espírito Santo, diz que o projeto para a Estação está de fato praticamente pronto, e que no início de 2012 já pretende colocá-lo em prática. Além disso, o superintendente antecipa que fará uma reunião com a Reitoria da UFSM para incluir a cidade universitária nesse projeto e, assim, quitar uma parte da dívida que tem com a cidade de Santa Maria. “A CORSAN tem consciência de que está devendo para a cidade algumas obras importantes”, diz Julio.
Santa Maria é uma cidade de aproximadamente 300 mil habitantes, segundo dados do IBGE. O Bairro Camobi, que abriga a cidade universitária, já tem quase 22 mil habitantes, população equivalente à do município de Tupanciretã, por exemplo. Pode-se dizer que Camobi é um bairro autossuficiente e em crescente expansão. Mas, e a infaestrutura básica? Além da rede elétrica e da Estação de Tratamento de Água, é de extrema necessidade que cada bairro de uma cidade do porte de Santa Maria tenha uma Estação de Tratamento de Esgoto.
Assim, a poluição gerada por um espaço urbano não terminará por acarretar consequências negativas ao ambiente de outros locais da cidade, assim como ocorre na contaminação das águas da Bacia do Campus por dejetos da Cohab Fernando Ferrari e do Bairro Camobi.
Repórteres:
Débora Dalla Pozza e Kamila Baidek – Acadêmicas do curso de Jornalismo da UFSM.
Edição:
Gisele Dotto Reginato – Professora da disc. de Teoria e Técnica de Jornalismo Digital II.
Matéria produzida na disciplina de Teoria e Técnica de Jornalismo Digital II, no curso de Jornalismo.
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