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12 de novembro de 2011

VISITA DA CARAVANA ANTI-NUCLEAR AO SERTÃO DE PERNAMBUCO


Caravana Anti-Nuclear percorre municípios do 

sertão de Pernambuco


Caravana Anti-Nuclear percorre municípios do sertão de Pernambuco

O QUE FOI A CARAVANA ANTINUCLEAR DO SERTÃO

CARAVANA PERCORREU REGIÃO DO SÃO FRANCISCO AMEAÇADA POR USINA NUCLEAR

No período de 28 a 31 de outubro, a Caravana Antinuclear percorreu os municípios pernambucanos de Belém de São Francisco, Floresta, Itacuruba e Jatobá. Ela foi organizada pelo MESPE - Movimento Ecossocialista de Pernambuco, em parceria com o Projeto de Educação para uma Cultura de Paz, da Diocese de Floresta, com o apoio do Greenpeace, Cáritas Brasileira, Coordenadoria Ecumênica de Serviço-CESE e da Articulação Anti Nuclear Brasileira. De ônibus a Caravana foi de cidade em cidade, levando representantes do MESPE, do Greenpeace e da Articulação Anti Nuclear Brasileira, professores universitários, jornalistas, artistas e ambientalistas do Nordeste e de outras regiões do país, que vieram apoiar a mobilização. Dentre eles, um dos que mais chamou a atenção foi Kunihiko Bonkohara, representante da Associação Hibakusha das vítimas sobreviventes da explosão atômica de Hiroshima e Nagasaki, que veio de São Paulo onde se localiza a entidade. A Caravana levou para estas cidades sertanejas informações sobre os impactos da instalação de uma usina nuclear em Itacuruba, anunciada oficialmente pelo governo brasileiro.
 A primeira parada foi em Belém de São Francisco, depois seguiu para Floresta, no terceiro dia aportou em Itacuruba, local onde está prevista a instalação da usina, e por último os manifestantes antinucleares seguiram para Jatobá. Nas quatro cidades, as praças públicas foram pontos de instalação das tendas de exposição de materiais informativos sobre os riscos de uma usina nuclear, assim como de experiências demonstrativas sobre fontes renováveis de energia. Dentre o vasto material visitado pelas populações das quatro cidades, um dos que mais chamou a atenção foi a exposição fotográfica Mãos de Césio sobre o maior acidente nuclear ocorrido no Brasil, o acidente radiológico de Goiânia, conhecido como o acidente com o Césio 137. A parte afetada mais visível do corpo das vítimas foram as mãos, porque com elas foram feitos os primeiros contatos com a substância altamente radioativa.
Durante os quatro dias da Caravana foram realizadas atividades integradas como exposições, debates, feira de ciências, apresentação de teatro, cantadores e poetas populares, ajudando a população a compreender os riscos de uma usina nuclear na região, assim como as possibilidades de gerar energia elétrica a partir do sol, dos ventos, de outras fontes renováveis de energia que não destroem a natureza e nem causam danos às pessoas. Uma das atrações da Caravana foi apresentação do espetáculo poético musical de educação ambiental Bicho Homem, que se utilizou do teatro e da literatura de cordel para abordar questões ambientais e o tema da energia nuclear.
Por onde passou, a Caravana Antinuclear realizou debates esclarecedores sobre a instalação da usina nuclear em Itacuruba, deles participaram representantes locais dos estudantes, organizações comunitárias, vereadores, secretários, comunidades indígenas e quilombolas da região. “Estamos diante de um impasse estrutural: desenvolvimento econômico sobre as bases de qual modelo energético?”, indagou o professor Claudio Ubiratan Gonçalves, do departamento de Geografia da UFPE, integrante da Caravana, durante a exposição ilustrada e informativa que realizou em Belém de São Francisco. Ele e o professor Heitor Scalambrini Costa realizaram palestras sobre os impactos e os riscos para a população com a instalação da usina nuclear. O grande público presente nesses debates participou, acompanhou atentamente e em alguns momentos de forma vibrante, manifestando-se contra a instalação da usina.
Lamentavelmente, as autoridades políticas dos municípios se mantiveram ausentes das atividades da Caravana. Fato curioso ocorreu em Belém de São Francisco, onde o prefeito Gustavo Caribé esteve presente na platéia do debate da noite, porém não se manifestou em momento algum, a não ser a sua mãe que diante das colocações e propostas do grupo de jovens de um grêmio estudantil local, que abriu o debate apontando as reais necessidades do município, se manifestou apresentando justificativas e procurando amenizar as críticas direcionadas à administração pública do município. O prefeito de Jatobá, João Gomes de Araújo foi o único das quatro cidades percorridas, que foi a público saudar a chegada da Caravana, participou de suas atividades e também assinou o abaixo-assinado contra a instalação da usina. “Hoje é um dia de muita reflexão para os cidadãos e cidadãs de Jatobá. Precisamos debater esse assunto fundamental para o destino de nosso município, mas precisamos buscar alternativas. A Prefeitura de Jatobá se sente parceira da Diocese de Floresta nesse processo”, disse o prefeito.

Um dos debates mais importantes sobre Energia Nuclear, durante a Caravana, ocorreu no auditório da Câmara de Vereadores de Floresta, com a palestra do professor Heitor Scalambrini Costa. Na mesa de abertura estiveram presentes o bispo diocesano de Floresta, Dom Adriano Ciocca Vasino, o professor da Universidade Centro Americana/UCA, Antônio Sidekum, a cacique Lucélia da tribo Pankará, o índio Alexandre da tribo Pankararú, o pároco de Floresta, o pastor evangélico de Petrolândia e o representante do Movimento Ecossocialista de Pernambuco/MESPE. “A Caravana é uma oportunidade de definirmos sobre o nosso futuro, se somos contra ou a favor da instalação de uma usina nuclear em nossa região. As populações precisam ser bem informadas, para que possam atuar e exercer o protagonismo social em relação ao futuro da vida na sociedade, em especial da vida do povo sertanejo” - ressaltou o bispo de Floresta, Dom Adriano Vasino.
Em sua exposição na Câmara dos Vereadores de Floresta o professor Heitor Scalambrini afirmou: “Existem caminhos diferentes para o tão desejado e pretendido progresso, com a criação de empregos e geração de renda, beneficiando mais e mais famílias. O que está na realidade ocorrendo em Pernambuco, patrocinado pelo governo estadual, é uma deliberada atração de instalações industriais com alto risco podendo ocorrer acidentes graves, que ocorrendo trazem agressões severas ao meio ambiente, e produzem emissões poluentes extremamente venenosos para a saúde pública. O que se espera de qualquer governo municipal, estadual e federal, e a preservação do meio ambiente e da saúde daqueles moradores próximos a estes empreendimentos de alto risco”.
 
Várias pessoas que estavam no plenário Câmara manifestaram suas opiniões no debate e unanimemente se pronunciaram contra a instalação da usina nuclear na região. “O que se verifica é uma irresponsabilidade com o futuro. O modelo de desenvolvimento adotado em Pernambuco tem conceitos e paradigmas do século passado, ultrapassados em relação à realidade e as exigências do século XXI. O desenvolvimento tem que ser parceiro, da preservação ambiental, e trazer conseqüências positivas na geração de empregos e renda, saúde, habitação, saneamento, educação, lazer, cultura. E não basta somente o discurso do desenvolvimento sustentável, é preciso agir como tal”, enfatizou Scalambrini.
 
O domingo foi um dia especial para a Caravana Antinuclear, já que ela encontrava-se em Itacuruba, onde é prevista a instalação da usina nuclear. Logo de manhã, enquanto eram montadas as exposições e estandes na Praça do Coreto, uma movimentação tomava conta da aldeia dos índios Pankará. De lá, um grupo de índios e representantes de organizações que participavam da Caravana partiram para a beira do rio São Francisco onde foram aguardar os índios das tribos Tuxá e Pankararé. A Caravana Antinuclear favoreceu que os povos indígenas revivessem esse momento histórico, que não acontecia desde a construção da barragem de Itaparica. Os Tuxá e Pankararé vieram de Rodelas, na Bahia e chegaram de barcos na prainha, em Itacuruba, depois de uma travessia pelo rio São Francisco.
 
No último dia, o secretário de Educação de Jatobá, Climério Tadeu saudou a chegada da Caravana a cidade com um poema de cordel de sua autoria intitulado Nosso Sertão Não Merece Uma Usina Nuclear e afirmou que a sua Secretaria está comprometida e engajada em barrar esse projeto. Assim como aconteceu em Belém de São Francisco, Floresta e Itacuruba, um grande número de moradores de Jatobá fizeram fila no estande de coletas de assinaturas para os abaixo-assinados contra a instalação da usina nuclear. As 2000 assinaturas coletadas durante os quatro dias serão encaminhadas ao governo, juntamente com a Carta de Itacuruba, documento elaborado pela Caravana Antinuclear.
 
“Esperamos que a Caravana Antinuclear tenha trazido um alerta às populações sobre os riscos da instalação dessa usina na região. O governo decidiu e planeja instalar a usina nuclear, mas não faz um diálogo com a população, durante esses dias tivemos a oportunidade de constatar o quanto o povo está desinformado. A Caravana veio para cumprir esse papel, por isso foi muito importante a atuação das organizações locais que ajudaram a mobilizar um grande número de pessoas”, afirmou o coordenador da Caravana, físico e professor Heitor Scalambrini Costa.
 
Fotos disponíveis no site: http://www.mespe.com.br
Contato: Heitor Scalambrini Costa – 9964.4366
Jornalista/Assessor de Imprensa: Gerson Flávio – 8649.8759 ou 7812.0080
Mais informações e agenda completa das atividades da Caravana Antinuclear nas cidades acesse:www.mespe.com.br
ENVIADO PELO COLABORADOR ENG. JOÃO SUASSUNA - REMA ATLÂNTICO UFPE


LEIA MAIS: 

Audiência Pública discute possibilidade de implantação de Usina Nuclear em Itacuruba - PE - clique

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Um comentário:

  1. Exposição Fotográfica “Mãos de Césio”: Uma exposição fotográfica de Norbert G. Suchanek e do Arquivo Amarelo sobre o maior acidente nuclear ocorrido no Brasil, o acidente radiológico de Goiânia, conhecido como o acidente com o Césio 137. Um prédio do Instituto Goiano de Radioterapia destruído e abandonado com um aparelho de radioterapia desativado dentro foi a causa deste “Chernobyl do Brasil”, que foi classificado como nível 5 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares. Um aparelho construído nos anos 1950 para tratar câncer virou uma bomba radioativa, quando dois catadores de ferro velho, sem conhecimento do perigo, tiraram este aparelho com quase 20 gramas da substância radioativa, o Césio 137. Assim começou uma reação em cadeia que afetou e destruiu a vida de centenas de pessoas. A parte afetada do corpo mais visível foram as mãos, porque com elas foram feitos os primeiros contatos com este elemento altamente radioativo.

    Mãos de Césio: com fotos do Acervo da Associação das Vítimas do Césio 137 de Goiânia (AVCésio), do Programa Memória Roberto Pires e do Centro de Pesquisa e Documentação do Jornal do Brasil (CPDoc JB).

    Até agora dezenas de vítimas do Cesio-137 ainda não ganharam ajuda e indenização suficientes. Depois do Rio de Janeiro, a exposição foi exibida em Salvador e na Caravana Anti-Nuclear do Nordeste. No momento a exposição está apenas disponível em portugues, mas já recebeu convites internacionais e em breve estará rodando o mundo.

    O Uranium Film Festival e o Arquivo Amerelo convidam cidadãos e empresas conscientes para apoiar esta iniciativa.

    www.uraniumfilmfestival.org

    http://www.ecodebate.com.br/2011/06/16/maos-de-cesio-agora-em-suas-maos-exposicao-sobre-acidente-nuclear-de-goiania-on-tour/

    http://www.ecodebate.com.br/2011/04/25/maos-de-cesio-no-rio-de-janeiro-exposicao-fotografica-sobre-o-maior-acidente-nuclear-ocorrido-no-brasil/

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