Embora a pesquisa não esteja pronta, a mera possibilidade de que a água do rio – que banha 184 municípios de Minas, Rio e São Paulo – seja desviada é alvo de críticas de ambientalistas, autoridades e populações ribeirinhas. Todos preveem danos ao meio ambiente e repercussões sociais negativas. “Qualquer tipo de transposição traz mais impactos negativos do que positivos”, avalia o biólogo Geraldo Majela Sálvio.
Coordenador do grupo de Pesquisas em Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (Ifet/Sudeste/MG), em Barbacena, Sálvio lembra que a mudança do fluxo natural do rio atrapalha, por exemplo, o ciclo reprodutivo de peixes que dependem da migração para procriar.
Segundo o biólogo, que é coordenador da organização não governamental (ONG) Brasil Verde, o menor volume de líquido também leva a um processo de eutrofização, provocado por micro-organismos que se multiplicam e consomem muito oxigênio da água. “Hoje, mais de 90% da poluição é causada pelo esgoto. Reduzindo a quantidade de água, aumenta-se a poluição”.
O Paraíba do Sul nasce na Serra da Bocaina, em São Paulo, com o nome de Paraitinga. Em Minas, banha 88 municípios e, na Zona da Mata, separa o território mineiro do fluminense. O curso d’água percorre 1.137 quilômetros até a foz em São João da Barra, no Norte do Rio de Janeiro.
O historiador Plínio Alvim, de Além Paraíba, diz que desde o começo do século passado o rio é alvo de transposições. Uma delas, na fronteira de Minas com o Rio, desviou cerca de três quilômetros do leito para a construção da usina da Ilha dos Pombos, na década de 1920. A usina pertence à empresa Light.
Em 1946, grande parte das águas do rio Paraíba do Sul foi desviada em Barra do Piraí (RJ) para o rio Guandu, alimentando reservatórios hidrelétricos e abastecendo 10 milhões de pessoas na capital fluminense. Segundo Osman Fernandes da Silva, especialista em recursos hídricos da Agência Nacional das Águas (ANA), esta transposição é da ordem de 180 metros cúbicos de água por segundo, representado 63% da vazão do rio na região.
Nas próximas semanas, 340 metros cúbicos de água por segundo, o equivalente a 77% da vazão na divisa de Minas com o Rio, serão desviados em Anta (RJ). Eles chegarão, por meio de um circuito hidráulico paralelo de 30 quilômetros formado por túneis, canais e diques, até os geradores da Usina Hidrelétrica de Simplício, do Sistema Eletrobrás/Furnas, em Além Paraíba. Lá, as águas retornarão ao leito do rio.Fonte: HOJE EM DIA
BLOG SOS RIOS DO BRASIL
Depois é só aguardar a vingança da Natureza... pois não tem como ela se proteger, sendo nosso papel, mas a vingança é inevitável!!!
ResponderExcluir