13 de Fevereiro - Dia do Descobrimento do Rio Amazonas
Descobrir e redescobrir o grande rio das Amazonas. As relaciones de Carvajal (1542), Alonso de Rojas SJ (1639) e Christóbal de Acuña SJ (1641)"*
Maria Cristina Bohn Martins
Profª Titular dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação em História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS
O artigo analisa três narrativas acerca da conquista européia da América. Tratam-se das "relaciones" de Carvajal, Rojas e Acuña, as quais, escritas entre 1542-1641, contribuem para repertoriar o espaço amazônico, assim como para construí-lo simbolicamente.
Desde seus momentos iniciais, o processo de descobrimento, conquista e colonização espanhola da América fez-se acompanhar de uma intensa e extensa elaboração discursiva. Diários, cartas e informes inicialmente e, depois, leis, crônicas e histórias, entre outros, formam um corpus textual que pode ser organizado em vários tipos discursivos1. Entre eles encontram-se as "relações do descobrimento e da conquista" como as que, referentes à Amazônia dos séculos XVI e XVII, estudamos neste artigo. O que propomos para tanto é analisar como os imperativos de escolha de um dado tipo discursivo, as suas qualidades formais, bem como as condições políticas em que ele foi produzido, incidem sobre o que veio a ser narrado.
1. Os "Marañones" e o Grande Rio
Em meados de setembro de 1542, um grupo de homens a pé, seminus, doentes e famintos, chegou a Quito em meio à surpresa dos que os observavam. Eles eram capitaneados por Gonzalo Pizarro, irmão do poderoso conquistador do Peru, e haviam participado com ele da primeira grande expedição européia a explorar a Amazônia. Segundo o Padre João Daniel, missionário jesuíta do século XVIII2, resultou daí um dos nomes pelo qual o rio seria então conhecido entre os espanhóis : o Marañon.
Desta mesma tropa de Pizarro lhe vem o terceiro nome (...) porque (...) recebidos como homens ressuscitados (...) e perguntados pelo que tinham visto e observado, e que notícias traziam do lago Dourado e da rica cidade de Manoa (...) respondiam que tudo eram maranhas e mais maranhas, queriam dizer que tudo eram matos, lagoas, pântanos, voltas, rodeios e labirintos, por onde tinham andado embaralhados. Foi-se divulgando pouco a pouco o nome maranhas, até que ficou com alguma mudança perpetuado no rio o nome Maranhão; e assim o chamam os castelhanos propriamente desde o rio Pongo até as suas cabeceiras...3
A partir desta viagem inaugural, entre os séculos XVI e XVIII, um importante conjunto de relatos sobre a Amazônia foi produzido por diversos sujeitos, fossem eles aventureiros, funcionários das Coroas ibéricas ou missionários. Neles podemos encontrar dados que destoam da noção, por muito tempo corrente, de que a floresta tropical fosse pouco adequada para a sobrevivência humana e carente de recursos que viabilizassem a concentração e o desenvolvimento populacional. À medida em que estudos arqueológicos atuais fazem avançar uma nova compreensão sobre o passado da região, parece ser possível referendarem-se informações provenientes destes textos, especialmente quanto ao tamanho e complexidade das aldeias que se espalhavam pela várzea do Rio Amazonas. A imagem que assoma da sua calha a partir daí é a de "grandes populações reunidas em povoados de dimensões consideráveis, estruturas públicas com função político-cerimonial, capacidade de mobilização de numerosos guerreiros e existência de articulação social entre diferentes povoados"4. Esta é uma primeira acepção para o que chamamos "descobrir e redescobrir o Rio das Amazonas".
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