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17 de novembro de 2012

SOS TONINHAS, AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO EM SC



Projeto pioneiro tenta salvar as toninhas de 

extinção em SC


Um projeto pioneiro e inédito apresentado no Congresso Brasileiro de Oceanografia (CBO), no Rio de Janeiro, pode representar um importante passo para a preservação das toninhas, tipo de golfinho ameaçado de extinção na costa brasileira. Capitaneado por pesquisadores da Univille, com sede em Joinville e São Francisco do Sul (SC), o “Projeto Toninhas” conseguiu desenvolver um processo de captura e marcação dos indivíduos residentes na Baía da Babitonga (localizada também em Joinville) para monitorar a espécie.

O projeto foi apresentado na mesa formada nesta quarta-feira no CBO para tratar dos “Desafios no Estudo de Mamíferos Marinhos no Brasil”. Ao fazer a captura da toninha, com a utilização de procedimentos que envolvem alta tecnologia e muito planejamento, os estudiosos instalaram transmissores que acompanham, via satélite, o comportamento dos indivíduos. “Trata-se da primeira operação de captura e marcação de pequenos mamíferos marinhos em águas brasileiras”, conta a coordenadora do Projeto Toninhas, Marta Cremer.
No congresso, que reúne especialistas em ciências marinhas de todo o Brasil, a bióloga explicou como funciona o mecanismo de captura, os riscos que ele envolve, já que o animal pode morrer, quais os avanços do Brasil neste tipo de procedimento e qual a importância do pioneirismo deste trabalho. Como se trata de um tipo de golfinho muito peculiar, um dos menores do mundo e com atitudes muito particulares, o trabalho de captura e marcação se torna imprescindível nos procedimentos e estudos para tentar estancar os riscos de extinção.
Marta detalha: “Com a marcação é possível obter uma série de informações que, de outra forma, seriam muito difíceis. Isso porque a toninha é tímida, discreta, não salta e mostra muito pouco do corpo quando vem à superfície. Temos, então, muitas limitações para estudar esse animal”.
Pressão – O grupo escolhido pela equipe da bióloga para ser monitorado vive em condições únicas no mundo. Trata-se de uma população de toninhas alocadas na Baía da Babitonga. É raro, segundo Marta Cremer, pelo fato de esta espécie viver, normalmente, em mar aberto. O alvo é certeiro, já que por estar numa área de baía, existem fatores de risco externos bem fortes. “Neste caso, você tem cidades muito próximas da baía e tem toda uma pressão para construção de empreendimentos, que, claro, ameaçam esses animais, que já são muito sensíveis”, explica.
A principal ameaça de morte aos indivíduos conhecida atualmente é em função das capturas acidentais de toninhas em redes de pesca. Como elas vão muito perto da costa, o problema é recorrente. De acordo com os estudos, atualmente o número de mortes de toninhas no Brasil já é superior ao de nascimentos, o que é preocupante. Estudos extraoficiais dão conta de que hoje existam cerca de 30 mil animais na costa brasileira.
Mas até o acesso aos números é difícil por fatores externos. “Temos dificuldade de acesso a números porque dependemos dos pescadores que relutam em dar informações, pela própria atividade deles. Eles têm medo de que a gente vá interferir. É uma situação então bem complexa”, lamenta a bióloga.
Mapa da extinção – Além da área oceânica do Brasil, o projeto Toninhas mapeia as águas uruguaias e argentinas. Os estudos mostram que, nestes dois países, além do estado do Rio Grande do Sul, o estágio de morte é avançado. Isso porque ali é muito intensa a pesca, com a existência de grandes pesqueiros e grande número de barcos de porte atuando com redes. A mortalidade acidental, então, é maior. A vantagem, segundo Marta, é que, ao mesmo tempo, as comunidades são maiores.
Já na região dos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio e Espírito Santo, o quadro é inverso. Como a atividade pesqueira é menos intensa, a mortalidade de toninhas é menor. Em compensação, nestas áreas existem menos indivíduos e um processo acelerado de transformação da costa. “Com a construção de empreendimentos e portos, principalmente, existe um grande impacto nos animais por vários fatores, como ruídos e movimentação de barcos, que tensionam a situação”. (Fonte: Portal Terra) - AMBIENTE BRASIL

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