Cuiabá, vida e morte de um rio
É de água que um rio é feito. É de água que hoje enchem-se os olhos de moradores ribeirinhos do Cuiabá. Lágrimas que até o ano passado existiam, mas não eram tão expressivas. Desmatamento, esgoto e dragas são um problema antigo na Baixada Cuiabana, conforme demonstram estudos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), mas agora o copo transbordou. A Usina de Manso chegou e os pescadores estão afogados em desilusão.
Talvez pela proximidade do rio, os ribeirinhos sejam os primeiros a sentir os reflexos de tanta agressão ambiental. Em pouco tempo comparar o até então caudaloso Cuiabá com o Tietê, de São Paulo, não será exagero. Assim como hoje consideramos privilegiados aqueles primeiros bandeirantes, que há três séculos conheceram águas transparentes e matas ciliares densas, seremos em breve privilegiados, também, por já termos visto pescadores com linha e anzol nas mãos.
O Diário de Cuiabá não poderia fechar os olhos para esta realidade. Por isso, nossos repórteres foram em busca de explicações. O que têm a dizer os ribeirinhos que não são ouvidos por autoridades de nenhum escalão? Do conhecimento natural ao científico, ouvimos especialistas. Na mesma escala, pesquisadores estão revoltados. E respostas dos que são oficialmente responsáveis também estão aqui. Cabe a você analisar.
Para a confecção deste suplemento foram ouvidas pelos repórteres Gibran Lachowisk, Joanice Pierini Loureiro e Rodrigo Vargas cerca de 30 pessoas. A partir de hoje todo este conteúdo estará no site www.diariodecuiaba.com.br para que internautas do mundo todo possam saber o que está acontecendo no centro da América do Sul. Na página da internet, um espaço para comentários aguarda a sua opinião.
Nossas lentes fotográficas também trabalharam na confecção deste suplemento. A foto escolhida para a capa do caderno, de um pescador com um curimbatá nas mãos, mostra um peixe de pequeno tamanho. Espécies como o pintado, pacu ou dourado são cada mais raras no rio Cuiabá.
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de água.
Entre os sobreviventes, estão os rios Manso (por causa da usina e dos interesses diversos que o cercam), o Coxipó e o ribeirão do Lipa. Alguns dos exauridos: os ribeirões Marzagão, Forquilha, Aleixo, Pai Caetano, Buriti e Pariba.
No lado direito, somam-se 12; ou melhor, 3, pois 9 estão em fase terminal. Constam apenas sob aspecto quantitativo dos mapas geográficos dos cursos acadêmicos e servem para enfeitar as paredes das repartições públicas.
Os vivos são os rios Nobres (próximo da cabeceira), o córrego Cuiabazinho (que, atualmente, está com fluxo de água maior que o Manso) e o Quibó.
Nomes de certos reservatórios naturais que soam apenas como decorativos: os rios Jangada e Pari, o córrego Carandá e o reibeirão Esmeril.
As informações são da Coordenadoria da Defesa Civil do Estado de Mato Grosso, cujos funcionários percorrem anualmente os rios, córregos e ribeirões que se ligam ao Cuiabá, da cabeceira até a foz.
Ele é formado pelos rios Cuiabá da Larga (margem direita) e Cuiabá do Bonito (esquerda), que se encontram na região de Limoeiro, no município de Rosário Oeste. E desemboca no Pantanal, ao se encontrar com o rio Paraguai.
O Cuiabá é o rio que mais deposita água no Pantanal mato-grossense. Em seguida aparecem o Miranda e o Taquari, de Mato Grosso do Sul.
O Cuiabá possui 934 quilômetros de extensão, segundo uma cartilha da Defesa Civil de 25 de maio de 1993. Porém, o professor José Roberto Borges Monteiro, do Departamento de Botânica e Ecologia da UFMT, afirma em um artigo sobre mata ciliar, publicado este ano no livro “Rio Cuiabá Como Subsídio Para Educação Ambiental”, que a distância entre seu começo e seu fim é de 828 quilômetros.
Monteiro acrescenta que a área de drenagem do Cuiabá corresponde a 3,8 mil quilômetros quadrados, composta por extensas seções de veredas.
A aniquilação dos “braços d´água” vem ocorrendo com maior incidência de 10 anos para cá, assegurou Domingos Valerio Iglesias, coordenador da Defesa Civil.
A razão para a mortandade do rio é o esgotamento do lençol freático (camada líquida logo abaixo do solo). O que abastece e garante a retenção de água nesse reservatório subterrâneo é a quantidade de chuvas, o tipo de solo da bacia hidrológica, a cobertura vegetal e as ondulações do terreno.
Portanto, apenas o desmatamento configura-se majoritariamente como ação do ser humano. As demais são provocadas pelo processo de resfriamento das águas do oceano e pelas condições atuais da crosta, pois o formato e a constituição do subsolo e do relevo são resultados de uma evolução transcorrida durante milhões de anos, marcada por ações e reações de fenômenos naturais, como as ventanias e as enxurradas. É o que garante Iglesias.
VEJA MAIS:
Fonte: Reportagem Especial DIÁRIO DE CUIABÁ - http://www.diariodecuiaba.com.br/especial2.php?cod=4
BLOG SOS RIOS DO BRASIL
ÁGUA - QUEM PENSA, CUIDA!
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