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11 de janeiro de 2013

RIOS DA BACIA AMAZÔNICA NÃO TÊM VOCAÇÃO PARA GRANDES RESERVATÓRIO, DIZ GOVERNO


Rios da Amazônia não serão alvo de "grandes reservatórios", diz MME



Se por um lado o governo planeja acionar permanentemente as usinas térmicas, medida de causar pânico entre ambientalistas, por outro, ele admite que o tempo de o Brasil construir hidrelétricas com grandes reservatórios, como fez durante as décadas de 70 e 80, já passou.
O esvaziamento dos reservatórios atuais fez reacender a discussão sobre a necessidade de se construir grandes represas, com o propósito de ter mais controle sobre a vazão da água e, assim, da geração de energia. Essa polêmica, no entanto, já não tem razão de existir, segundo Altino Ventura Filho, secretário de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia (MME).
"A próxima fronteira hidrelétrica do Brasil está na região Norte, nos rios da Amazônia, mas esses rios não têm vocação para grandes reservatórios. São rios de planície. Eles não têm, portanto, condições de ser fazer reservatório de regularização", disse Ventura.
O governo tem conseguido avançar com usinas na região Norte baseado em hidrelétricas a fio d'água. Nesse tipo de projeto, em vez de as turbinas aproveitarem uma forte queda do nível da água, elas utilizam a própria força de vazão do rio para gerar energia. Isso não significa, porém, que não exista uma barragem por trás das máquinas. Belo Monte, por exemplo, em construção no rio Xingu, no Pará, é uma usina a fio d'água, mas que se apoia na construção de um canal com cerca de 20 km de extensão e um lago com mais de 500 km quadrados de área.
Segundo Ventura, os principais rios da Amazônia voltados para o aproveitamento hidrelétrico - Xingu, Tocantins, Teles Pires, Juruena e Tapajós - não possuem condições topográficas e ambientais que viabilizem a construção de um "reservatório de regularidade". Esse tipo de represa de grande porte é construído pontos iniciais dos rios para que, ao longo de seu trajeto, uma sequência de usinas aproveite o fluxo da água para a geração de eletricidade.
É o que foi feito na década de 70 na Bacia do Rio São Francisco, com a construção da barragem de Sobradinho. A Chesf, do Grupo Eletrobras, ergueu uma sequência de usinas abaixo da barragem, um complexo que hoje responde por cerca de 15% da energia do país. "Os projetos do São Francisco permitem uma gestão com o aproveitamento máximo dele. Se decidíssemos fazer essa barragem hoje, ela certamente não seria feita por conta de restrições ambientais", disse Altino Ventura Filho.
Quando o sertão virou mar em Sobradinho, foram inundados 4,2 mil km quadrados de terra, oito vezes a área que será alagada por Belo Monte, encarado hoje como o mais polêmico projeto hidrelétrico do país, ou do mundo.
A bacia do rio Paraná é outra que, além do São Francisco, possui reservatório de regularidade, onde foram instaladas as hidrelétricas de Furnas, Itumbiara e Nova Ponte. Com esse tipo de reservatório, explica Ventura, é possível fazer uma "gestão plurianual" da água, utilizando o estoque por até três anos, enquanto em usinas a fio d'água trabalha-se com apenas meses de controle da água.
Com ou seu regularidade, o fato é que grandes reservatórios vêm por aí. No rio Tapajós, as usinas de São Luís e Jatobá - ambas a fio d'água - estão projetadas para inundar um total de 1.368 quilômetros quadrados de floresta virgem, uma área quase do tamanho da cidade de São Paulo.
Os dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam que o Brasil é dono do terceiro maior potencial hidrelétrico do planeta. O país detém 10% de todo o recurso hídrico mundial, só atrás da China (13%) e da Rússia (12%). De todo esse potencial, segundo a EPE, apenas um terço é utilizado até hoje para geração de energia. Ocorre que 66% do que ainda não foi explorado está na região Norte. Segundo o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), atualmente há 30 usinas hidrelétricas planejadas ou em fase de construção na Amazônia.
O governo estima que, entre 15 e 20 anos, todo o potencial hídrico do país já estará aproveitado. "Não temos outra saída. Vamos buscar outras formas de geração", disse Altino Ventura Filho, do MME. MANCHETES SOCIOAMBIENTAIS



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