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18 de abril de 2013

Saiba por que vivemos uma epidemia de dengue na Baixada Santista


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A prefeitura vem sendo alertada pelo Instituto EcoFaxina desde 2009

Seis dos nove municípios da região metropolitana da Baixada Santista estão em estado de epidemia de dengue. Peruíbe, última cidade a anunciar a epidemia, registrou 204 casos confirmados desde o início do ano. Esta é a primeira vez que a cidade decreta epidemia da doença.

Também estão em estado de epidemia de dengue na região os municípios de Santos (até 8 de abril, registrou 4.045 casos, com uma morte), Guarujá (367 casos confirmados até o último dia 3), Praia Grande (3.315 casos), São Vicente (542 casos confirmados, com uma morte) e Cubatão (935 casos confirmados até o dia 4). Não estão em estado de epidemia os municípios de Bertioga, Mongaguá e Itanhaém.

Porque vivemos uma epidemia?

Ressoar Solidário 2011 - 28ª Ação Voluntária EcoFaxina
Margem do estuário de Santos na região da Zona Noroeste da cidade. Crédito: Instituto EcoFaxina
Para esclarecermos essa questão precisamos observar as condições de saneamento na região. O Instituto EcoFaxina vem alertando a prefeitura de Santos desde 2009 sobre uma eminente epidemia, e que essa epidemia seria potencializada pela enorme quantidade de resíduos sólidos, contendo milhares de embalagens e objetos plásticos depositados nas margens da ilha e por todo o estuário de Santos, acumulando água da chuva e propiciando a proliferação do mosquito vetor da doença. Além do surgimento de uma nova variante do vírus, a dengue tipo 4 (DEN-4), que traria riscos para quem já tivesse sido infectado pelas outras variantes do vírus.

O alerta do Instituto EcoFaxina sobre a proliferação do mosquito Aedes aegypti se deve sobretudo as condições socioambientais de Santos. Não é só porque a população é pobre que o mosquito vai sempre alcançar as condições ideais para se desenvolver. São as políticas públicas, ou ausência delas, que definem a limpeza do espaço urbano.

Em Santos a deficiência em uma política habitacional que atenda as necessidades dos grupos sociais menos favorecidos propicia a ocupação de áreas de manguezal e de morros, onde milhares de famílias vivem sem saneamento, descartando de maneira inadequada os resíduos gerados em suas residências, no caso das palafitas, diretamente nas águas estuarinas. E o problema não se restringe a dengue. O acúmulo de resíduos nas margens do estuário propicia também a proliferação de ratos, baratas e outros insetos vetores de doenças.

Confira o vídeo que mostra o descaso com o meio ambiente e a saúde pública:


Esse grave quadro de degradação socioambiental presente na cidade de Santos se apresenta em todos os municípios da Baixada Santista, gerando impactos negativos no meio ambiente, na saúde, na pesca, no turismo, no transporte aquaviário e no bem estar social na região.

Combate a poluição ambiental

Com o objetivo principal de diminuir o descarte e a quantidade de resíduos acumulados nas margens do estuário, o Instituto EcoFaxina apresentou em 2009 para a prefeitura de Santos o projeto "Sistema Ambiental de Coleta de Resíduos", na ocasião entregue para o então secretário do meio ambiente Flávio Rodrigues Corrêa, que chegou a anunciar publicamente uma parceria entre a prefeitura e o Instituto EcoFaxina.

Monitoramento Ambiental / Environmental Monitoring
Jovem habitante de palafita na Zona Noroeste, Neto aguarda uma oportunidade de trabalho. Crédito: Instituto EcoFaxina

Muitos jovens coletam plástico na "maré", como costumam chamar o estuário, para vender e complementar a renda familiar. Contudo, devido as condições em que o material é vendido, sem estar prensado ou beneficiado de alguma maneira, acabam obtendo um valor extremamente baixo na venda.

Maicon, jovem evangélico habitante de palafita na Zona Noroeste, complementa a renda da família com a venda do plástico coletado no estuário de Santos. Crédito: Instituto EcoFaxina

Levando em conta essa situação o Instituto EcoFaxina propôs a formação de uma frente de trabalho composta por jovens desempregados que habitam favelas de palafitas na região da Zona Noroeste de Santos, onde a contrapartida da prefeitura seria a concessão de um espaço localizado no bairro do Jardim São Manoel para a implantação de um galpão. Os Agentes Ambientais de Coleta de Resíduos, como seriam nomeados os jovens trabalhadores, fariam a coleta nos manguezais com o auxílio de barcos e balsas de alumínio, e transportariam o material para o galpão, onde seria realizada a triagem, o beneficiamento, a venda do material reciclável e o encaminhamento correto de outros materiais, como os resíduos eletrônicos que poluem com metais pesados a água, o sedimento, o pescado e as pessoas que consomem pescado.

É comum encontrarmos jovens desempregados da Zona Noroeste coletando plástico na "maré". Verdadeiros ambientalistas que ajudam o meio ambiente complementando a renda familiar com a venda do plástico que sufoca os manguezais e os animais que o ingerem confundindo com alimentos. Crédito: Instituto EcoFaxina

Esperanças na nova gestão

A diretoria do Instituto EcoFaxina, sempre atuando unicamente em prol do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável, manteve e continua mantendo diálogo aberto com todos os representantes e setores políticos de Santos. Contribui ativamente na construção de políticas públicas para a área ambiental da cidade participando de reuniões com vereadores e administradores públicos ao longo dos últimos quatro anos, assim como com as equipes de governo dos candidatos Fábio Alexandre de Araújo Nunes e Paulo Alexandre Barbosa, em discussões sobre os planos ambientais de governo para a cidade durante os dois anos que antecederam as últimas eleições. As duas equipes mantiveram um parecer favorável a implantação do Sistema Ambiental de Coleta de Resíduos, e apesar dos problemas enfrentados nos primeiros cem dias da nova gestão pública municipal, o Instituto EcoFaxina mantém a expectativa para a formalização de uma parceria com a prefeitura de Santos. Como afirmou o vice-prefeito, Eustázio Alves Pereira Filho, "A contrapartida do município é o mínimo que a prefeitura pode oferecer".

É certamente uma parceria que prevê um extraordinário custo benefício econômico, mas sobretudo, contabilizado em ganho de qualidade de vida para as pessoas e para os animais marinhos.

No vermelho

Contudo, passados mais de 4 anos de sua fundação o Instituto EcoFaxina mobilizou 670 voluntários, retirando 23.856 quilos de resíduos sólidos de ambientes naturais em 34 Ações Voluntárias EcoFaxina, incluido 4 realizações de Trote Ecológico com calouros da Universidade Santa Cecília. Esteve presente em diversos eventos discutindo e divulgando informações sobre a poluição ambiental por plástico na região, no Brasil e no Mundo. Faz parte ainda do Pacto Global da ONU, que estipula metas para o desenvolvimento sustentável e mantém um canal de comunicação através de relatórios enviados periodicamente a sede da ONU.

O trabalho do Instituto EcoFaxina já foi destacado pela mídia através de reportagens em revistas, jornais e televisão. Premiado em diversas ocasiões e eventos, no entanto, ainda não conseguiu uma contrapartida da prefeitura, em recursos financeiros e/ou materiais. Todas as despesas, até então, foram pagas com doações de seus associados, voluntários, familiares e amigos. Mas infelizmente, as contribuições de pessoas físicas não são suficientes para arcar com os custos da sede e do trabalho do Instituto EcoFaxina. Sendo com pesar que informamos a todos os associados, voluntários e amigos, que o Instituto EcoFaxina está prestes a encerrar suas atividades por falta de recursos, pois os associados não dispõem de condições financeiras para continuarem arcando com as despesas da instituição, que por ironia, foi contemplada no início deste mês com o Projeto de Lei do vereador Kenny Mendes (DEM), que torna o Instituto EcoFaxina uma Entidade de Utilidade Pública.

O vereador Kenny Mendes (DEM) apresentou no dia 4/4 o PL que torna o Instituto EcoFaxina uma Entidade de Utilidade Pública - "Estes jovens e voluntários são verdadeiros heróis da cidadania, porque trabalham para toda a coletividade”, declarou o vereador na ocasião. Crédito: Instituto EcoFaxina
http://www.institutoecofaxina.org.br/2013/04/saiba-por-que-vivemos-uma-epidemia-de-dengue-na-baixada-santista.html
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