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24 de maio de 2013

COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA É DISCUTIDO ENTRE GOVERNO E INDÚSTRIA NO PARANÁ

Governo e indústria discutem cobrança pelo uso da água


O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida, e o presidente do Instituto das Águas do Paraná, Márcio Nunes, reuniram-se com o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Capagnolo, para tratar da cobrança pelo uso da água. A partir do início do mês de setembro, grandes usuários e indústrias que utilizam água dos rios para produção e operação vão pagar pelo serviço.

O projeto piloto abrange a bacia do Alto Iguaçu, na área que vai da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) até União da Vitória, localizada no Sul do estado. De acordo com a proposta, todas as indústrias que retiram a água dos rios para sua operação, bem como as que utilizam a água para despejar efluentes tratados e as companhias de saneamento vão pagar.

Luiz Eduardo Cheida explica que a cobrança não é um imposto, mas uma remuneração pelo uso de um bem público, cujo preço é fixado a partir de um pacto entre os usuários da água - grande parte formado pelas indústrias, a sociedade civil e o poder público no âmbito dos Comitês de Bacia Hidrográfica.

"Os Comitês são responsáveis por propor ao Conselho de Recursos Hídricos os mecanismos e valores de cobrança a serem adotados na sua área de atuação", afirma Cheida. Para ele, a cobrança pelo uso da água é a prova de que o governo e a sociedade estão unidos para construir uma nova realidade, onde a sustentabilidade é o objetivo principal.

Dados do Instituto das Águas do Paraná - autarquia da Secretaria do Meio Ambiente responsável por implementar a cobrança - informam que cerca de 4,2 mil usuários têm outorga (autorização pública) para captar água ou despejar dejetos nos rios no Paraná.

O presidente do Instituto das Águas do Paraná, Márcio Nunes, lembra que a cobrança pelo uso da água é uma das ferramentas da política nacional e da política estadual de recursos hídricos - estabelecido pela Lei 9.433, de 1997.

"É uma ferramenta que institui valor econômico para a água e estimula o uso racional e sustentável dos recursos naturais", mencionou Márcio. A previsão do Instituto das Águas do Paraná é que seja cobrado um centavo por metro cúbico de água captada.

O diretor executivo do Instituto das Águas do Paraná, Everton Souza, garante que a cobrança pelo uso da água será implementada nas 12 bacias hidrográficas do Paraná e que a previsão de arrecadação é de R$ 20 milhões por ano. "A legislação estabelece que os recursos arrecadados só poderão ser investidos em ações para a recuperação das bacias hidrográficas em que são gerados", completa Everton.

FIEP - Para discutir os detalhes da cobrança foi criada uma Câmara Técnica de Cobrança do Comitê de Bacias do Alto Iguaçu. O Comitê é formado por representantes da sociedade civil, usuários - entre eles a Fiep - e governo. O tema entrará na pauta da próxima reunião do Comitê, que será realizada no mês de julho, em Curitiba.

O diretor de Meio Ambiente da Fiep, Irineu Roveda Junior, conta que a Federação participa como usuária de alguns Comitês de Bacia. O Comitê de Bacias do Alto Iguaçu apresentou um plano para a cobrança do uso da água - que está sendo discutido internamente pela Fiep. "Não somos contra a cobrança. Achamos que ela deve ser feita, mas de uma forma justa", enfatiza Irineu.

A Fiep vai reunir, nos próximos dias, representantes dos 20 maiores usuários da água da Bacia do Alto Iguaçu para debater sugestões relacionadas ao modo e a implementação da cobrança.

Irineu acredita que a cobrança feita por outorga não estimula o uso racional dos recursos hídricos. Como exemplo, ele cita o caso de uma indústria com outorga para utilizar 500 mil litros de água por mês. "Por que ela usaria menos, se paga por 500 mil litros?", questiona Roveda. "Estamos estudando a viabilidade da instalação de hidrômetros nas indústrias para que os empresários possam mensurar o quanto estão gastando e o quanto vão pagar. Assim, as empresas irão rever a sua forma de consumo", avalia.

Saiba mais sobre o trabalho do governo do Estado em:
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