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27 de maio de 2013

NOVAS FRONTEIRAS AGRÍCOLAS NO PIAUÍ COM TRABALHO GAÚCHO E BOA ÁGUA DO SUBTERRÂNEO



Poços jorrantes no vale do rio Gurguéia

Água jorra dos subterrâneos do Piauí e muda a vida de gaúchos que se mudaram para a região

Até parece miragem. Em pleno semiárido nordestino, onde a maior parte da população sofre com a estiagem, a água brota da terra com tanta força que chega a atingir 20 metros de altura.
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Você conhece esse lugar?  Churrasco e chimarrão nunca faltam por lá.  Se pensou no Sul. Melhor olhar para o Norte. Ou melhor, Nordeste: o Globo Repórter vai ao Piauí, perto das cidades de Uruçuí e Bom Jesus.
“O agronegócio precisa de mão de obra, a construção civil precisa de mão de obra. Todo mundo precisa de mão de obra aqui”, afirma o engenheiro civil Neidson Chaves
Dizem que no fim do arco-íris tem um pote cheio de ouro. Quem já foi pra lá, descobriu uma terra valiosa.
A maior riqueza dessa região não aparece na superfície. Ela está escondida debaixo da terra. O Vale do Gurgueia guarda a maior reserva de água subterrânea do Nordeste. É a terceira maior do país, um mar de água doce. Os moradores da região costumam dizer que basta cavar um buraco pra encontrar água. Onde tem água, tem vida, trabalho e prosperidade.
“Essa água é tão importante para a economia regional, que é uma coisa fantástica do ponto de vista para desenvolvimento de atividade econômica. Nós temos aqui água suficiente para atender uma demanda grande de agricultura familiar”, afirma Francisco Lages, diretor do Serviço Geológico do Brasil - PI.
Até parece miragem. Em pleno semiárido nordestino, onde a maior parte da população sofre com a estiagem, a água brota da terra com tanta força que chega a atingir 20 metros de altura. A água sai do poço quentinha, a 36°C.
É um espetáculo da natureza que enche os olhos e serve de motivação pra muitos nordestinos voltarem pra casa.
“Se o nordestino trabalhar aqui igual ele trabalha para os outros em São Paulo, ele fica rico”, explica Neto Moura, produtor rural. “Eu sentia muita falta desse lugar, meu coração é aqui”, completa.
Antes de comprar um pedaço de terra, Seu Neto fez o caminho de muitos nordestinos. Foi pra São Pauloganhar a vida. “Eu trabalhei de ajudante em construtora, trabalhei em metalúrgica, depois comecei a trabalhar de motorista”, conta.
No Piauí, Seu Neto virou patrão: é dono de poço, é outra vida. Com água e com peixe então, felicidade completa. “Com água, com o peixe, com as vacas, e o leite e o boi, né? Pouco dinheiro no bolso, mas dá pra viver”, , brinca Seu Neto.
As plantações de soja, milho e feijão estão tomando conta do sul do Piauí. Por isso, tantos gaúchos foram pra lá também.
“A gente veio pra cá procurar um lugar melhor e encontrou duplamente, triplamente melhor. Trouxemos um pedaço bem grande do Sul para cá”, diz Celso Werner, da Associação de Produtores Rurais de Santa Rosa - PI.
Seu Agenor e dona Delourdes também são do Sul. Foram com os quatro filhos para o Piauí e lá, a família aumentou: a netinha é uma legítima piauiense.
“A sorte que nós tivemos é que toda a família ficou unida e todos gostam daqui”, diz Seu Agenor.
Seu Agenor foi na frente da família para o Piauí e partiu em busca da terra prometida a mais de 3 mil quilômetros de distância. A chegada ao Piauí foi uma aventura
Os desbravadores da nova fronteira agrícola ocuparam as terras que ninguém queria. Locais inexplorados de difícil acesso. Foi no alto das serras a mais de 600 metros de altitude, nos chamados chapadões, que os migrantes do sul do país e mais recentemente as empresas do agronegócio encontraram terreno fértil para criar um dos mais prósperos pólos de desenvolvimento regional do país.
Homem de visão, o Seu Agenor pagou a terra com sacos de soja, à prestação. “A terra era muito barata, foi isso que nos trouxe aqui”, explica.
Homem de coragem, o Seu Agenor. Dona Delourdes também foi guerreira. “Foi uma mudança tão grande que eu falei: ‘gente, é igual cortar a cabeça e pôr outra em cima. Não tem comparação com o que era lá e chegar aqui no meio do mato, começar uma vida assim. A gente pegou um dinheirinho da sogra emprestado para vir”, lembra.
Quando chegou, Seu Agenor e os amigos logo trataram de conhecer o negócio. Desde então, as montanhas de soja não pararam de crescer.
Caminhar nas montanhas de soja é difícil, complicado. Assim como a trajetória dos agricultores, que este ano enfrentaram uma grande estiagem em plena época do crescimento dos grãos. A expectativa de colheita foi frustrada. Mesmo assim, eles colheram 1,1 milhão de toneladas de soja.
“Ainda há espaço para outras pessoas construíram a vida aqui?”, pergunta a repórter.
“Pode. O Piauí tem tudo por fazer”, afirma dona Delourdes.
Nas grandes fazendas também tem vaga, mas tem que estar ligado nas novidades do campo.
“A mão de obra que mais falta é para operar os equipamentos modernos que se apresentam para o homem do campo. O Piauí não dispõe de uma mão de obra qualificada pra operar essas máquinas modernas que a gente tem no campo hoje”, comenta o produtor rural Altair Fianco.
É questão de tempo. Já tem escola técnica - de graça - na cidade de Bom Jesus. Os estudantes são disputados antes mesmo de receber o diploma.
“Você tem convicção que esta fazendo o curso certo na hora certa?”, pergunta a repórter.
“Sem duvida. Essa foi a melhor escolha profissionalmente para mim”, responde o estudante Adalberto Trindade.
Paulo Dionísio deixou a maior cidade do Brasil pra trás, e se instalou em Bom Jesus.
“Quando você deixou São Paulo e disse que vinha para o sul do Piauí, o que falaram?”, pergunta a repórter.
“O pessoal falou: ‘Você é louco. O que é que você vai fazer nesse lugar? O que tem no sul do Piauí?’ No sul do Piauí tem muita oportunidade, muito emprego, muita coisa boa pra acontecer, é um lugar que esta em franca expansão. A qualidade de vida é muito melhor, você tem mais tempo. Trabalha bastante, mas acaba tendo mais tempo para a família, mais tempo para os amigos. O meu salário aumentou em 80%’”, destaca gerente de loja Paulo Dionísio.
“Todo dia tem uma família nova, algum estranho na cidade ou ele vem explorar a agricultura, o comércio, o potencial da cidade”, explica o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Bom Jesus - PI, Cesar Marafon.
Marcos e Andréia acabaram de chegar. Trouxeram o filho, a esperança, e já estão fazendo planos. “Hoje, a gente vê que esse sonho de ter um pedaço de terra não é tão distante”, diz Marcos Sander, administrador da fazenda.
“O nosso futuro está aqui. Para nós, como um casal novo ainda, com um filho. Então acho que aqui que vamos conseguir dar um futuro bom para ele também”, completa Andréia Sander, mulher de Marcos. (http://g1.globo.com/globo-reporter)
Enviado pelo colaborador por João Suassuna - Inst. Joaquim Nabuco - PE


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