No Amazonas, 106 casas
flutuantes abrigam a
Comunidade Catalão
Casa ficam sobre toras de madeira que, molhadas, duram décadas.
Pelo Rio Negro, local fica a pouco mais de 40 minutos de Manaus
No Amazonas, a Comunidade Catalão é um reduto de tranquilidade a pouco mais de 40 minutos de Manaus pelo Rio Negro.
Quem mora lá vive sobre as águas, em casas flutuantes. E já são tantas, que na época da seca não tem mais espaço para novos moradores.
As ruas são feitas de água, e ninguém se surpreende. Todo ano, o nível do Rio Negro sobe, alaga quilômetros de margens e, na Comunidade Catalão, perto de Manaus, a vida segue sem transtornos.
Raimunda Queiroz de Lima, dona de casa: É calmo, a gente vive tranquilo aqui.
Repórter: É calmo nada, balança.
Raimunda: É, mas é só um banzeirinho que dá. Mas aqui a vida é muito boa aqui.
Repórter: É calmo nada, balança.
Raimunda: É, mas é só um banzeirinho que dá. Mas aqui a vida é muito boa aqui.
Dona Raimunda mora em uma das 106 casas da comunidade, e vive com conforto. Varandão, quatro quartos, uma cozinha de dar inveja.
Repórter: Eu estou vendo, as prateleiras são abertas, está com tudo de vidro em cima. E quando balança não tem perigo de cair tudo não?
Raimunda: Não, não cai nada, não.
Raimunda: Não, não cai nada, não.
A casa tem 200 metros quadrados e foi construída pelo marido dela. Seu Mauro nasceu lá. Sempre conheceu essa vida flutuante. Como os netos, hoje, começou a andar quase ao mesmo tempo em que aprendeu a nadar.
Quando cresceu, foi trabalhar com madeira e decidiu virar construtor.
Mauro Coelho de Lima: Fiz flutuante bom. Todo ano eu fazia um daqueles mais bonitos. E botei meus filhos para estudar.
Repórter: O senhor fez quantas?
Mauro: Umas oito.
Repórter: O senhor fez quantas?
Mauro: Umas oito.
Os filhos cresceram, mas não se afastaram. Dos seis, cinco moram em volta.
Uma foi feita pelo filho do seu Mauro, que herdou o ofício e a habilidade. Em 45 dias, Frank constrói uma casa de 150 metros quadrados que custa R$ 60 mil, com material já incluído.
Repórter: Uma casa dessas resiste quanto tempo?
Frank Queiroz Coelho, construtor: Para você vir e mexer nela trocar uma tábua aqui outra acolá, isso 15 anos.
Repórter: Quinze 15 anos pra primeira reforma?
Frank: É.
Frank Queiroz Coelho, construtor: Para você vir e mexer nela trocar uma tábua aqui outra acolá, isso 15 anos.
Repórter: Quinze 15 anos pra primeira reforma?
Frank: É.
Quem mora por aqui diz que essas casas são como peixes. Morrem se ficarem fora d'água. Elas são construídas para suportar bem esse balanço que é constante e que aumenta quando cai uma tempestade ou passa um barco grande. Mas, quando o rio seca, se elas se apoiarem sobre o terreno, que é irregular, o estrago vai ser grande. Elas bóiam graças a flutuadores. São sempre quatro ou cinco toras de uma madeira chamada açacu. Fora d'água elas secam e se estragam em menos de dois anos. Mas molhadas, duram décadas.
E em cima delas, as famílias vivem, montam bares, vendas. Toda família tem seu barco. Seja uma canoa pequena, a remo, ou um barco com motor potente. Senão, ninguém sai do lugar.
À noite chega, mas as ruas de água aqui da Comunidade Catalão não ficam desertas. Mesmo na escuridão, os moradores pegam os seus barquinhos a remo mesmo e se encontram em dia de culto.
Igreja da Congregação Cristã do Brasil, também flutuante
Um é o segundo templo construído pelo pastor Júlio Nabor Ribeiro. Ele fez questão de prepará-lo para receber muita gente.
Pastor: Em um dia de festa, umas 400 pessoas.
Repórter: Quatrocentas pessoas! E o que acontece?
Pastor: Alaga. A água fica em cima desse assoalho.
Repórter: Mas e isso não é perigoso não?
Pastor: Não, não.
Repórter: Deus protege?
Pastor: Deus protege.
Repórter: Quatrocentas pessoas! E o que acontece?
Pastor: Alaga. A água fica em cima desse assoalho.
Repórter: Mas e isso não é perigoso não?
Pastor: Não, não.
Repórter: Deus protege?
Pastor: Deus protege.
Há mais de seis anos não acontece um caso de afogamento. Violência por aqui é raridade. A Comunidade Catalão parece um paraíso na época da cheia.
Mas quando a chuva para, quando a água vai embora, é preciso buscar água potável na cidade, porque essa fica mais poluída, até pelo esgoto das casas. É preciso rebocar os flutuantes para acompanhar o rio, que fica menor.
Para não perder a tranquilidade, os moradores tomaram uma decisão.
Raimunda: Hoje a gente não aceita mais ninguém de fora.
Repórter: Não pode vir pra cá?
Raimunda: Não pode porque hoje nós temos espaço. Onde chegar você coloca. Mas daqui a alguns meses, não tem. Então já começa aquele problema ‘esse canto é meu’, que fica tudo aqui grudadinho. Mas continua crescendo. Todo ano tem uma casa a mais.
Repórter: Não pode vir pra cá?
Raimunda: Não pode porque hoje nós temos espaço. Onde chegar você coloca. Mas daqui a alguns meses, não tem. Então já começa aquele problema ‘esse canto é meu’, que fica tudo aqui grudadinho. Mas continua crescendo. Todo ano tem uma casa a mais.
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