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21 de agosto de 2013

PESQUISAS DO PROJETO CORAL VIVO CONSTATAM SETE ESPÉCIES DE PEIXES AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO (BA)


Pesquisadores constatam declínio de sete espécies de peixes na Bahia

Publicado em agosto 21, 2013 por 

Estudo inserido na Rede de Pesquisas Coral Vivo foi publicado em revista científica internacional
Realizado a partir de entrevistas com quatro gerações de pescadores locais vizinhos ao Parque Municipal Marinho do Recife de Fora, em Porto Seguro (BA), estudo que acaba de ser publicado na “Fisheries Management and Ecology” sinaliza inclusão de peixes de ambientes recifais nas avaliações de espécies ameaçadas de extinção. Ele foi desenvolvido pelos biólogos Mariana Bender, Sergio Floeter e Natalia Hanazaki, da Universidade Federal de Santa Catarina, e faz parte da rede de pesquisas do Projeto Coral Vivo, que é patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental, e pelo Arraial d’Ajuda Eco Parque. O lugar foi escolhido por ser uma das regiões mais ricas da costa brasileira em biodiversidade marinha.
Com o objetivo de ajustar os referenciais ambientais relativos aos impactos humanos nos ecossistemas marinhos, 53 pescadores foram perguntados sobre o maior peixe de cada espécie que já capturaram e o ano que isso ocorreu. Os da faixa etária com mais de 50 anos pescaram animais maiores comparados às gerações mais jovens. O badejo quadrado (Mycteroperca bonaci), por exemplo, há quarenta anos era pescado com 49 quilos, e atualmente com 17 quilos. “Alguns pescadores com menos de 31 anos não reconheceram espécies de peixes como o mero-gato e o cherne quando apresentados às fotos na entrevista”, relata a bióloga Mariana Bender.
O cherne (Hyporthodus nigritus) já está na lista vermelha global da IUCN (International Union for Conservation of Nature) como espécie ameaçada. “Além deles, detectamos que estão em declínio capturas de mero-gato (Epinephelus adscensionis), garoupa (Epinephelus morio), cioba (Lutjanus analis), dentão (Lutjanus jocu) e guaiúba (Ocyurus chrysurus)”, afirma a pesquisadora. Vale destacar que esses nomes populares são atribuídos aos peixes na região, mas podem variar ao longo da costa brasileira.
Consumo consciente para recuperação
Bender explica que todo o problema do declínio de peixes em escala global está diretamente ligado ao consumo pela população humana, como é o caso dos grandes atuns, tubarões, marlins, e também, dessas espécies de peixes que utilizam os recifes como habitat. “Os badejos e garoupas, particularmente, são muito apreciados na culinária pela sua carne. Dessa forma, é necessário promover o consumo consciente para que os estoques dessas espécies possam se recuperar”, ressalta Mariana Bender.
36% dos pescadores consideraram que suas atividades contribuíram para o declínio dos recursos pesqueiros. “Eles lembraram da época em que pescavam nos recifes do atual parque marinho – que agora é uma área de proteção integral – e retornavam com as canoas cheias de peixes”, relata Bender. Ela observa que enquanto os de idade mais avançada reconhecem o declínio de espécies de peixe e que a pescaria na região mudou consideravelmente nas últimas décadas, os mais jovens desconhecem que os peixes que hoje são raros já foram abundantes. Essas diferenças na percepção das quatro gerações de pescadores em relação ao meio ambiente e à conservação de recursos pesqueiros é um fenômeno conhecido como “referenciais dinâmicos” (em inglês, Shifting baseline syndrome).
Rede de Pesquisas Coral Vivo
O Projeto Coral Vivo, realizado através da Associação Amigos do Museu Nacional (Sanm), apoia pesquisadores e propostas de estudos voltados para a conservação de ambientes recifais ou coralíneos por meio da Rede de Pesquisas Coral Vivo, também patrocinada pela Petrobras. São disponibilizadas a estrutura da base em Arraial d’Ajuda (BA), com viveiros, aquários, bancada de microscopia, embarcação e veículo em terra, assim como apoio financeiro para custeio direto de serviços necessários para a realização do experimento, como passagens, alimentação, estada, e materiais de uso de campo, por exemplo. As propostas são avaliadas de acordo com critérios como: conteúdo, viabilidade, relevância para o meio ambiente, possibilidade de interação com outras pesquisas da Rede, custo estimado do apoio solicitado, e custo estimado de outras despesas realizadas pelo solicitante com recursos próprios. Mais informações: www.coralvivo.org.br.
Colaboração de Mercia Ribeiro, para o EcoDebate, 21/08/2013



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