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Sepultamento dos rios

10.09.2013 - Por Universo Jatoba

Que os rios que cortam as cidades do nosso país estão extremamente poluídos e degradados, todos sabem. Às vezes penso que gostaria de ter o poder de voltar ao passado (antes de 1500) só para ver como era o rio que hoje é um esgoto a céu aberto, que deságua no mar sem qualquer tratamento. Certamente, naquela época os rios eram limpos, belos, cheios de peixe, usufruídos pelos índios para matar a sede, para banho, navegação, pesca, etc.

Mas um fato lamentável, que tem ocorrido em algumas metrópoles brasileiras e também estrangeiras, é a total cobertura desses rios em determinados trechos. Chamadas de obras de urbanização, com a desculpa de que é melhor para a população cobrir os canais degradados com placas de concreto do que ter esgoto a céu aberto, na verdade o que ocorre é o sepultamento do corpo hídrico, pois acaba com a troca de oxigênio entre este e a atmosfera.

E, infelizmente, grande parte da população aprova este tipo de intervenção, pois não conhece as consequências ambientais que isso acarreta. E existe uma lógica para este fato: ninguém quer conviver com o mau cheiro e os perigos para a saúde que um rio poluído trás. Mas será que transformar o leito de um rio em parque, praça ou pista de corrida é a solução? O tratamento adequado dessas águas para acabar com a poluição não seria mais coerente?

Algumas consequências ruins que a galeria fechada criada com a cobertura dos rios traz: morte da fauna e flora desses mananciais, dificuldade e custos mais altos de manutenção e limpeza, transferência dos alagamentos para outros locais, criação de um ambiente não ventilado, quente, úmido e sem presença de luz, propiciando o desenvolvimento de comunidades de animais e insetos indesejáveis, tais quais ratos, mosquitos, etc., aprisionamento de gases, aumento da temperatura dos bairros por onde passa, impedimento que espécies que podem compor a paisagem urbana, como pássaros e peixes, se beneficiem das águas, etc.

Um exemplo de respeito à população e ao meio ambiente é o caso de recuperação do Rio Cheonggyecheon, em Seul, Coréia do Sul. Este, por volta de 1940 começou a ser degradado pela fixação da população ao seu redor, em consequência do crescimento econômico acentuado que o país experimentava. Com isso, o córrego foi aos poucos se transformando em esgoto e foi coberto, passando a ser uma via expressa. Mas em 2003, urbanistas decidiram derrubar a estrada e recuperar o rio, e tornar o espaço ao seu redor um parque urbano para a população. E foi o que ocorreu. Este valioso recurso hídrico, dado como morto devido ao seu grau de poluição foi recuperado e hoje desfrutado pela população em seus quase 5,8 km de extensão.

O resultado ficou impressionante. Sem contar que, segundo consta na página, “no trabalho de revitalização, mais de 75% do material da demolição da antiga via foi reutilizado para a construção do parque e reabilitação do córrego. Hoje, peixes, pássaros e insetos voltaram a povoar o local. E a área em torno do parque é em media 3.6 graus Celsius mais baixa do que em outras partes da cidade”. Confira! Fonte: http://universojatoba.com.br/sepultamento-dos-rios/

Rosana Jatobá

PORQUE NO BRASIL NÃO SE DEFENDE A "RENATURALIZAÇÃO DOS RIOS URBANOS" COMO FAZEM EM TODOS OS PAÍSES DESENVOLVIDOS?

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