Publicada em 02/04/2014
Seca e falta de água no Brasil? Por Mario Eugenio Saturno
Cientistas do INPE vêm, há anos, alertando que o centro-oeste e sudeste do Brasil tornar-se-ão desertos devido ao desmatamento da Amazônia.
Que o nordeste brasileiro tenha uma seca duríssima e consequente falta de água para consumo humano, não surpreende ninguém neste planeta. Que a cidade de São Paulo veja seu principal reservatório esvaziado em menos de um ano, isso sim parece ser uma grande novidade... Mas não é assim, cientistas do INPE vêm, há anos, alertando que o centro-oeste e sudeste do Brasil tornar-se-ão desertos devido ao desmatamento da Amazônia.
Segundo os cientistas do INPE, grande parte das chuvas de São Paulo e Brasília é devido à umidade da Amazônia, as árvores retiram água do solo amazônico através de suas raízes de até 18 metros de profundidades e umedecem o ar pela transpiração das folhas. Sem floresta velha, sem umidade, sem chuvas no Sudeste.
Talvez o baixo volume de água armazenado no Sistema Cantareira ainda não seja devido ao desmatamento, mas é um indicativo. Há um ano, em 24 de março, o nível medido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), era de 61,1% e, agora, está em 14,5%.
O governador de São Paulo pretende interligar o sistema Cantareira com o Jaguari, que faz parte da bacia do Paraíba do Sul. O que se busca é distribuir o excesso das águas, já que as chuvas não caem igualmente lá e cá. Porém, o governador do Rio de Janeiro, com medo da voracidade de São Paulo, é contra, já que o Rio não tem outras opções. É claro que o rio Paraíba não é do Rio, um acordo será feito e, convenhamos, a interligação das represas de São Paulo já vem com atraso.
Aliás, o governador Alckmin deveria mandar seu secretário de agricultura iniciar estudos de uso de barragem subterrânea, técnica que tem se mostrado eficiente no nordeste brasileiro.
E mais, os governadores deveriam economizar brigas inúteis e otimizar o consumo da água. A simples troca de válvulas por caixas de descarga já é significativo. De quantos milhões de válvulas antigas estamos falando nas duas grandes metrópoles brasileiras? E o reaproveitamento de água? Não pensam nisso?
E por que não incentivam o uso de água das chuvas? Pelo tamanho das enchentes dá para se ter uma ideia de quanta água cai gratuitamente, sem permissão federal, é perdida e ainda causa desastres... Falta de “insight” em dose dupla. Alguns milhões de caixas d’água ajudariam a reduzir as enchentes? Reduziria o consumo de água?
Se não resolver, por que não lidar com a impermeabilização do solo, que só aumenta a secagem do subsolo. Quantas ruas e calçadas podem ser aproveitadas para se construir (enterrar) caixas de armazenagem e infiltração?
Não custa lembrar que as águas só pertencem ao rio se estão nele. Poços tipo Amazonas podem ser construídos e suas águas extraídas, e sem permissão de nenhuma agência. A verdade é que com um gigante como o Tietê cruzando a cidade de São Paulo, a Sabesp deveria investir na coleta do esgoto até a entrada da cidade e aproveitar essas águas.
E com o esgoto, faça-se como a cidade de Ribeirão Preto que investiu apenas R$ 5 milhões para produzir mais de 8 mil m3 de biogás por dia, que geram 1,5 MW de eletricidade. Precisamos de políticos estadistas! Quem se prontifica?
Mario Eugenio Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.
Autor: Mario Eugenio Saturno
Fonte: O Nortão
Fonte: O Nortão
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