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2 de abril de 2014

RESERVATÓRIOS DE SOBRADINHO E XINGÓ CONTINUARÃO OPERANDO DESCARGA MÍNIMA DEFLUENTE EM ABRIL

Reservatório da Hidrelétrica de Xingó (AL)
chamada


ANA autoriza manter em abril redução de descarga mínima no São Francisco

Nesta quinta-feira, 27 de março, o Diário Oficial da União publica a Resolução ANA nº 416/2014, que prorroga até 30 de abril a redução temporária da descarga mínima defluente dos reservatórios de Sobradinho e Xingó, no rio São Francisco. Com isso, ambos continuam autorizados a liberar a partir de 1.100m³/s, em vez do patamar mínimo de 1300m³/s. O prazo anterior era até 31 de março.

A redução temporária da vazão mínima defluente dos reservatórios de Sobradinho e Xingó leva em consideração a importância dos reservatórios de Sobradinho, Itaparica (Luiz Gonzaga), Apolônio Sales (Moxotó), Complexo de Paulo Afonso e Xingó para a produção de energia do Sistema Nordeste e para o atendimento dos usos múltiplos da bacia. Além disso, a medida deve-se ao menor volume de chuvas na bacia do São Francisco nos últimos anos. Desde a Resolução ANA nº 442, de 8 de abril de 2013, está em vigor o patamar de 1.100m³/s.
De acordo com as resoluções da ANA sobre o tema, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), responsável por aplicar a redução temporária, está sujeita à fiscalização da Agência e deve dar publicidade das informações técnicas da operação aos usuários da bacia e ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) durante o período de vazões defluentes mínimas reduzidas.
Texto:Raylton Alves - ASCOM/ANA
Foto: Zig Koch / Banco de Imagens ANA

COMENTÁRIOS

João Suassuna - Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, Recife


Na minha avaliação, essa resolução da ANA será prorrogada até final de outubro do corrente, período no qual são iniciadas as chuvas na bacia do Velho Chico, principalmente nas regiões do Alto e Médio São Francisco. Entretanto, esse documento deveria servir de prova, mais do que clara, do reconhecimento das autoridades da impossibilidade de o rio São Francisco vir abastecer 12 milhões de pessoas no Setentrional nordestino que encontram-se sedentas. Não se pode estar brincando com esse tipo de assunto no nosso País, principalmente na região Nordeste onde as condições climáticas são desfavoráveis para esse tipo de aventura. A transposição do rio São Francisco passou a ser, no meu modo de entender, uma enorme brincadeira de mau gosto.


José do Patricínio Tomaz Albuquerque - Hidrogeólogo e Consultor
  • José Do Patrocínio Tomaz Albuquerque Amigo João Suassuna. Ainda esta semana o Jerson Kelmann, ex-diretor da ANEEL e da ANA, em entrevista (não lembro o jornal) disse que, por desconhecimento de causa, houve quem fosse contra a transposição, afinal, disse ele, a vazão transposta não representa mais que 2% da vazão do rio que, em nada seria afetada. Acredito que ele não conhece o que a transposição pode causar no trecho em que se situam as tomadas d'água, entre Sobradinho e Xingó. neste trecho, toda a vazão está destinada à geração de energia. Cada m³/s retirado significa uma redução de 2,3 MW na geração. Sabemos todos que vivemos sob ameaça de apagão, aqui e acolá explodindo para desespero das "otoridades" deste país e prejuízo de todos os brasileiros, em todas as suas atividades socioeconômicas. A interligação dos sistemas elétricos de todas as regiões naturais do Brasil, vista como a solução do suprimento de energia segura, falhou escandalosamente. No caso do São Francisco, a vazão regularizada por Sobradinho para geração de energia ( e, consequentemente, de todo o sistema CHESF). Inicialmente de 2.060 m³/s (95% de garantia e 5% de probabilidade de falha, o que ocorreu no apagão de 2.001, pois isso implica, como se verificou, em uma defluência maior que a afluência média de vazões), passou a ser de 1850 m³/s com 100% de garantia, o que não se verifica mais nos dias atuais, em razão da exploração da vazão de base do rio, a montante de Sobradinho, para uso em irrigação. Esse conflito, o Jerson Kelmann não percebeu. Tudo isto, sem levar em consideração os outros usos (abastecimento humano, urbano e rural, navegação, do gado, etc.) e a vazão mínima para satisfazer a demanda ecológica. Se um cidadão desse diz coisas tão sem fundamento técnico, é porque estamos mais perdidos que cego em tiroteio.
  • ENVIADO POR  João Suassuna — Última modificação 02/04/2014

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