Prestes
a ser captada pela primeira vez na história pela Sabesp (Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para abastecer a Grande São
Paulo, a água do chamado "volume morto" do Sistema Cantareira é
a mesma que já é
fornecida à população das regiões de Campinas e Piracicaba, no interior
paulista, segundo o DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica).
Em
ofício enviado no mês passado ao MPE (Ministério Público Estadual), o
órgão gestor dos recursos hídricos paulista explicou que 76,5% dos 481
bilhões de litros que são considerados "volume morto", porque estão
abaixo dos túneis de captação da Sabesp, fazem parte do "volume útil"
que pode ser liberado para a região de Campinas por meio das "descargas
de fundo", que são válvulas ou comportas no fundo das represas que
controlam as vazões da barragem para os rios do interior. Os promotores
questionam a qualidade da água da reserva profunda.
"Entre
os mínimos operacionais da Sabesp e essas descargas de fundo há um
volume (que é parte do morto) de, aproximadamente, 368 milhões de m³
(bilhões de litros), que, para os rios do PCJ (Piracicaba, Capivari e
Jundiaí) é volume útil. Abaixo dessas estruturas de descarga de fundo
há, ainda, 113 milhões de m³. Esses 113 milhões são o volume morto para 0
PCJ", afirma o superintendente do DAEE, Alceu Segamarchi Júnior, no
documento obtido pela reportagem.
"Cada
uma das quatro barragens, dos Rios Jaguari, Jacareí, Cachoeira e
Atibainha, entretanto, tem estruturas de descarga de fundo, que permitem
o fluxo contínuo de água de partes mais profundas das represas para
jusante, mantendo vazões nos rios", afirma Segamarchi.
É justamente esse "fluxo contínuo" da água na reserva profunda uma das principais garantias de
que a água do "volume morto"
também tem boa qualidade para o abastecimento público. A captação foi
autorizada pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo),
responsável por avaliar as condições da água bruta.
Para
o DAEE, sobre o possível risco de contaminação da água por sedimentos
concentrados no fundo das represas, cabe à Sabesp e à Vigilância
Sanitária avaliar e fiscalizar a potabilidade da água após o tratamento.
Reserva
Segundo
o DAEE, a Sabesp vai retirar 183 bilhões de litros do "volume morto"
para abastecer a Grande São Paulo. A operação, que é inédita no
Cantareira, começa na semana que vem na Represa Jacareí, em Joanópolis.
De lá, a companhia prevê retirar 105 bilhões de litros. A partir de
junho, a Sabesp diz que estará apta para captar mais 78 bilhões de
litros do fundo da Represa Atibainha, em Nazaré Paulista.
Ao
comitê que monitora a crise do Cantareira, a Sabesp informou que a
reserva deve durar até o fim de novembro. Segundo o secretário
estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, o "volume
morto" garante o abastecimento sem racionamento generalizado de água até
março de 2015.
O ESTADÃO - CONTEÚDO - PORTAL R7
(notícia enviada pelo Professor Jarmuth Andrade)
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