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23 de junho de 2014

DESDE O INICIO DA RETIRADA DO VOLUME MORTO CANTAREIRA JÁ PERDEU 34,02 BILHÕES DE LITROS DE ÁGUA


Foto: Cedoc/RAC
Seca na represa do J
aguari-Jacareí, em março deste ano: situação está pior
Cantareira perde 18% do volume morto em um mês
iG Paulista - 16/06/2014 -
Maria Teresa Costa | teresa@rac.com.br

Um mês após o início da retirada do chamado volume morto — porção de água existente nos reservatórios abaixo da entrada dos túneis que interligam as represas — o Sistema Cantareira já perdeu 34,02 bilhões de litros de água.

Essa quantidade equivale a 18,6% dos 182,5 bilhões de litros que foram acrescidos ao sistema em 15 de maio e que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) pretende retirar para evitar o racionamento de água na Grande São Paulo.

A Sabesp diz que dará para abastecer a região de São Paulo até o início das chuvas, em outubro, mas o Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) acredita que pode haver problemas já em agosto.

O motivo é que as chuvas desse período de estiagem estão abaixo da média e, na avaliação do consórcio, se não houver redução do consumo vai faltar água em agosto para atender a demanda.

Atualmente as bacias PCJ estão recebendo 3m3/s do Cantareira, volume muito abaixo de anos anteriores, quando o consórcio teve de solicitar à Agência Nacional de Águas (ANA) vazões de 12m3/s para passar o período de estiagem quando chovia a média.

Este ano as chuvas ainda não voltaram, estão abaixo da média e tudo indica que não haverá água no Sistema Cantareira para socorrer a região de Campinas.

Em 15 de maio, quando o governador Geraldo Alckmin (PSDB) acionou as bombas que começaram a tirar o volume morto da represa Jacareí, em Joanópolis, o índice de armazenamento de água do sistema estava em 8,2%.

Com a entrada do volume morto, o sistema saltou para 26,7% e passou a armazenar 262,6 bilhões de litros.

Na última sexta-feira, o Cantareira (incluindo os reservatórios do Sistema Equivalente e mais o reservatório Paiva Castro, do Alto Tietê), estava armazenando 228,58 bilhões de litros de água.

Operação iniciada para atender as necessidades da Grande São Paulo, a utilização da reserva técnica dos reservatórios não beneficiou as Bacias PCJ, que continua recebendo apenas 3 m3/s e não conseguiu, até agora, garantias de que poderá receber mais água se houver o agravamento da estiagem.

O prefeito Jonas Donizette (PSB) vem tentando conseguir garantia de vazão suficiente no Rio Atibaia, em Campinas, para abastecer a cidade.

Mas, o máximo que conseguiu foi uma recomendação do comitê anticrise, o Gtag-Cantareira, para que os gestores do sistema, avaliem a possibilidade de liberação mais vazão para a Bacia do Piracicaba. Jonas quer garantia de 5m3/s no posto de monitoramento do Atibaia, em Valinhos. Abaixo desse volume, a cidade enfrentará problemas de abastecimento.

Para o especialista em recursos hídrico, José Luiz Gaspar, o governo errou ao antecipar a utilização da reserva técnica, porque se as chuvas não vierem e ocorrer mais um Verão seco, não haverá de onde tirar água e a bacia doadora do Cantareira, a PCJ, vai sofrer muito, porque não possui reservatórios.

“O reservatório da região de Campinas é o Cantareira. A Grande São Paulo tem reservatórios que deveriam ter sido usados desde o início da crise, mas que pudesse ser mantido volume suficiente no Cantareira e assim atender as necessidades básicas no agravamento da crise”, afirmou.

A Sabesp fez uma previsão de demanda de água, encaminhada ao Gtag-Cantareira, com três diferentes cenários.

No primeiro, a empresa calcula que se forem enviados 3 m3/s para as Bacias PCJ e retirada de 21,2m3/s do Sistema Equivalente para a Grande São Paulo, somada a afluências iguais às mínimas históricas, em 30 de novembro os reservatórios teriam um volume remanescente de 45 milhões de metros cúbicos.

Se as afluências médias mensais forem iguais a 75% das mínimas históricas, os volumes disponíveis se esgotariam em 26 de novembro e seria necessário um volume adicional de 4 milhões de metros cúbicos para atender as demandas até 30 de novembro.

Caso as afluências médias mensais forem iguais a 50% das mínimas históricas, os volumes disponíveis se esgotariam em 27 de outubro, sendo necessário um volume adicional de 51 milhões de metros cúbicos para atender às demandas projetadas até 30 de novembro.

Retirada

A Sabesp prevê tirar 182,5 bilhões de litros de água do volume morto do Sistema Cantareira, sendo 105 bilhões de litros da barragem Jacareí, em Joanópolis, e 78 bilhões de litros da represa Atibainha, em Nazaré Paulista.

Essa água está nos reservatórios, mas fica abaixo dos túneis que interligam as represas e sua retirada só é possível com bombas, uma manobra que nunca havia sido realizada no Sistema Cantareira.

A missão principal é garantir o abastecimento da Grande São Paulo. Os rios Jaguari e Atibaia recebem água do volume morto por comportas de fundo existentes no sistema.

Em geral, o acúmulo de águas ocorre principalmente nos meses chuvosos, de outubro a março, garantindo o abastecimento no período de estiagem.

Entretanto, entre outubro de 2013 e fevereiro de 2014 foram observadas vazões naturais excepcionalmente baixas para esta época, o que contribuiu para que os reservatórios ão recebessem o volume de água esperado.

A operação de retirada da reserva técnica está exigindo investimentos de R$ 80 milhões.


Para a captação foram construídos dois canais, que somam 3,5 quilômetros de extensão, e a instalação de 17 bombas nas represas Atibainha e Jaguari-Jacareí cuja função é retirar o volume do fundo das represas e impulsionar parcela da água presente nesta reserva estratégica para que ela siga o fluxo normal nos túneis, antes de chegar à estação de tratamento. iG Paulista - 16/06/2014

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