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14 de junho de 2014

UM ESTUDO SOBRE ATENDIMENTO EMERGENCIAL NO ABASTECIMENTO DO RJ



Prezados ;
 
Tendo em vista a discussão do Sistema Paraíba - Lajes - Guandu....
 
Envio, em anexo, parte do trabalho que escrevi na década de 1980 com os dados retirados do PDA - RMRJ que coordenei pela ENGEVIX para sua análise  ==>>>>>
Chamo a atenção para o que está em VERMELHO:
 
Se o reservatório de Lajes passasse a operar na cota máxima de 430,00 m, quando acumula 1.052 x 10.6 m³, poderia atender, com uma vazão de 100 m³/s, a um período de emergência de 72 dias, deplecionando - o até a cota 414,5 m (Quadro 10).
 
Se utilizado todo o volume acumulado, essa descarga estaria garantida por um período de 6 meses, que pode ser considerado como a segurança máxima do sistema.
 
 
SDS. FLUVIAIS;
JORGE RIOS 
 
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“IIº SIMPÓSIO LUSO-BRASILEIRO SOBRE HIDRÁULICA E RECURSOS HÍDRICOS RISCOS E CATÁSTROFES DO DOMÍNIO DOS RECURSOS HÍDRICOS”
 
“ATENDIMENTO EM CASOS DE EMERGÊNCIA NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO RIO DE JANEIRO”
 
ENG° JORGE LUIZ PAES RIOS
Engº do Departamento de HIDROTÉCNICA da ENGEVIX
Prof. Titular da Universidade Católica de Petrópolis
 
[......]
 
7 – SOLUÇÕES EM CASOS DE EMERGÊNCIA
 
Do que foi apresentado depreende-se que a eliminação total dos riscos de poluição é praticamente impossível, uma vez que existe sempre a possibilidade de ocorrência de acidentes.
 
Entretanto, é possível através de dispositivos e ações em tempo hábil, minorar os efeitos danosos que um acidente ocasionaria, e é justamente com esse objetivo que a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente desenvolveu um “Plano de Emergência”. Para a elaboração desse plano a FEEMA promoveu dois programas de levantamentos de dados. O primeiro refere-se ao levantamento de cargas transportadas nos principais eixos rodoviários do estado, que permite conhecer as cargas químicas perigosas, o sistema de escoamento das mesmas, e os locais de maior risco de acidentes. Esse levantamento vem sendo executado com o auxilio do DNER. o segundo levantamento refere-se aos sistemas de estocagem de produtos perigosos e óleos nas grandes industrias localizadas no estado.
 
Esses dois levantamentos servem como subsídios à elaboração de manuais, por produto perigoso, contendo indicações de propriedades físicas e químicas, fórmulas, nomes comerciais, utilização, grau de risco, limites de tolerância, controle de emergência, equipamentos de proteção individual, sintomas de intoxicação, primeiros socorros, efeitos sobre o organismo, manuseio, armazenagem e parâmetros para análise.
 
Além desses manuais, o “Plano de Emergência” apresenta algumas recomendações principais tais como:
 
• Levantamento da situação das Estações de Tratamento de Água situadas no trecho do Médio Paraíba (trecho Funil-Santa Cecília) e no Sistema Guandu;
• Levantamento da situação de poluição do Distrito Industrial de Nova Iguaçu e sua interferência no Sistema Ribeirão das Lajes-Guandu, através do cálculo do tempo de mobilização de medidas de controle versus tempo de chegada da carga tóxica no ponto de captação; e,
• Implantação de programas de monitoramento e sistemas de detenção automática de poluentes.
 
Não obstante todas essas recomendações e ações preconizadas nesse plano de emergência da FEEMA, no sentido de se minorar os efeitos causados por acidentes, indicou-se no PDA-RMRJ a adoção de uma reservação de emergência que seria conseguida na Represa de Ribeirão das Lajes.
 
Em condições de emergência no Rio Paraíba do Sul, o bombeamento na elevatória Santa Cecília, responsável pela transposição de 160 m³/s para o sistema Guandu, deverá ser interrompido.
 
Uma vez paralisada a estação elevatória, deverão ser feitas as avaliações da carga tóxica e sua propagação para jusante. Paralelamente, algumas providências deverão ser tomadas para o atendimento da demanda d´água e energia elétrica. Para garantia da demanda d´água para abastecimento e parte da energia elétrica tem-se disponibilidade de utilização dos seguintes reservatórios: Santana, Vigário, Lajes e Ponte Coberta.
 
Admitindo-se uma demanda de 100 m³/s, os volumes úteis normais dos reservatórios de Santana, Vigário e Ponte Coberta dariam para um atendimento de cerca de 3 dias apenas.
 
Na hipótese de se utilizar o reservatório de Lajes cabe algumas observações:
 
a) A LIGHT possui um projeto de ligação do Reservatório de Lajes com o Reservatório de Vigário através de um canal controlado de 2,5 km de comprimento. Esse projeto visa a confiabilidade do sistema elétrico e do abastecimento d´água ao longo do rio Guandu para os casos de poluição no rio Paraíba e no Reservatório de Santana, garantindo as operações da Usina Nilo Peçanha I (atualmente) e da Usina Nilo Peçanha II (futuro). Com essa reserva de emergência e com a proteção, contra a poluição, do Reservatório de Vigário, a segurança no sistema de suprimento d´água no rio Guandu ficará dentro dos padrões desejados, no esquema atual do uso das águas do rio Paraíba.
 
b) Por motivo de avarias nos diques e nos taludes do Reservatório de Lajes, a LIGHT baixou o nível d´água de operação desse Reservatório de 419,5m para 414,5m. As reparações dessas avarias não estão programadas para curto ou médio prazos, devido ao alto custos das mesmas.
 
c) A possibilidade de se fazer o suprimento direto da Usina Nilo Peçanha I pelo Reservatório de Lajes, através do Túnel nº 1, Torre de Compensação e Ramal de Ligação existentes, não está devidamente esclarecida, sendo necessário alguns estudos adicionais.
 
Tornando-se como subsídio as informações acima, verifica-se a necessidade urgente de um estudo com o que ora se apresenta. A interrupção da contribuição do rio Paraíba do Sul, obriga que se disponha de medidas de emergência no sentido de utilização temporária das disponibilidades de água armazenada no reservatório de Ribeirão das Lajes, para suprir as demandas dos usuários dependentes do rio Guandu para seu abastecimento.
 
Caso ocorresse m impedimento para a transposição de água do rio Paraíba para o Guandu a represa de Lajes poderia garantir o abastecimento de água da RMRJ, apenas com a depleção da cota 417,00 para a cota 414,5m, e com um vazão efluente de 100 m³/s, durante um período de 10 dias.
 
Pela análise do Quadro 10 pode-se observar que atendendo-se as adutoras de Lajes com a vazão atual de 5m3/s, a recuperação do volume deplecionado, mesmo num ano seco, levaria menos de 1 ano (8,5 meses) enquanto que, num ano úmido, levaria pouco menos de 4 meses  (115 dias).
 
A operacionalização desta providencia exige um projeto detalhado que incluiria a recuperação dos diques do Reservatório de Lajes até a cota 417,00 e de um túnel ou outra solução para se poder liberar os 100m³/s para jusante.
 
Se o reservatório de Lajes passasse a operar na cota máxima de 430,00 m, quando acumula 1.052 x 10.6 m³, poderia atender, com uma vazão de 100 m³/s, a um período de emergência de 72 dias, deplecionando-o até a cota 414,5 m (Quadro 10).
 
Se utilizado todo o volume acumulado, essa descarga estaria garantida por um período de 6 meses, que pode ser considerado como a segurança máxima do sistema.
 
É evidente que essas alternativas não poderiam afetar a produção de energia elétrica pela LIGHT. No caso de se necessitar de um volume maior de água (maior tempo de emergência) o sistema elétrico interligado poderia vir a suprir a demanda de energia elétrica, necessitando-se para tal de estudos suplementares.
 
Cabe, finalmente, salientar que, em termos probabilísticos, deve-se considerar a possibilidade de dois ou mais acidentes consecutivos no sistema Paraíba-Guandu. Por acidentes consecutivos deve-se entender a ocorrência dos eventos dentro do período de recuperação do reservatório de Lajes. Para uma análise mais precisa seria necessário um estudo estatístico detalhado.
8 – CONCLUSÃO
 
As providências de âmbito interestadual para um controle de poluição acidental do rio Paraíba do Sul, por elementos tóxicos, não surtiram ainda grande efeito prático apesar das diversas reuniões do CEEIVAP - Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. Apenas quanto ao transporte de produtos tóxicos foi recentemente regulamentada uma legislação específica.
A necessidade de providencias urgentes que visem à redução dos riscos de poluição acidental do Rio Paraíba do Sul por produtos tóxicos, é altamente preocupante, cabendo à CEDAE, portanto, tomar providências paralelas no sentido de criar alternativas de abastecimento de megalópole sob a sua responsabilidade. O sistema RIO-LIGHT de geração de energia elétrica possui um reservatório que é o de Lajes, atualmente subutilizado, situado numa região privilegiada, com bacia hidráulica contribuinte isenta de instalações industriais, em cota elevada, numa área que hoje é parque ecológico (convênio LIGHT-SEMA), e que pode e deve vir a ser utilizado como reserva técnica, conforme demonstrado anteriormente. Recomendou-se, portanto, no PDA-RMRJ que a CEDAE inicie a tomada de providência no sentido de negociar com a RIO-LIGHT S.A. um projeto de interesse comum quanto ao aproveitamento do Reservatório de Lajes como reserva técnica do sistema de geração de energia elétrica e de abastecimento de água. O projeto poderá ter outros objetivos além dos citados, tais como os de turismo, cultura, lazer e até exploração econômica da pesca.
 
9        – REFERÊNCIAS
 
(1) – RIOS, Jorge Luiz Paes – “Estudos dos Recursos Hídricos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro”. SIMPÓSIO LUSO-BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. Lisboa, setembro de 1984.
 
(2) - RIOS, Jorge Luiz Paes e JATAHY, Carlos Mauricio – “Modelos Matemáticos Aplicados a Engenharia Hidráulica e Meio Ambiente”. SIMPÓSIO BRASILEIRO DE HIDROLOGIA E RECURSOS HÍDRICOS. Blumenau, outubro de 1983.
 
(3) – CEDAE-ENGEVIX – “Plano Diretor de Abastecimento de Água de RMRJ. Relatório Final”. Rio de Janeiro, dezembro de 1984.

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