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8 de novembro de 2011

HIDRELÉTRICA DO RIO MADEIRA NOVAMENTE EM PÉ DE GUERRA


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A batalha da madeira

A usina de Santo Antônio quer cavar um reservatório mais fundo para ter mais energia e mais ganhos, mas Jirau reage e recorre à Aneel


07 de novembro de 2011

MARTA SALOMON , KARLA MENDES/BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Depois de vencer a ameaça de morte de bagres, uma pesada disputa empresarial e até a revolta de operários nos canteiros de obras, as hidrelétricas do rio Madeira, em Rondônia, estão novamente em pé de guerra. O pivô da discórdia, desta vez, mede 80 centímetros.
É quanto a Santo Antônio Energia, responsável pela usina mais próxima de Porto Velho, quer aumentar a profundidade do reservatório, com o objetivo de gerar mais energia. A cota subiria dos recentemente autorizados 70,5 metros para 71,3 metros, de acordo com pedido em análise na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Foi o suficiente para a empresa Energia Sustentável do Brasil, responsável pela construção da usina de Jirau, a 110 quilômetros de distância rio acima, apontar riscos estruturais no conjunto de hidrelétricas do Madeira, e a iminência de um desastre de grandes proporções, com a possibilidade de alagamento da BR-364.
"A elevação da cota de operação para 71,3 metros representa graves riscos estruturais à UHE Jirau, uma vez que a mesma não foi dimensionada para este nível. Jirau passará a não atender aos índices mínimos de segurança para a operação", afirma documento de Energia Sustentável.
A lista de argumentos apresentados pela construtora de Jirau aponta ainda o desmatamento extra de 45 quilômetros quadrados, o equivalente a 4.500 campos de futebol. E atribui a movimentação da usina concorrente à baixa eficiência das turbinas e a economias nas escavações.
Em cartas a autoridades, a empresa responsável por Jirau sustenta que os erros nos marcos topográficos informados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já eram de conhecimento da construtora Norberto Odebrecht desde 2008. A empreiteira comanda a operação da hidrelétrica de Santo Antônio.
Em nota, a Santo Antônio Energia contesta os argumentos da concorrente: "As alegações feitas pela ESBR são totalmente infundadas e criam um alarde desnecessário".
A nota insiste também que a empresa responsável pela construção de Jirau não tem "informações suficientes para concluir ou mesmo se manifestar sobre o assunto".
A Aneel, responsável pelo desenlace do novo capítulo da história das usinas do Madeira, desautoriza o principal raciocínio apresentado pelos responsáveis por Jirau, de que a estrutura da barragem não suportaria uma mudança na cota de Santo Antônio.
O diretor André Pepitone alega que o edital de licitação já estabelecia que a barragem de Jirau deveria suportar uma pressão máxima superior àquela produzida pelo novo pedido de Santo Antônio. "O que a gente questiona é o seguinte: como é que as estruturas não aguentam os esforços se eles tinham os dados para dimensioná-las numa cota de 76,6 metros da coluna d'água em Jirau? Com base em que informação regulamentar, oficial, eles calcularam os esforços com a cota máxima de 73 metros?", questionou Pepitone, referindo-se ao esforço que Jirau deveria suportar de acordo com as regras do edital. O diretor aponta subdimensionamento no cálculo da estrutura de Jirau.
"Nós teríamos de fazer um reforço em estruturas já concretadas", concordou Victor Paranhos, presidente da Energia Sustentável do Brasil. "Por que vou ter um custo extra para eles ganharem mais?", questiona. A disputa por megawatts extras ameaça parar na Justiça. "Nós já tentamos um acordo, mas eles estão irredutíveis, porque querem ganhar e impor perdas".
Santo Antônio calcula que poderá gerar 200 MW extras e planeja instalar mais seis turbinas na hidrelétrica, com início da operação da primeira máquina previsto para o mês que vem. Jirau avalia que a mudança na cota da concorrente representará menos de 93 MW extras e ainda atrapalhará a operação das seis turbinas extras aprovadas para a hidrelétrica distante 120 quilômetros de Porto Velho. "A briga é boa, pois surgiram mais 400 MW de energia firme nas duas usinas, o que equivale a uma usina de potência instalada da cerca de 900 MW", disse o diretor da Aneel.
O caso não será resolvido em menos de um mês. Esse é o prazo que a Agência Nacional de Águas (ANA) prevê para analisar o aumento da cota de Santo Antônio.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aguarda uma resposta da Aneel para, então, se manifestar sobre os impactos ambientais da mudança. "Não vamos fazer uma análise aprofundada antes de uma palavra final da Aneel. Poderemos inclusive vetar depois, se a mudança não for considerada viável do ponto de vista ambiental", disse Curt Trennepohl, presidente do Ibama.
Espera
A divergência entre os dois grupos não será resolvida em menos de um mês. Esse é o prazo que a Agência Nacional de Águas (ANA) prevê para analisar o aumento da cota de Santo Antônio. Fonte: O ESTADÃO
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