Estudo da Coppe-UFRJ torna mais precisas previsões de cheias de rios da Amazônia
Na foto, o jovem Eng. Augusto César Vieira Getirana, atualmente trabalhando como pesquisador no Goddard Space Flight Center (NASA/GSFC), Greenbelt, EUA, possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2003), mestrado em gestão de recursos hídricos pela COPPE/UFRJ (2005) e doutorado em co-tutela pela COPPE/UFRJ e pelo LMTG/UPS (2009) em modelagem hidrológica e sensoriamento remoto. Recentemente premiado com o Prêmio CAPES de Tese - Engenharias I e Grande Prêmio CAPES de Tese - Engenharias e Ciências Exatas e da Terra.
12/02/2012 - 13h07
- Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Estudo da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) torna mais precisas as previsões de cheias e vazões de rios da Amazônia. O trabalho, baseado em uma tese de doutorado, defendida pelo engenheiro brasileiro Augusto Cesar Vieira Getirana, foi feito em parceria com a Universidade Paul Sabatier/Toulouse 3, da França, que desenvolve projetos na Amazônia há mais de 20 anos.
A tese de Getirana recebeu o Grande Premio Capes de Tese 2010 e deu ao engenheiro brasileiro a oportunidade de ser selecionado pela Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa), onde desenvolve projeto na Divisão de Hidrologia.
O professor do Programa de Engenharia Civil da Coppe, Otto Corrêa Rotunno Filho, um dos coordenadores do estudo, informou que a metodologia destacou dados altimétricos, que medem o nível de água no rio, obtidos por meio de satélite, integrando essas tecnologias a dados das estações hidrológicas físicas instaladas no local.
“Esses novos dados altimétricos permitem ter agora estações virtuais, mensuradas por satélite. Eles permitem que se tenha uma coletânea de dados ao longo do curso de água”, disse Rotuno Filho. Ele lembrou, entretanto, que essa rede complementar não anula a importância dos pontos observados pelos hidrometristas, os especialistas de nível médio das estações físicas que vão a campo e leem os dados de vazão dos rios.
“As estações por satélite complementam essa rede de monitoramento que existe na Amazônia e que é bastante escassa, pela dimensão da região e pela logística de acesso aos pontos de coleta de dados. Tudo isso faz com que o satélite tenha hoje um papel muito importante para complementar essa informação mais localizada. Tem uma natureza espacial”, disse Rotunno Filho. Isso confere uma frequência de observação no espaço bem maior.
No modelo construído na tese do engenheiro, outras informações de satélite são utilizadas, como a que permite estabelecer o modelo digital do terreno, com a cobertura e o uso do solo, além dos dados altimétricos. Os testes foram feitos por Augusto Getirana na Bacia do Rio Negro, segundo maior afluente do Amazonas em vazão, apresentando área de 712 mil quilômetros quadrados, dos quais 21,5% estão sujeitos a inundações e a secas.
As tecnologias da Coppe dão mais confiabilidade às previsões de cheias e vazões nos rios da região. Rotunno lembrou ainda que terão de ser feitos estudos e investimentos para colocar as informações em nível mais operacional. Ele disse não ter dúvidas de que as tecnologias permitirão maior controle dos impactos causados ao meio ambiente, como o desflorestamento.
“Na medida em que há mais dados e informações com o satélite, a gente começa a observar e a entender melhor o fenômeno, para poder explicá-lo e modelá-lo”. A metodologia por satélite permitirá, no futuro, fazer previsões em grandes áreas. Rotunno explicou que esse trabalho será útil para as comunidades ribeirinhas, à medida que permitirá alertas antecipados em relação às cheias por exemplo, contribuindo para reduzir danos econômicos e sociais.
“O objetivo da construção desses modelos hidrológicos é a gente poder fazer uma gestão dos recursos hídricos da região em quantidade, tanto no espaço quanto no tempo”. Ele disse que os modelos ajudam a entender melhor o comportamento dos rios. Com isso, pode-se antecipar e disseminar as informações para as comunidades, que terão sistemas mais ágeis de comunicação.
O estudo será ampliado para outros afluentes do Rio Amazonas, como o Tapajós e o Madeira, abrangendo área de 6 milhões de quilômetros quadrados, que envolve não só o Brasil, mas países vizinhos. “A gente tem que levar em conta essa integração latinoamericana”. Para isso, os pesquisadores vão precisar de uma base de dados dessas nações, onde nascem vários afluentes do Amazonas.
Edição: Graça Adjuto - AGÊNCIA BRASIL
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