O ex-chefe da usina
nuclear de Fukushima no Japão, que permaneceu em seu posto para tentar
controlar os reatores após o tsunami de 2011, morreu de câncer dia
09/07.
Masao Yoshida estudou engenharia nuclear no Instituto de Tecnologia de Tóquio e se juntou a TEPCO em 1979. Crédito: Karyn Poupee/AFP |
Masao Yoshida, de 58 anos, estava na estação de energia em 11 de março de 2011, quando as ondas inundaram os sistemas de refrigeração e provocaram o colapso que lançou nuvens de radiação.
Yoshida liderou o
esforço posterior para manter o complexo nuclear destruído sob controle,
com os trabalhadores que lutaram contra os tremores subsequentes
tentando impedir o agravamento do desastre.
Recordando os primeiros
dias, quando os três reatores sofreram colapsos em sucessão, Yoshida
disse: "Em várias ocasiões pensei que nós todos morreríamos aqui. Eu
temia que a planta estivesse fora de controle e que estaria tudo
terminado".
Yoshida era um homem
alto, franco, com uma voz alta, que não tinha medo de falar com seus
superiores e era conhecido por seus trabalhadores como uma figura
carinhosa.
Até mesmo o então
primeiro-ministro Naoto Kan, que estava extremamente frustrado pela
falta inicial de informações e a lenta resposta da TEPCO, disse após uma
reunião para confiarem em Yoshida.
Em 12 de março, após a
explosão do primeiro reator, Yoshida manteve o bombeamento de água do
mar para resfriá-lo, ignorando uma ordem do quartel-general da TEPCO
para não realizar o procedimento, já que o primeiro-ministro temia a
possibilidade da água do mar provocar mais danos.
Yoshida foi inicialmente
repreendido por desobedecer ordens superiores, mas depois foi elogiado
por seu julgamento, que eventualmente impediu que a situação do reator
piorasse.
Masao Yoshida (à esquerda) durante inspeção em setembro de 2011. |
Planos de contingência
do governo revelados após o evento mostraram como os cientistas temiam
uma reação em cadeia se Fukushima ficasse fora de controle, um cenário
que poderia significar a evacuação de Tóquio.
O trabalho abnegado de
Yoshida se contrasta na mente do público com a atitude de seus chefes,
que pareciam dispostos a abandonar o complexo, e na visão do povo
esquivaram de suas responsabilidades.
"Ele morreu de câncer esofágico às 11:32 horas de hoje (09/07) em um hospital de Tóquio", disse um porta-voz da Tokyo Electric Power (TEPCO).
Yoshida deixou a planta logo após ter sido subitamente hospitalizado no final de novembro de 2011.
A TEPCO disse que era
pouco provável que o câncer fosse ligado a exposição à radiação nos
meses após o desastre. A empresa disse que levaria no mínimo cinco anos
e, normalmente, 10 anos para desenvolver esta condição especial, se a
exposição à radiação fosse a causa.
Após a cirurgia do câncer, Yoshida sofreu uma hemorragia cerebral e teve uma outra operação em julho de 2012, a Tepco disse.
Yoshida ainda era funcionário da TEPCO, no momento de sua morte.
O desastre causado pelo colapso de três reatores, espalhou radiação no ar, no mar e na cadeia alimentar.
Nenhuma morte foi atribuída diretamente à radiação liberada pelo acidente, mas deixou grandes áreas de terra inabitável.
O complexo em si
continua frágil. A TEPCO disse que substâncias radioativas nas águas
subterrâneas dispararam nos últimos três dias, e os engenheiros não
sabem ainda a origem do vazamento.
Os cientistas dizem que a desativação completa da planta nuclear pode levar mais de 40 anos.
Câncer de tireoide
Cerca de 2.000
funcionários da central nuclear de Fukushima apresentam um risco maior
de desenvolver câncer de tireoide, reconheceu sexta-feira (19/07) a operadora do complexo nuclear.
Segundo a companhia
Tokyo Electric Power (Tepco), 1.973 pessoas (cerca de 10% dos
funcionários que trabalharam na central) expuseram suas tireoides a
doses acumuladas de radiação superiores a 100 milisieverts.
Este nível é geralmente
considerado como o limite a partir do qual se observa um aumento do
risco de desenvolver câncer, embora este nível varie de acordo com a
pessoa.
A central de Fukushima Daiichi foi arrasada pelo terremoto e tsunami de 11 de março de 2011 no nordeste do Japão.
Em três dos seis reatores da usina, o combustível se fundiu, levando à presença de muitos elementos radioativos nos arredores.
Fontes: China.org/Daily Mail/Terra
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