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23 de março de 2011

CONTINUA IMPASSE COM TRABALHADORES NAS OBRAS DAS USINAS DO RIO MADEIRA






Andre Dusek/AE
Segurança. Soldados revistam a bagagem de trabalhadores que retornaram ao trabalho 

na usina hidrelétrica de Jirau
Operário volta a Jirau para não perder emprego

Entrada no canteiro de obras foi acompanhada por homens da Força Nacional que fizeram uma revista rigorosa em quem chegava para trabalhar

23 de março de 2011 | 0h 00
Leonencio Nossa - O Estado de S.Paulo
Por temor de perder o emprego e o fim de pagamentos extras, centenas de operários voltaram na tarde de ontem para o canteiro de obras da usina de Jirau, no Rio Madeira, incendiado na semana passada por um grupo de funcionários. A entrada dos operários foi acompanhada por homens da Força Nacional de Segurança, que fizeram uma rigorosa revista de quem chegava para trabalhar.

Eles só querem deixar o povo com "sede" dentro do canteiro", brincou um motorista que aguardava angustiado a retomada dos trabalhos na usina para descarregar. Ele se referia à proibição de bebida alcoólica. A ação dos agentes foi mais de intimidação, avaliaram os próprios revistados.









A Justiça do Trabalho de Rondônia determinou que as empresas construtoras mantivessem o salário dos operários durante a paralisação das atividades e pagassem o transporte de quem quisesse retornar à cidade de origem. Muitos, porém, decidiram atender ao apelo de encarregados para retornar ao canteiro e apressar a retomada das obras.
Alojado desde quinta-feira num clube de Porto Velho, o pernambucano Itamar Manoel da Silva Sales, 29 anos, foi um dos que optaram voltar para a obra. "A empresa só pagava R$ 100 para as despesas da viagem de cinco dias até Recife. E se eu ficasse em casa, só ia receber R$ 700, o que está na carteira", disse. "Sem hora extra não dá para sustentar mulher e três meninos." Silva afirmou que não foi pressionado pela empresa a voltar ao trabalho, mas relatou que não recebeu garantia de permanecer com a vaga. "O cara da firma não deu certeza de segurar a vaga de quem fosse embora", contou. "Ele disse que tinha de ver quem tinha ido e quem não tinha."
O sergipano Ricardo Silveira, 27 anos, de Neópolis, disse que se esforçou para suportar a precariedade de um alojamento provisório em Porto Velho. "Eu não podia ir embora. Aqui, com hora extra, dá para receber mais de R$ 1 mil." Silveira ressaltou que teve de deixar de lado, também, o medo de mais um quebra-quebra, como o da semana passada.
"Duas semanas". O clima agora em Jirau lembra as obras tocadas pelo regime militar na Amazônia, no final dos anos 70 e começo dos 80, como as construções da Hidrelétrica de Tucuruí e de aeroportos, que foram acompanhadas por agentes das Forças Armadas. Desta vez, porém, os canteiros vigiados por agentes de segurança são de obras de uma usina que será operada pela iniciativa privada e não pelo governo.
Procuradores do Trabalho de Rondônia observaram que o aparato policial não garante um clima de normalidade. Eles lembram que o incêndio no alojamento da empresa Enesa, na sexta-feira, ocorreu no momento em que Jirau estava ocupada pela Força Nacional de Segurança Pública. Na avaliação do Ministério Público, só a garantia de direitos e tratamento respeitoso evitam um novo quebra-quebra. Fonte:  JORNAL O ESTADO DE SP

LEIA MAIS:

Uma mobilização de trabalhadores por melhoria de salários impediu ontem o retorno das atividades no canteiro de obras da hidrelétrica de Santo Antônio, em Porto Velho (RO).

O reinício dos trabalhos havia sido anunciado no dia anterior pelo consórcio Santo Antônio, responsável pela construção. Os trabalhadores deixaram o canteiro após a garantia, por parte da empresa, de abertura de negociação.

Uma comissão com 15 trabalhadores foi formada para definir a pauta. As principais reivindicações são reajuste salarial (15%), aumento no valor da cesta básica (de R$ 110 para R$ 350) e planos de saúde com cobertura para familiares que estão em outros Estados OESP, 23/3, Economia, p.B6; FSP, 23/3, Mercado, p.B6. FONTE:  MANCHETES SOCIOAMBIENTAIS - ISA


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