LENÇÓIS FREÁTICOS Como são formados? Mas como isso não ocorre uniformemente, já que em outras áreas do subsolo a retenção hídrica é apenas parcial e nelas grandes espaços permanecem sempre vazios, esses dois níveis têm sua profundidade alterada pelas variações climáticas, pela topografia da região e ainda pela facilidade com que as rochas são atravessadas. No momento em que a capacidade de armazenamento nesses depósitos é completada, o excesso passa a ser transferido para a superfície, onde irá alimentar os córregos e ribeirões. Quando os lençóis freáticos são confinados, a água ali armazenada fica encerrada entre duas camadas impermeáveis, sofrendo fortes pressões. Por isso, sempre que esses depósitos são atingidos pelos trabalhos de perfuração de um poço artesiano, o líquido nele contido é impulsionado para cima e acaba jorrando com força na superfície. Outro sistema de exploração dos lençóis freáticos são as cisternas, cujo uso foi registrado em todos os povos antigos, mas embora o aproveitamento dos reservatórios naturais subterrâneos seja vital para a população de outras regiões do mundo, o abastecimento de água potável no Brasil é feito basicamente com o aproveitamento de rios e lagos. Uma outra forma de utilização dos lençóis freáticos são as fontes, que dependendo da composição das rochas vizinhas a eles podem oferecer determinadas propriedades extremamente benéficas ao organismo humano. Conhecidas como “minerais”, elas são encontradas em inúmeras cidades brasileiras, tais como Caxambu, Cambuquira, São Lourenço e Lambari, em Minas Gerais, e Lindóia, Águas da Prata e Águas de São Pedro, em São Paulo. Já as fontes termais são aquelas que têm suas águas aquecidas em regiões profundas e por isso emergem com temperaturas elevadas. Na cidade de Poços de Caldas, em Minas Gerais, e Caldas Novas, em Goiás, a temperatura da água de algumas dessas fontes chega a atingir 40° centígrados. A proteção do lençol freático é uma preocupação dos ecologistas. Por incorporar todo o líquido que vem da superfície - e ainda os elementos hidrossolúveis, diversas práticas humanas oferecem riscos de contaminação deste importante recurso hídrico. As maciças pulverizações agrícolas com agrotóxicos, minerações e atividades industriais vêm pondo em risco o lençol em diversas partes do mundo, sendo difícil o seu controle. O desmatamento também constitui outra importante agressão ao lençol freático, pois quanto maior a cobertura vegetal, maior tempo a água permanecerá sobre o solo, diminuindo a evaporação e aumentando a quantidade da infiltração que irá abastecer o reservatório, além de outros fatores favoráveis, como a diminuição da erosão. O primeiro estudo global sobre a escassez de água, publicado em 1998, identificou a exaustão incontrolada dos lençóis freáticos como uma ameaça séria à segurança alimentar em muitos países em vias de desenvolvimento. Nestes países, os lençóis freáticos emergiram como o pilar da economia agrícola alimentar, mas este precioso recurso não está a ser utilizado de modo sustentável. Nos países que dependem dos lençóis freáticos para a irrigação, o bombeamento excessivo está provocando a queda das superfícies de água doce para níveis alarmantes. O futuro alimentar de muitos dos países mais populosos do mundo - China, Índia, Paquistão e quase todos os países do Médio Oriente e da África do Norte – dependerá amplamente da forma como os responsáveis gerem hoje os seus recursos aquíferos subterrâneos. As conseqüências da não gestão deste problema são potencialmente catastróficas, especialmente para as populações mais pobres, que são as mais afetadas pela escassez de água. O objetivo do estudo sobre os lençóis freáticos é identificar e promover meios de gerir melhor este recurso, porque a forma de utilização atual põe três problemas em evidência: a exaustão conseqüente à exploração excessiva, a saturação do solo pela água e a salinização, causadas por drenagem insuficiente e a poluição, derivada da intensa atividade agrícola, industrial e humana. O estudo sobre os lençóis freáticos incide na problemática da pobreza e tenta compreender e resolver o leque de problemas resultantes dos níveis desses depósitos de água. Em zonas onde eles são abundantes, os cientistas estão a examinar em que medida as aglomerações e as aldeias se podem organizar para fazerem a gestão e a partilha ideal da água de irrigação. Em zonas que sofrem da exploração excessiva dos recursos, o trabalho procura definir o alcance do problema utilizando meios como a cartografia e o desenvolvimento de novas abordagens para sua gestão sustentável. Estas incluem a utilização combinada das águas subterrâneas e de superfície, a recolha de águas pluviais, a recarga dos lençóis freáticos, as instituições locais e a irrigação de precisão para uma utilização mais eficaz da água. Este texto também foi publicado em www.efecade.com.br, que o autor está |
FERNANDO KITZINGER DANNEMANN |
BLOG SOS RIOS DO BRASIL
muito bom esse texto
ResponderExcluir