Seguidores do Blog SOS Rios do Brasil

Mostrando postagens com marcador Desmatamento na Amazônia - chuvas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Desmatamento na Amazônia - chuvas. Mostrar todas as postagens

10 de outubro de 2014

Desmatamento na Amazônia diminui chuvas no Sudeste



Para quem mora na região Sudeste, o desmatamento na floresta amazônica pode parecer um problema localizado, com consequências somente para quem vive por lá. Se essa também é a sua visão, talvez seja hora de mudá-la, pois cada metro quadrado de árvores derrubadas na Amazônia significa um pouco menos de chuva que cai em sua cidade
“Em uma escala global, existem, no hemisfério norte, os ventos alísios, que sopram da península Ibérica (Portugal e Espanha) em direção ao Brasil e pegam toda a umidade do oceano Atlântico. Eles entram pelo Maranhão e vão avançando até a Amazônia, fazendo chover intensamente na floresta”, explica David Zee, professor de impactos ambientais em ecossistemas costeiros da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Essa água de chuva é absorvida pelas árvores e, pela evapotranspiração (“transpiração” das plantas), forma os chamados “rios voadores” – massas de pequenas partículas de água que viajam por um curso determinado pela atmosfera terrestre. Esses rios, que saem da Amazônia, chegam até o Sudeste.
“No Brasil, há cinco massas de ar que influenciam nosso clima. Uma delas, a Massa Equatorial Continental (MEC), se forma na Amazônia e é quente e úmida”, explica a geógrafa Bianca Medeiros, que é assistente de pesquisa do Centro de Direito e Meio Ambiente (CDMA) da FGV Direito Rio. A MEC é quem leva os rios voadores formados na floresta até os Estados do Centro-Oeste, do Sudeste e do Sul do Brasil, fazendo chover em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, por exemplo.
Minguado. O que está acontecendo atualmente é que toda a borda sul da floresta amazônica está sendo derrubada. Segundo o instituto de pesquisa Imazon, em janeiro deste ano o desmatamento totalizava 107 quilômetros quadrados. No mesmo mês de 2013, o número estava em 35 quilômetros quadrados – representando um aumento de 206% neste ano.
A consequência natural é uma interrupção no ciclo natural da água. Como não há evapotranspiração de árvores na borda sul da floresta, os rios voadores não são alimentados ali. Isso diminui o volume de chuvas que irão chegar até os Estados do Sudeste e Sul do país – ou seja, menos chuva na sua cidade.
“Quando não tem mais árvore, a chuva cai no solo e vai para os rios terrestres que seguem em direção ao Sul do país. A chuva chega a lugares que os rios não alcançam”, aponta o professor Zee. O resultado final são as situações de crise hídrica que estamos vivendo.
Indústria
Contribuição. A Zona Franca de Manaus é uma importante medida de preservação: as pessoas encontram trabalho na indústria e não precisam recorrer a atividades predatórias na região.



Fonte: O TEMPO


BLOG SOS RIOS DO BRASIL
ÁGUA - QUEM PENSA, CUIDA!

10 de setembro de 2012

Desmatamento na Amazônia afeta as chuvas em todo o sul do continente


Desmatamento na Amazônia afeta as chuvas em todo o sul do continente
Estudo comprova que desmatamento da Amazônia afeta chuvas até na Argentina – A perda de floresta tropical pode afetar pessoas a milhares de quilômetros de distância, de acordo com um novo estudo.
O desmatamento pode causar uma grave redução das chuvas nos trópicos, com graves consequências para as pessoas, não só nesta região, mas em áreas vizinhas, disseram pesquisadores da Universidade de Leeds, na Inglaterra, e do Centro de Ecologia e Hidrologia do Conselho de Pesquisa Ambiental Britânico.
O ar que passa sobre grandes áreas de floresta tropical produz pelo menos duas vezes mais chuva do que o que se move através de áreas com pouca vegetação. Em alguns casos, florestas contribuem para o aumento de precipitação a milhares de quilômetros de distância, de acordo com o estudo publicado na revista Nature.
Considerando as estimativas futuras de desmatamento, os autores afirmam que a destruição da floresta pode reduzir as chuvas na Amazônia em 21% até 2050 durante a estação seca.
“Nós descobrimos que as florestas na Amazônia e na República Democrática do Congo também mantêm a precipitação nas periferias destas bacias, ou seja, em regiões onde um grande número de pessoas depende dessas chuvas para sobreviver”, disse o autor do estudo, Dominick Spracklen, da Escola sobre a Terra e o Ambiente da Universidade de Leeds.
“Nosso estudo sugere que o desmatamento na Amazônia ou no Congo poderia ter conseqüências catastróficas para as pessoas que vivem a milhares de quilômetros de distância em países vizinhos.”
Impacto na Argentina, Paraguai, Brasil e Uruguai
O estudo demonstra a importância fundamental da proteção à floresta, segundo seus autores.
Em declarações anteriores à BBC, o cientista José Marengo, especialista em mudanças climáticas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, Inpe, explicou por que a floresta amazônica afeta as chuvas tanto no sul do Brasil quanto em Argentina, Uruguai e Paraguai .
Os ventos alísios, que vêm do Oceano Atlântico para o continente, arrastam umidade para o interior da América do Sul tropical, isto é, a Amazônia e o Nordeste do Brasil. E além da humidade que vem do Atlântico, a vegetação amazônica contribui para o aumento da umidade através do processo de evapotranspiração, como é denominada a evaporação dos rios juntamente com a transpiração das plantas.
“Esta umidade é carregada pelo vento em direção aos Andes, que desvia para o Sudeste da América do Sul. Assim, algumas das chuvas que ocorrem na bacia do Rio da Prata, incluindo sul do Brasil, de fato vêm da Amazônia “, disse Marengo.
“Se não existisse a floresta amazônica, o Sul teria menos umidade, de forma que Paraguai, Uruguai, Argentina e o sul do Brasil devem à Amazônia parte de suas chuvas”.
Deslocamento de ar
Os cientistas têm debatido a ligação entre a vegetação e precipitação ao longo de décadas. É sabido que as plantas retornam a umidade do ar através do processo de evapotranspiração, mas não está claro o impacto das florestas tropicais em termos de quantidade e distribuição geográfica.
Os autores do novo estudo usaram dados de satélite da Nasa sobre a vegetação e precipitação, e um modelo de previsão de padrões de movimentos de vento.
“Nós vimos o que aconteceu com o ar nos dias anteriores, que caminho havia tomado e sobre que área de vegetação”, disse Spracklen.
Os pesquisadores analisaram a trajetória das massas de ar de diferentes partes de florestas. Quanto maior era a vegetação sobre a qual o ar tinha viajado, maior umidade e a quantidade de precipitação produzidos.
“As observações mostram que, para compreender como as florestas impactam as chuvas, temos de levar em conta a forma como o ar interagiu com vegetação durante sua viagem de milhares de quilômetros”, disse Stephen Arnold, um pesquisador da Universidade de Leeds e co-autor do estudo.
“Isso tem implicações importantes para os tomadores de decisão quando se considera o impacto ambiental do desmatamento, já que seus efeitos nas chuvas podem se sentir não só localmente, mas em uma escala continental”.
“O Brasil fez recentemente alguns avanços na redução dos altos índices de desmatamento, e nosso estudo mostra que este progresso deve ser mantido”.
Um estudo anterior, publicado na revista Nature em janeiro, mostrava que a combinação de agricultura, desmatamento e mudança climática estão enfraquecendo o ecossistema amazônico, potencialmente levando à perda de sua capacidade de retenção de dióxido de carbono e geração de chuva.
O estudo conclui que, apesar da grande redução do desmatamento na Amazônia brasileira (28 mil hectares por ano em 2004 para 7.000 hectares em 2011), a floresta permanece frágil.
Matéria da BBC Brasil, publicada pelo EcoDebate, 10/09/2012

BLOG SOS RIOS DO BRASIL
ÁGUA - QUEM PENSA, CUIDA!