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2 de fevereiro de 2013

Vazamento de óleo tóxico em Florianópolis põe saúde da população em risco – Elaine Tavares


Elaine Tavares, jornalista.sábado, 2 de fevereiro de 2013

O vazamento do óleo ascarel de uma estação desativada da Central Elétrica de Santa Catarina (Celesc), no bairro Tapera, em Florianópolis, está sendo considerado gravíssimo pela Federação das Entidades Ecológicas Catarinenses. Segundo o coordenador geral, Gert Shinke, as autoridades estão minimizando o problema e é fundamental que a comunidade se ocupe em exigir um monitoramento contínuo sobre toda a área afetada por pelo menos cinco anos. Gert afirma que os laudos apresentados pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma), que apontam não haver contaminação pelo ascarel na baía, não podem ser considerados conclusivos. “Esse óleo leva certo tempo para se infiltrar e é quase certo que agora os laudos não apontarão nada. Os efeitos aparecem mais tarde, quando todo mundo já tiver esquecido o caso”.

O óleo ascarel pertence ao grupo de compostos orgânicos sintéticos conhecidos como PCBs. Eles não são biodegradáveis e tem efeito cumulativo nos tecidos vegetais e animais. Esse tipo de produto é usado em transformadores, desses usados pela Celesc, mas também podem ser usados em outros equipamentos. A preocupação da FEEC é justamente saber onde mais existe esse óleo e em que condições ele está acondicionado. No caso desses 12 mil litros que vazaram, é certo que estavam sem qualquer proteção e sem que se levasse em conta a periculosidade. “A sorte foi que o funcionário percebeu que havia algo errado e procurou os técnicos da universidade que trabalham ao lado do galpão da Celesc. Ainda assim, o produto vazou por mais de dois meses, e os efeitos disso podem ser muito perigosos para toda a cadeia de vida da região”.

Conforme o coordenador da FEEC a contaminação vai se dando muito lentamente e, depois, pode se alojar nos animais, nas plantas e consequentemente nas pessoas que comerem esses produtos. Também pode contaminar a água e todo o subsolo. “O problema é que esse produto é altamente tóxico e a ingestão de quantidades microscópicas já é um problema. Isso vai acumulando no organismo e pode gerar problemas por gerações”.    

Está circulando pela internet um alerta da médica Vera Bridi sobre a necessidade da imediata interdição não apenas do consumo dos moluscos e peixes das baías, mas também a proibição de banhos. Segundo ela, o produto é altamente perigoso para a saúde humana. Outro médico, J. Paulo Mello, lembra um acidente com esse mesmo produto, acontecido no Japão, em 1968. Segundo ele, pouco tempo depois a população passou a apresentar o depois denominado “Mal de Yusho”, que tem como sintoma bronquite, entorpecimento dos membros e edema. Tudo isso foi atribuído à ingestão das PCBs contidas no óleo. Outro caso semelhante aconteceu nos Estados Unidos quando o produto foi detectado no lençol freático de uma cidade. O óleo havia sido enterrado Há anos e estava num aterro químico.

Esses fatos mostram o quanto a população está ameaçada, senão nesse momento, mas a longo prazo. Daí ser considerada uma irresponsabilidade a liberação da maricultura e a minimização dos efeitos. “O óleo vazou por muito tempo, e o recolhimento que foi feito não garante de forma alguma que ele não tenha penetrado na terra, no mangue e se espalhado pela baía. Os órgãos ambientais têm de ser pressionados pela população a apresentar laudos sistemáticos. Isso não pode ficar no esquecimento”, diz Gert.

Os médicos do sul da ilha também estão em alerta e convocam a população a ficar atenta. Segundo eles, os sintomas observados nas pessoas que sofreram o Mal de Yusho são fadiga, dor de cabeça, dores com inchaço, inibição do crescimento da dentição, anemia, problema sanguíneos, redução da condução nervosa, erupções na pele, despigmentação, dor nos olhos e infecção persistente nas vias respiratórias, entre outros. “Além disso, existe o risco de alterações genéticas. A coisa não é brincadeira”.

Mas, apesar de todo esse alerta, o juiz federal Marcelo Krás Borges já liberou a produção e ostras, mariscos e berbigões na região, baseado no laudo da Fatma de que não havia contaminação. Gert Shinke alerta para a chamada “guerra dos laudos” que pode acontecer visando proteger determinados interesses. “Nós já vimos isso quando da tentativa de Eike Batista em fazer um estaleiro por aqui. Havia laudos para todos os gostos. Nós temos é de exigir dos órgãos ambientais que haja a medição contínua e sistemática da contaminação”.

O vazamento de um produto altamente tóxico e contaminante coloca em questão a completa vulnerabilidade da população diante de produtos dessa natureza. Como esse óleo foi parar num galpão, sem qualquer proteção? Que outros galpões haverão por aí com produtos desse tipo, sem que se saiba? Como um produto tão perigoso, usado em equipamentos que estão por aí aos milhares (como os transformadores) não têm um programa de proteção para descontaminação em caso de acidente. Pelos estudos levantados, nenhuma das técnicas de descontaminação em caso de grandes vazamentos existe no Brasil. Há uma, sendo trabalhada num laboratório de Curitiba, mas ainda em testes, conforme estudo realizado pelo Ministério do Meio Ambiente. Então, como as autoridades de Florianópolis vão proteger a população? Isso ainda é uma incógnita.

O certo é que as pessoas precisam agir e manter vigilância sobre as ações dos governantes. Outros laudos estão sendo feitos e precisam ser divulgados amplamente. É preciso que o governo estabeleça uma comunicação transparente, permitindo que a população acompanhe e se proteja. A FEEC promete manter-se alerta e acompanhando o caso. “Mas é fundamental que as pessoas estejam com a gente, cobrando. Sem um acompanhamento de longo prazo não podemos ficar”, finaliza Gert.   


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23 de janeiro de 2013

Desastre socioambiental em Florianópolis, SC


22/01/2013
Os 12 mil litros de Ascarel que vazaram no final do ano passado continuarão poluindo a região por um longo período, podendo causar danos à fauna e à saúde humana.


A justiça federal determinou no dia 16 de janeiro a proibição da produção e comercialização de ostras e mariscos produzidos em Florianópolis. A decisão, que deverá ser cumprida por tempo indeterminado, foi tomada segundo a instituição devido à falta de licenças ambientais dois dias depois que a Fundação do Meio Ambiente (FATMA) determinou o embargo de atividades no mar e do consumo de ostras, berbigões e peixes provenientes da área que compreende a Praia da Mutuca, no Bairro Tapera, até a Freguesia do Ribeirão da Ilha (em frente à igreja), no Sul da Ilha de Florianópolis, devido a contaminação causada pelo vazamento de aproximadamente 12 mil litros do óleo, usado como isolante em transformadores, de uma subestação desativada da Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina).


O vazamento começou em novembro após o furto dos registros de cobre dos tanques TT1, TT2 e L2D da subestação desativada, localizada em uma área doada pela CELESC à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mas o problema foi descoberto pelo vigia só depois de um mês quando a substância já havia contaminado o solo, o lençol freático e o mangue.

Quando o vazamento foi noticiado pela imprensa local a CELESC se pronunciou afirmando que a substância contaminante se tratava de óleo mineral e que nenhum animal teria morrido na região, tentando amenizar a gravidade do problema. A declaração da CELESC foi desmentida após as análises laboratoriais que comprovaram se tratar de Ascarel, nome comercial de um óleo resultante de uma mistura de hidrocarbonetos derivados de petróleo, contendo Alocloro 124, uma bifenila policlorada (PCB), substância de uso proibido no Brasil desde 1981 e pela Convenção de Estocolmo desde 2001. O óleo é altamente tóxico por conter bifenila policlorada e alocloro, consideradas carcinogênicas, e que afetam, sobretudo, o fígado, baço, rins e pode causar danos irreversíveis ao sistema nervoso, e tem causado a morte de animais e plantas, dores de cabeça, nos olhos e náusea nos moradores das imediações, como relata um fiscal da FATMA, em seu blog.


Embora a Universidade Federal de Santa Catarina ser supostamente uma das responsáveis pela área onde está a subestação, pela área ter sido doada para ampliar a Fazenda Ressacada do Centro de Ciências Agrárias, contraditoriamente, até o momento a instituição não tomou qualquer iniciativa para apurar a extensão do desastre socioambiental que afeta seus vizinhos maricultores e pescadores artesanais. Sua única iniciativa foi se isentar de qualquer responsabilidade, afirmando, por meio do procurador da universidade Cesar Azambuja, que o processo de doação da CELESC para a UFSC não foi concluído, pela área estar alienada por causa de dívidas.

O IBAMA, em uma atuação demagógica, multou a CELESC em R$ 50 mil ao dia, um valor ínfimo dado que a multa não cobre nem as análises e demais custos para conter o vazamento, que está sendo feita pela Fundação do Meio Ambiente (FATMA). Para minimizar os estragos, a Celesc contratou a empresa Ecosorb, que com apoio de boias tenta centralizar o óleo para iniciar o processo de sucção, mas essa ação ainda é tênue dado a gravidade da contaminação que já tem dois meses, tempo em que pescadores, maricultores e turistas ficaram expostos ao Ascarel.

No dia 14 de janeiro a Fundação do Meio Ambiente (FATMA) havia determinado o embargo de atividades no mar e do consumo de ostras, berbigões e peixes provenientes da área que compreende a Praia da Mutuca, no Bairro Tapera, até a Freguesia do Ribeirão da Ilha (em frente à igreja), no Sul da Ilha de Florianópolis.


Até o momento, as mais de 500 famílias que vivem da maricultura em Florianópolis, e os pescadores e os catadores de berbigão não tem uma perspectiva imediata de indenização ou qualquer medida que garanta sua sobrevivência enquanto durar a proibição.

Fonte: CMI Brasil
Fotos: Daniel de Araújo Costa
Link to Instituto EcoFaxina

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22 de maio de 2012

Florianópolis - Perigo - Atenção !!! - Casan confirma efluentes em rios


Casan vai lançar 156 l/s de efluentes de esgoto
tratado nos rios Papaquara, Ratones e do Brás

Por Celso Martins

A estação de tratamento (ETE) de Canasvieiras está sendo ampliada para tratar os esgotos de quase todo o Norte da Ilha. Os efluentes irão para os rios Paraquara/Ratones e do Brás. As informações foram dadas por técnicos da Casan ao Conselho Municipal de Saneamento em sua reunião extraordinária desta segunda-feira (21.5).

Efluentes
Coutinho. Foto: Celso MartinsSegundo o superintendente regional da Casan na Grande Florianópolis, Carlos Alberto Coutinho, as obras em andamento na ETE Canasvieiras vão possibilitar o tratamento de 156 litros por segundo de esgotos, contra os atuais 70 l/s. Com isso, será possível receber e tratar os dejetos vindos da Cachoeira do Bom Jesus, Ingleses (1.500 ligações), Jurerê antigo e Praia Brava/Lagoinha.
Já foram iniciados o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para as obras do emissário submarino e ser instalado em Ingleses, segundo a Casan. Esta será a solução definitiva, com tratamentos primário e secundário dos esgotos, segundo Coutinho.
Técnico da Casan apresenta projetos. Foto: Celso MartinsA decisão de ampliação da ETE Canasvieiras não agradou aos empresários presentes à reunião. Eles desconfiam da competência operacional da Casan e lembram os problemas ocorridos com a balneabilidade na última temporada. Isso ficou claro nas intervenções do hoteleiro Marne Schroeder, ex-representante distrital de Canasvieiras na elaboração do Plano Diretor Participativo, e de integrantes do SOS Canasvieiras e da Sociedade Amigos de Canasvieiras.
O diretor geral da seccional da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF Canasvieiras), Milton Weber Filho, foi claro na condenação ao projeto da Casan de ampliação da ETE local. “Não podemos aceitar que esgoto continue a ser lançado no rio”, disse. Lembrou que o balneário foi “interditado” por duas ocasiões na ultima temporada, provocando a fuga dos turistas e prejuízos econômicos.

Santo Antônio
O esgoto do distrito de Santo Antônio de Lisboa (Sambaqui, Cacupé, Barra do Sambaqui e Santo Antônio) vai ser levado provisoriamente até a estação de tratamento de esgotos (ETE) do bairro Saco Grande para ser tratado, informa o engenheiro da Casan Carlos Bavaresco.
Segundo ele, a ETE Saco Grande foi projetada para tratar 24 l/s, “mas em alguns momentos fica parada”. A idéia é construir um tanque para receber o esgoto extra, onde permanecerá aguardando para ser tratado. A solução, assinala, é momentânea, até que seja instalado o emissário submarino no Campeche.
Não existe prazo para isso acontecer e a ampliação precisa de licenciamento ambiental (a área fica junto ao manguezal do Saco Grande e integra a Estação Ecológica de Carijós). Num segundo momento os esgotos do distrito vão ser levados através de emissário terrestre até o Campeche (custo de R$ 28,7 milhões).

Emissário do Campeche. Foto: Celso MartinsCampeche
O emissário submarino previsto para o Campeche vai custar R$ 97 milhões e já está em fase de elaboração do EIA-RIMA. Além dos dejetos locais e de Santo Antônio de Lisboa, o Campeche deve receber os esgotos do Pântano do Sul e Armação, além do Ribeirão da Ilha, cujo emissário vai custar R$ 7,8 milhões.
O encontro realizado no auditório da própria Casan foi coordenado pelo secretário municipal de Habitação e Saneamento, Salomão Mattos Sobrinho, que presidente o Conselho Municipal de Saneamento. A Casan assinou 17 contratos com a Caixa Econômica Federal (PAC/Ministério das Cidades) no valor de R$ 404,7 milhões, dos quais R$ 196 milhões serão aplicados em Florianópolis.
Fonte : http://www.daquinarede.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1627&catid=48&Itemid=75
Reportagem enviada pela jornalista Elaine Tavares http://eteia.blogspot.com.br/


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