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9 de fevereiro de 2013

PLANETA ÁGUA



Elda Nympha Cobra Silveira*

Águas que caem do alto dos céus lavando o mundo das perdidas ilusões. Águas que buscam no porvir as bênçãos derramadas pelo amor divino, a me advertirem que posso ser feliz,  posso ter as bênçãos dos estados da matéria:, nos três quartos de água que cobrem; como um manto azul, todo esse planeta. Quando o vapor se eleva nos ares e produz nuvens, que apenas vêm até a terra, como se marejassem dos olhos daqueles que sofrem, que choram por um amor escasso, na angustia de se sentirem infelizes, por culpa de um viver tão  complicado. Lagrimas vertidas pela saudade de alguém que já partiu e não voltará jamais. Águas essenciais para o nosso viver, elemento substancial, imprescindível no cotidiano do planeta Terra. Águas que são como ouro, como jóias da natureza.
Águas que precisam de respeito, para que um dia não sejam garimpadas, devido à sua escassez, motivada pelo desperdício desenfreado. Águas legadas aos nossos filhos e netos. Águas tratadas com muito afeto e não pela  incúria dos ancestrais, que priorizaram o vil metal e não cuidaram dos mananciais. Águas pródigas com quem as respeitam, águas são  dádivas divinas. Águas nascentes, ribeirões, rios, cascatas, cachoeiras e costas marítimas. Águas a quem pedimos perdão, por nos comportarmos como herdeiros ingratos, sem capacidade para dar continuidade àquilo que ganhamos de mão-beijada..
Águas que na pia batismal fazem do recém-nascido um bom cristão, para saber discernir de onde veio e para onde vai. Água benta, que nessa hora tão divina, derruba todo mal que no gênese adquiriu.
Chuva que ensopa meus cabelos, envolva meu corpo e escorra pela minha face! Quero a companhia de um lago, um rio, um mar para sanar tudo que me entristece, para refrescar corpo e mente, pra ver tudo em volta com os olhos da alma! Chuva seja minha amiga! Limpe toda negatividade, a obscuridade e me ajude a construir a paz!
Águas que saciam não só a minha sede, quando deitada aqui na rede, aguardo o sol dormir. Quero acordar amanhã, para ver o arco-íris colorido despontando no horizonte, unindo toda a humanidade, de ponta à ponta da terra, até que o sol se despeça, e a lua novamente apareça, e vá tomando seu lugar, espreitando atrás das nuvens e tentando vê-lo partir. Águas despertam energia, porque temos por ela empatia, pois foi no início nossa primeira morada, quando estávamos guardados no ventre materno. Faz parte da nossa natureza estarmos ligados às águas, porque com ela sentimos o  aconchego, o desvelo e o carinho.
Sentimos-nos atuantes e cheios de vida quando suamos, liberando as toxinas, limpando o interior dos nossos corpos. Chapinhar na água da enxurrada, como criança, aspergindo, para todo lado, borrifos de água e gritar de felicidade!  Ser como quando Deus nos fez. Sermos cíclicos como as águas e curvados como o universo, só  que numa dimensão bem maior. Águas e humanos, em sequência cíclica, são como os únicos habitantes nesse planeta solar.


* Elda Nympha Cobra Silveira integra a Academia Piracicabana de Letras - é poetisa e artista plástica

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ÁGUA - QUEM PENSA, CUIDA!

19 de janeiro de 2013

Maria Helena Corazza - Prosa poética


MEU RIO QUE PASSA...
                          Maria Helena Aguiar Corazza  - presidente da Academia Piracicabana de Letras

            Monotonia deliciosa, magnificente, eis a natureza selvagem e virgem, descortinando à beira de um rio que passa indolente, preguiçoso, majestoso...
            E o rio passa... 
            Passa absurdamente pacato e comovido, saudoso das belezas e paisagens que deixou lá para o alto. E, passando, leva consigo o reflexo tão visível de um céu azul refletindo deslumbrante nas águas transparentes do rio...
            Quanta doçura e quanta ternura o rio servir de espelho para o céu, e, o céu vaidoso mirando-se no rio...
            As árvores na margem acariciando o seu curso parecem querer detê-lo, mas o rio despreocupado e orgulhoso, passa, deixando a saudade e o pranto baixinho de quem sofreu desenganos...
            E o rio passa no silêncio de um cantar de pássaro, de uma nuvem de insetos, de uma onda vazia que foi e não será mais...
            Monotonia suplicante de um tronco passando arrancado dos braços de alguma árvore bela, e, passa choroso deixando chorosa quem lá ficou...
            É lindo esse rio, é linda essa tarde, é linda essa vida! Mas, de repente quebrando esse encanto e essa solidão, um barco medíocre e volúvel corta este rio, domina esta indolência, essa preguiça... Então, os reflexos se misturam, as árvores exultam com o rio que as abraça... 
             Depois, novamente a calma e o êxtase...
            E o meu rio, continua passando...
(foto Daniel Damasceno)


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