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3 de setembro de 2014

As ameaças da Grande Transformação (II) – Leonardo Boff; fotos de Santino Frezza

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As ameaças da Grande Transformação (II)*

                                                          Leonardo Boff, 05/08/2014

Analisamos no artigo anterior, as ameaças que nos traz a transformação da economia de mercado em sociedade de mercado com a dupla injustiça que acarreta: a social e a ecológica. Agora queremos nos deter em sua incidência no âmbito da ecologia tomada em sua mais vasta acepção, no ambiental, social, mental e integral.

Constatamos um fato singular: na medida em que crescem os danos à natureza que afetam mais e mais as sociedades e a qualidade de vida, cresce simultaneamente a consciência de que, na ordem de 90%, tais danos se tributam à atividade irresponsável e irracional dos seres humanos, mais especificamente, àquelas elites de poder econômico, político, cultural e mediático que se constituem em grande corporações multilaterais e que assumiram por sua conta os rumos do mundo. Temos, com urgência, que fazer alguma coisa que interrompa este percurso para o precipício. Como adverte a Carta da Terra: “ou fazemos uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscamos a nossa destruição e a da diversidade da vida”(Preâmbulo).

A questão ecológica, especialmente após o Relatório do Clube de Roma em 1972 sob o título “Os Limites do Crescimento” tornou-se tema central da política, das preocupações da comunidade científica mundial e dos grupos mais despertos e preocupados pelo nosso futuro comum.

O foco das questões se deslocou: do crescimento/desenvolvimento sustentável (impossível dentro da economia de mercado livre) para a sustentação de toda a vida. Primeiro há que se garantir a sustentabilidade do planeta Terra, de seus ecossistemas, das condições naturais que possibilitam a continuidade da vida. Somente garantidas estas pré-condições, se pode falar em sociedades sustentáveis e em desenvolvimento sustentável ou de qualquer outra atividade que queira se apresentar com este qualificativo.

BICO RETO DE BANDA BRANCA_4p_santino_frezza

A visão dos astronautas reforçou a nova consciência. De suas naves espaciais ou da Lua se deram conta de que Terra e a Humanidade formam uma única entidade. Elas não estão separadas nem justapostas. A Humanidade é uma expressão da Terra, a sua porção consciente, inteligente e responsável pela preservação das condições da continuidade da vida. Em nome desta consciência e desta urgência, surgiu o princípio responsabilidade (Hans Jonas), o princípio cuidado (Boff e outros), o princípio sustentabilidade (Relatório Brundland), o princípio interdependência, o princípio cooperação (Heisenberg/Wilson/Swimme/Morin/Capra) e o princípio prevenção/precaução (Carta do Rio de Janeiro de 1992 da ONU), o princípio compaixão (Schoppenhauer/Dalai Lama) e o princípio Terra (Lovelock e Evo Morales).

A reflexão ecológica se complexificou. Não se pode reduzi-la apenas à preservação do meio ambiente. A totalidade do sistema mundo está em jogo. Assim surgiu uma ecologia ambiental que tem como meta a qualidade de vida; uma ecologia social que visa um modo sustentável de vida e uma sobriedade compartida (produção, distribuição, consumo e tratamento dos dejetos); uma ecologia mental que se propõe erradicar preconceitos e visões de mundo, hostis à vida e formular um novo design civilizatório, à base de princípios e de valores para uma nova forma de habitar a Casa Comum; e por fim uma ecologia integral que se dá conta que a Terra é parte de um universo em evolução e que devemos viver em harmonia com o Todo, uno, complexo e perpassado de energias que sustentam a vitalidade da Terra e carregado de propósito.

Criou-se destarte uma grelha teórica, capaz de orientar o pensamento e as práticas amigáveis à vida. Então se torna evidente que a ecologia, mais que uma técnica de gerenciamento de bens e serviços escassos, representa uma arte, uma nova forma de relacionamento com a vida, a natureza e a Terra e a descoberta da missão do ser humano no processo cosmogênico e no conjunto dos seres: cuidar e preservar.

Por todas as partes do mundo, surgiram movimentos, instituições, organismos, ONGs, centros de pesquisa, cada qual com sua singularidade: quem se preocupa com as florestas, quem com os oceanos, quem com a preservação da biodiversidade, quem com as espécies em extinção, quem com os ecossistemas tão diversos, quem com as águas e os solos, quem com as sementes e a produção orgânica. Dentre todos estes movimentos cabe enfatizar o Greenpeace pela persistência e coragem de enfrentar, sob riscos, aqueles que ameaçam a vida e o equilíbrio da Mãe Terra.

A própria ONU criou uma série de instituições que visam acompanhar o estado da Terra. As principais são o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), a FAO (Organização das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura), a OMS (Organização Mundial para a Saúde), a Convenção sobre a Biodiversidade e especialmente o IPPC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas) entre outras tantas.

Esta Grande Transformação da consciência opera uma complicada travessia, necessária para fundar um novo paradigma, capaz de transformar a eventual tragédia ecológico-social numa crise de passagem que nos permitirá um salto de qualidade rumo a um patamar mais alto de relação amistosa, harmoniosa e cooperativa entre Terra e Humanidade. Se não assumirmos esta tarefa o futuro comum estará ameaçado.

URUBU DE CABEÇA VERMELHA COM PINGUIM_santino_frezza_m
______________

*Ver também: As ameaças da Grande Transformação (I) – Leonardo Boff; fotos de Santino Frezza

http://leonardoboff.wordpress.com/2014/08/05/as-ameacas-da-grande-transformacao-ii-2/

Para ver mais fotos de aves por Santino Frezza: http://www.wikiaves.com.br/perfil_sanfrezza

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19 de agosto de 2014

19 de Agosto – Dia Mundial da Fotografia – setilha de Clarice Villac; fotos de Santino Frezza e Maria de Fátima Barreto Michels

 
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19 de Agosto – Dia Mundial da Fotografia
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Amigo artista fotógrafo

revelando a maravilha

em sua grande paixão

nos detalhes que partilha

revela o cotidiano

além do cartesiano

Sua alma tanto brilha!

..

Clarice Villac
19.08.2014
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Entardecer, Mar Grosso, Molhes da Barra, Laguna – SC, maio2014, por Maria de Fátima Barreto Michels.

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Para ver mais fotos de aves por Santino Frezza: http://www.wikiaves.com.br/perfil_sanfrezza
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Comemora-se nesse dia porque, em Paris, no dia 19 de agosto do ano de 1839 foi anunciada e apresentada ao mundo a Fotografia,  desenvolvida pelo francês Louis M. Daguérre.

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http://www.smartkids.com.br/datas-comemorativas/19-agosto-dia-mundial-da-fotografia.html

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7 de maio de 2014

Vivemos tempos de Noé – Leonardo Boff; fotos de Santino Frezza

 
TESOURA DO BREJOp

Vivemos tempos de Noé

  
                                        Leonardo Boff, 25.04.2014


Vivemos tempos de Noé. Pressentindo que viria um dilúvio, o velho Noé convocava as pessoas para mudarem de vida. Mas ninguém o ouvia. A contrário, “comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento até que veio o dilúvio e os fez perecer a todos”(Lc 17,27; Gn 6-9).


Os 2000 cientistas do IPCC que estudam o clima da Terra são nossos Noés atuais. O terceiro e último relatório de 13/4/2014 contém grave alerta: temos apenas 15 anos para impedir a ultrapassagem de 2 graus C do clima da Terra. Se ultrapassar, conheceremos algo do dilúvio. Ninguém dos 196 chefes de Estado disse qualquer palavra. A grande maioria continua a explorar os bens naturais, negociando, especulando e consumindo sem parar como nos dias de Noé.


Entrevejo três graves irresponsabilidades: a geral e a específica e supina ignorância do Congresso norte-americano que vetou todas as medidas contra o aquecimento global; a manifesta má vontade da maioria dos chefes de Estado; e a falta de criatividade para montar as traves de uma possível Arca salvadora. Como um louco numa sociedade de “sábios” ouso propor algumas premissas. Se algum mérito possuírem, é o de apontarem para um novo paradigma civilizacional que nos poderá dar outro rumo à história. Ei-las:


1. Completar a razão instrumental-analítica-científica dominante com a inteligência emocional ou cordial. Sem esta não nos comovemos face à devastação da natureza e não nos engajamos para resgatá-la e salvá-la.


2. Passar da simples compreensão de Terra como armazém de recursos para a visão da Terra viva, superorganismo vivo que se autorregula, chamado Gaia.


3. Entender que, como humanos, somos aquela porção da Terra que sente, pensa e ama, cuja missão é cuidar da natureza.


TESOURINHAp



4. Passar do paradigma da conquista/dominação ainda vigente, para o paradigma do cuidado/responsabilidade.


5. Entender que a sustentabilidade só será garantida se respeitarmos os direitos da natureza e da Mãe Terra.


6. Articular o contrato natural feito com a natureza que supõe a reciprocidade inexistente com o contrato social que supõe a colaboração e  inclusão de todos, insuficiente.


7. Não existe meio-ambiente mas o ambiente inteiro. O que existe é a comunidade de vida com o mesmo código genético de base,estabelecendo um parentesco entre todos.


8. Abandonar a obsessão pelo crescimento/ desenvolvimento pela redistribuição da riqueza já acumulada.


9. Devemos produzir para atender demandas humanas mas sempre dentro dos limites da Terra e de cada ecossistema.


TESOURINHA COM FILHOTEp(1)



10. Pôr sob controle a voracidade produtivista e a concorrência sem limites em favor da cooperação e da solidariedade pois todos dependemos uns dos outros.


11. Superar o individualismo pela colaboração entre todos, pois esta é a lógica suprema do processo de evolução.


12. O bem comum humano e natural tem primazia sobre o bem comum particular e corporativo.


13. Passar da ética utilitarista e eficientista para a ética do cuidado e da responsabilidade.


14. Passar do consumismo individualista para a sobriedade compartida. O que nos sobra, falta aos demais.


15. Passar da maximização do crescimento para a otimização da prosperidade a partir dos mais necessitados.


16. Ao invés de permanentemente modernizar, ecologizar todos os saberes e processos produtivos visando tutelar os bens e serviços naturais e dar descanso à natureza e à Terra.


17. Opor à era do antropoceno que faz do ser humano uma força geofísica destrutiva, pela era ecozóica que ecologiza e inclui todos os seres no grande sistema terrenal e cósmico.


18. Valorizar o capital humano/espiritual inexaurível sobre o capital material exaurível porque o primeiro fornece os critérios para as intervenções responsáveis na natureza e alimenta permanentemente os valores humano-espirituais da solidariedade, do cuidado, do amor e da compaixão, bases para uma sociedade com justiça, equidade e respeito à natureza.


19. Contra a decepção e a depressão provocadas pelas promessas não cumpridas de bem-estar geral feitas pela cultura do capital, alimentar o princípio-esperança, fonte de fantasia criadora, de novas ideias e de utopias viáveis.


20. Crer e testemunhar que, no fim de tudo, o bem triunfará sobre a mal, a verdade sobre a mentira e o amor sobre a indiferença. Um pouco de luz poderá espancar uma imensidão de trevas.


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____________

Leonardo Boff escreveu Opção Terra: a solução da Terra não cai do céu. Record, Rio 2010.

http://leonardoboff.wordpress.com/2014/04/25/vivemos-tempos-de-noe/


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30 de janeiro de 2014

Saíra-douradinha em haicais, haiquases, instantes… – Santino Frezza, Ezio Frezza Filho, Clarice Villac

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Itacolomi

da saíra-douradinha

na pedra menino
                                
                               – Santino Frezza

***
 
em meio às folhagens

a saíra-douradinha –

lampejo de cor…
                             
                          – Clarice Villac
  
***

Douradinha

Mal pousara e já saíra

a danadinha
                                            
                                   – Ezio Frezza Filho
         
 *** 

Saíra-douradinha no Parque Estadual Itacolomi*, Ouro Preto – MG, 01/2014 – foto por Santino Frezza

* Itacolomi = pedra menino, na língua indígena

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20 de dezembro de 2013

Coruja – William Henrique Stutz, foto de Maria de Lurdes Frezza

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Coruja
                                                                    William Henrique Stutz – Uberlândia, MG

                      “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”
                                                               – José Saramago


Tenho fascínio por animais estigmatizados. Carregam em si mitos e lendas. Não bastassem escorpiões, morcegos serpentes e aranhas, parte de meu dia a dia de trabalho, tenho paixão por corujas. Talvez pelo fato de eu mesmo, de vez em quando, ser um outsider. As mães-coruja, estas eu admiro com reservas, pois, normalmente, são dominadoras e acabam criando pestinhas. Cabem exceções. Jamais incorreria em injusta generalização. Pode-se muito bem ser mãe ou pai-coruja no amor, no cuidado, no carinho, sem deixar filho com manhas e sem norte. Pensando bem, as que estragam seus filhos são minorias.

Minha paixão é pelas corujas. Estas aves de rapina imponentes que, além de seres viventes especiais, carregam o peso de forte simbologia, perdendo para poucos representantes do reino animal. Em minhas redes sociais, posto fotos, lá estão sempre presentes. Talvez percam para escorpiões e insetos, com suas cores, formas e belezas escondidas, às vezes, só detectadas por lentes macro, capazes de expor caprichos da natureza em detalhes deslumbrantes.

Como mascotes da divindade grega Athena, corujas conquistaram título de símbolo da sabedoria. Além disso, meu quase homônimo Willian Meng – diferença de uma letra – nos conta: “Os gregos consideravam a noite como o momento do pensamento filosófico e da revelação intelectual e a coruja, por ser uma ave noturna, acabou representando essa busca pelo saber.” Para outros tantos, coruja é sinal de mau agouro, de azar e morte. Pio de coruja então, morte certa por perto. Na idade média, eram vistas como bruxas disfarçadas e, quando davam o azar de serem capturadas, eram amarradas e deixadas presas sem água ou alimento, para morrer em sofrimento.

Cada cultura via a coruja de uma maneira. Os romanos como sinal de derrota em batalha, já os gregos prenunciavam vitórias quando na sua presença. Não existe caracterização de Merlin sem poleiro dela em seu laboratório. Edwiges era o nome da coruja de Harry Potter, que de ruim nada tinha.
Gosto de corujas. Seu canto acalma e embalou anos a fio o sono de meus filhos. Toda noite, minúscula Caburé pousa no telhado de casa e lá fica a piar horas a fio. O dia que não vem, fico apreensivo com seu bem-estar. Sinal de chuva forte ou frio bravo.

Ganho tempo precioso observando corujas buraqueiras cuidando de toca e cria. As acompanho à caça. Certeiras no voo, dificilmente um rato foge de seu ataque. Quando em vez, vejo uma tomando couro de passarinho miúdo em defesa de seus próprios pequeninos. Certa feita, durante captura de escorpiões, descobri toca de coruja em cemitério, jazido abandonado. Quase me matou de susto. Cabeça baixa, cuidando de meu trabalho. Quando levantei o olhar, lá estava a palmo e meio de meu nariz. Arrepiada, asas abertas se fazendo o dobro em tamanho. Caí sentado, coração a mil. Depois, recuperado, apreciei e fotografei a bela em plenitude.

Discretas, silenciosas, fiéis. Assim são as corujas. No Brasil, existem 24 espécies de corujas, muitas ameaçadas. Não carece nem apontar culpados. Pesquisadores em corujas brasileiras relatam: “Um casal de corujas-buraqueiras consome de 12,3 mil a 26,2 mil insetos, e de 540 a 1,1 mil ratos por ano”. Muitos deveriam se espelhar nas corujas. Mais discrição, atenção, préstimo e lealdade.
____________

* imagem: filhotes da Athene cunicularia que estavam reconhecendo o terreno em frente à sua moradia, por Maria de Lurdes Frezza e Santino Frezza.

Para ver fotos de aves por Santino Frezza: http://www.wikiaves.com.br/perfil_sanfrezza

* Mais William Henrique Stutz : http://cerradodeminas.blogspot.com.br/

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26 de novembro de 2013

Vamos proteger as aves e as canelas. Sem maltratar as serpentes! – Santino Frezza

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Ela merece todo nosso respeito !

Apenas, vamos nos defender colocando perneiras,
prestando atenção quando estivermos em seu território,
afinal, os invasores somos nós !

            - Clarice Villac
Vamos proteger as aves e as canelas. Sem maltratar as serpentes!

……………………………………………………………………………. Santino Frezza

Observar aves, seja para fotografá-las ou simplesmente para deleitar-se com belas visões em seu ambiente, é atividade prazerosa que está em alta em todo o planeta.

Por mais lúdico e inocente que possa parecer, o birdwachting – palavra inglesa que nomeia a atividade – em determinadas circunstâncias oferece alguns riscos contra os quais o praticante deve se precaver.

Um deles, e talvez o mais importante, é a picada de serpentes peçonhentas.

O observador de aves, em geral, caminha em meio à vegetação, olhando para o alto, porque é no alto que a maioria das aves são avistadas. E as serpentes peçonhentas habitam, preferencialmente, o solo. Pisar ou passar muito perto de uma delas pode ocasionar um grave acidente.

Dias atrás, um grupo de participantes do GOAC – Grupo de Observadores de Aves de Campinas, eu incluído, caminhava à noite por uma trilha na Mata de Santa Genebra, em Barão Geraldo, à procura de corujas, quando alguém avistou no solo uma jararaca com o corpo dobrado e a cabeça erguida, pronta para dar o bote na altura da canela de quem se aproximasse em demasia.

Caso isso acontecesse e a canela visada estivesse desprotegida, o desastre seria certo. O gênero ao qual pertence a jararaca é o maior responsável por acidentes ofídicos nas Américas, os quais resultam em altas taxas de mortalidade e morbidade.

Proteger as canelas e os pés é algo muito simples e barato. Para os pés, o uso de botinas de couro é essencial. Para as canelas, usa-se a perneira, feita em couro e de baixo custo. Ambos os apetrechos podem ser substituídas por botas de cano alto, de couro ou de borracha. E podem salvar vidas ou pernas.


Santino Frezza
23.11.2013


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1 de novembro de 2013

Nas Alturas – Santino Frezza


BEM-TE-VI ENCHARCADO_santino_frezza

Nas Alturas

                   Santino Frezza

Esses três, um bem-te-vi, um sanhaçu-do-coqueiro e um sanhaçu-cinzento, apanhavam frutas deixadas por alguma boa alma no terraço da cobertura, no 10º andar do prédio vizinho do hotel em que estou “preso” enquanto a chuvarada não dá uma folga.

Levavam pedaços de frutas no bico, provavelmente para filhotes em algum lugar longe dali. Passaram o dia fazendo viagens embaixo de chuva.


SANHAÇU-CINZENTO ENCHARCADO_santino_frezza

Vejam que o bem-te-vi e o sanhaçu-cinzento estão molhados até os ossos. Já o sanhaçu-do-coqueiro está mais sequinho, com apenas algumas gotículas nas penas.

SANHAÇU-DO-COQUEIRO_santino_frezza

Interessante que não havia disputa. Cada um aguardava sua vez na fila.
O bem-te-vi da foto está pousado no parapeito do terraço.
Os outros, em galhos de plantas em vasos no local.

Filho dá um trabalho… Mas vale a pena!

Fiz as fotos a partir da sacada da minha “prisão”, no 11º andar de um hotel em Florianópolis.

Florianópolis, outubro 2013 – Texto e fotos de Santino Frezza.


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Que beleza esta crônica-reportagem de Santino Frezza, fotografada assim com tanta delicadeza !

Achei muito bonito mesmo o conjunto, de grande sensibilidade e também dá bom exemplo para as pessoas das cidades. Pois o que para uma pessoa representa um trabalhinho, de conseguir as frutas e arrumar com jeito para eles comerem, para os passarinhos pode significar a viabilidade da ninhada…
Assim, umas pessoas poderiam compensar, em parte, o que outras destroem…

– Clarice Villac


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21 de agosto de 2013

Haicai – Garça-branca-grande – Clarice Villac, foto de Santino Frezza

 
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reflexo dourado 

no bico da garça-branca – 

o ciclo da vida



 Clarice Villac
20.08.2013
para foto de Santino Frezza:
garça-branca-grande em Laguna, SC.
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2 de agosto de 2013

Busca – Clarice Villac, foto de Santino Frezza

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Busca

Camuflado, silencioso, o grupo ia em zig-zag pela mata.
De súbito aparece o alvo.
Disparam, comemoram:
– Que belas fotos! Lindo tuim!

microconto: Clarice Villac
foto: Santino Frezza – Tuim, em Campinas, SP.

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Um tuim camuflado, silencioso, atacando o alvo: comemora o alimento saboroso.


Uma foto, lindo tuim!

(versão do microconto, por Santino Frezza)

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22 de maio de 2013

Libert-ação: ação que liberta a liberdade cativa – Leonardo Boff


MAITACA VERDEp
Libert-ação: ação que liberta a liberdade cativa
                                                          Leonardo Boff – Petrópolis, RJ
Liberdade é mais que uma faculdade do ser humano, a de poder escolher ou o livre-arbítrio. A liberdade pertence à essência do ser humano. Mesmo sem poder escolher, o escravo não deixa de ser, em sua essência, um ser livre. Pode resistir, negar e até se rebelar e aceitar ser morto. Essa liberdade ninguém lhe pode tirar.
Entre muitas definições, penso que esta é, para mim, a mais correta: liberdade é capacidade de  auto-determinação.
Todos nascem dentro de um conjunto de determinações: de etnia, de classe social, num mundo já construído e sempre por construir. É a nossa determinação. Ninguém é livre de alguma dependência. Ela pode ser uma opressão como o trabalho escravo ou o baixo salário. Ao lutar contra, exerce  um tipo de liberdade: liberdade de, desta situação. É a luta por sua in-dependência e  autonomia.   Ele se auto-determina: assume a determinação mas para superá-la e ser livre de, livre dela.
Mas existe ainda um outro sentido de liberdade como  auto-determinação: é aquela força interior e própria (auto) que lhe permite ser livre para, para construir sua própria vida, para ajudar a transformar as condições de trabalho e para criar outro tipo de sociedade onde seja menos difícil ser livre de e para. Aqui se mostra a singularidade do ser humano, construtor de si mesmo, para além das determinações que o cercam. A liberdade é uma libert-ação, vale dizer, uma ação autônoma que cria a liberdade que estava cativa ou ausente.
Estes dois tipos de liberdade ganham uma expressão pessoal, social e global.
Em nível pessoal a liberdade é o dom mais precioso que temos depois da vida: poder se expressar, ir e vir, construir sua visão das coisas, organizar a vida como gosta, o trabalho e a família e eleger seus representantes políticos. A opressão maior  é ser privado desta liberdade.
Em nível social ela mostra bem as duas faces: liberdade como independência  e como autonomia. Os países da América Latina e do Caribe ficaram independentes dos colonizadores. Mas isso não significou ainda autonomia  e libertação. Ficaram dependentes das elites nacionais que mantiveram as relações de dominação. Com a resistência, protestação e organização dos oprimidos, gestou-se um processo de libertação que, vitorioso, deu autonomia às classes populares, uma liberdade para  organizarem outro tipo de política que beneficiasse os que sempre foram excluídos. Isso ocorreu na América Latina a partir do fim das ditaduras militares que representavam os interesses das elites nacionais articuladas com as internacionais. Está em curso um processo de libert-ação para, que não se concluiu ainda mas que fez avançar a democracia nascida de baixo, republicana e de cunho popular.
Hoje precisamos também de uma dupla libertação: da globalização econômico-financeira que explora mundialmente a natureza e os países periféricos, dominada por um grupo de grandes corporações, mais fortes que a maioria dos Estados. E uma libertação para uma governança global desta globalização que enfrente os problemas globais como o aquecimento, a escassez de água e a fome de milhões e milhões. Ou haverá uma governança colegiada global ou há o risco de uma bifurcação na humanidade, entre os que comem e os que não comem ou padecem grandes necessidades.
MAITACA VERDE1p
Por fim,  hoje se impõe urgentemente um tipo especial de liberdade de e de liberdade para. Vivemos a era geológica do antropoceno. Isto significa: o grande risco para todos  não é um meteoro rasante, mas a atividade irresponsável e ecoassassina por parte dos seres humanos (ántropos). O sistema de produção imperante capitalista, está devastando a Terra e criou as condições de destruir toda a nossa civilização. Ou mudamos ou vamos ao encontro de um abismo. Precisamos de uma liberdade deste sistema ecocida e biocida que tudo põe em risco para acumular e consumir mais e mais.
Precisamos também de uma liberdade para: para ensaiarmos alternativas que garantam a produção do necessário e do decente pra nós e para toda a comunidade de vida. Isso está sendo buscado e ensaiado pelo bien vivir das culturas andinas, pela ecoagricultura, pela agricultura familiar orgânica, pelo índice de felicidade da sociedade e outras formas que respeitam os ciclos da vida. Queremos  uma biocivilização.
Como cristãos precisamos também libertar a fé cristã de visões fundamentalistas, de estruturas eclesiásticas autoritárias e machistas para chegarmos a uma liberdade para as mulheres serem sacerdotes, para os leigos poderem decidir junto com o clero os destinos de sua comunidade, para os que têm outra opção sexual. Precisamos de uma Igreja que, junto com outros caminhos espirituais, ajude a educar a humanidade para o respeito dos limites da Terra e para a veneração da Mãe Terra que tudo nos dá.
Esperamos que o Papa Francisco honre a herança de São Francisco de Asssis que viveu uma grande liberdade das tradições e para novas formas de relação para com a natureza e com os pobres.
A luta pela liberdade nunca termina, porque ela nunca é dada mas conquistada por um processo de libert-ação sem fim.
_________________
** fotos de Santino Frezza: Maitacas Verde, em liberdade na Mata de Santa Genebra (Unidade de Conservação Federal), Campinas, SP, maio 2013.
Para ver mais fotos de aves por Santino Frezza: http://www.wikiaves.com.br/perfil_sanfrezza

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21 de maio de 2013

Macacada – Clarice Villac, foto de Santino Frezza


MacacoStagenebra
Macacada

Bela mata preservada
bem no alto do arvoredo
bando de macacos-prego
em animado folguedo
sobe lá, pula adiante
alegria saltitante !
Que vivam sempre em sossego !

setilha de Clarice Villac para foto de Santino Frezza – macaco-prego na Mata de Santa Genebra, Campinas, SP19/20.05.2013
Para ver fotos de aves por Santino Frezza: http://www.wikiaves.com.br/perfil_sanfrezza

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